Prólogo

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Prólogo

O

 inverno estava rigoroso, a neve caía lá fora cobrindo toda a paisagem. As lindas flores estavam cobertas por uma espessa camada de neve, nada se via no horizonte além de um imenso tapete branco. A lareira estava acesa e Kate Romero encontrava-se deitada sobre o carpete perto dela tentando não congelar, como em seu quarto não havia uma, suas costas estavam começando a reclamar por ter de dormir no chão mais uma noite. Não tinha dinheiro para comprar um aquecedor e enquanto o inverno não passasse iria ter que enfrentar aquela situação. O som estridente do telefone despertou-a de seu cochilo. Pensou se realmente valeria à pena ter que levantar dali, estava tão quentinho, mais o danado não parava de tocar, só poderia ser algo importante, então serrando os dentes de frio levantou e atendeu.

—-Alô!

—Até que fim querida pensei que fosse me deixar esperando.

Um frio repentino contorceu-lhe o estômago e não era o frio causado pela baixa temperatura e sim por reconhecer quem estava falando do outro lado da linha. Jamais esqueceria aquela voz mesmo que se passassem mil anos.

—Alô, Kate você está ai?

—Nikos?

—Oh céus, sim sou eu e gostaria de lhe pedir por gentileza para abrir a porta.

—Como?

—Estou aqui fora e vou acabar congelando.

O telefone escorregou por suas mãos até alcançar o chão. Não entendera bem, o que Nikos estaria fazendo do lado de fora de sua casa? Para se certificar que se enganara fora até a porta, ao abri-la sentiu um arrepio percorrer seu corpo. O homem alto passou por ela sem ser convidado a entrar.

—O que você está fazendo em minha casa?

—Você quis dizer minha casa?

—Não, esta casa é minha, herança do meu pai.

—Vejo que o advogado de seu pai não lhe deu a notícia.

—Que notícia?

—Será que posso ao menos me instalar e levar minhas malas lá para cima?

Agora ela se dava conta do monte de malas que havia do lado de fora.

—Claro que não, quero uma explicação agora ou você não dará nem mais um passo.

—Será?

Ele se aproximou e o coração dela disparou a química era visível ali, parecia que saiam faíscas dos olhos de ambos. Ele tinha o corpo muito próximo ao dela, com certeza Nikos ouvia a respiração irregular de Kate e se chegasse ao menos uns centímetros mais perto suas bocas se tocariam, mas ele resolveu recuar.

—Sabia que você iria querer uma explicação.

—Estou esperando.

—Acho bom você fechar esta porta.

—Quem me garante que eu estarei segura aqui dentro com você?

—Não seja tola!

A contra gosto ela fechou a porta, passou bruscamente por ele e foi se instalar perto da lareira.

—Posso?—Ele apontava para umas almofadas perto dela. —Acho que vou ficar resfriado. Posso ficar perto da lareira?

Kate não respondeu e assentiu com a cabeça.

—Fale logo e vá embora.

Calmamente ele abriu uma pasta que trazia na mão retirou uns papéis e entregou a ela.

—Leia e encontrará a resposta que deseja tanto.

Ele subiu as escadas retornando meia hora mais tarde. Kate estava parada no mesmo local. Buscou os olhos dele. A explicação para a presença dele ali ela já sabia, mas queria ouvir da boca dele o por quê fizera isso com ela.

—Acho que você não sabia das dívidas de jogo que seu pai tinha.

—Não!—Fora a resposta seca.

—E então?

—Por que você comprou esta casa?

—Não está óbvio?

—Não!

—Comprei-a para nós!

—Nikos não existe um nós!

—Mas há pouco tempo atrás existiu. Gostaria de saber onde é seu quarto!

—Para que?

—Quero me instalar lá.

—Não me faça rir, você não vai dormir no mesmo quarto que eu.

Kate levantou e subiu as escadas com Nikos em seus calcanhares. Andou por todo corredor e parou a uma distância segura do seu quarto.

—Aqui será seu quarto.

—Eu sou o dono desta casa e durmo aonde quiser. Onde fica seu quarto eu perguntei, não vou ficar aqui essa cama é muito pequena.

—Não precisa jogar na minha cara que você é o dono desta mansão. Tudo bem!—Ela voltou todo o percurso que havia feito no longo corredor. —Aqui é meu quarto... ou me desculpe aqui é o seu quarto!

Ela voltou novamente para o final do corredor só que desta vez correndo, lágrimas de ódio escorriam teimosa mostrando que se sentia derrotada.

Você de VoltaOnde histórias criam vida. Descubra agora