Escócia

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Julian

Parecia que uma corrente elétrica estava passando por minhas veias, era a explicação mais fácil que eu conseguia dar. Existia algo naquela mulher que me atraía, certo ou errado, por mais que eu tentasse, meus pensamentos sempre voltavam pra ela, aqueles olhos tempestuosos e tão azuis que por algum motivo me fazia pensar em gelo, seus cabelos loiros e longos, seu nariz bem feito e aquela boca, CÉUS, aquela boca tão desenhada, me levava ao inferno cada dia de manhã quando ela começava a me passar ordens, aquela mulher mandando em qualquer coisa, meu deixa tão fora de mim que não consigo entender como ela nunca percebeu nada. E tinha aquele corpo que nossa... Eu a olhava e só conseguia pensar em como ela parecia uma deusa grega, uma criada exclusivamente pra me levar a loucura, as curvas, as penas grossas, a bunda, os seios que me faziam salivar quando estavam em certos decotes, todo o conjunto dela me deixava babando - em todos os sentidos.

Respirei profundamente quando finalmente pousamos, eu confesso que além de conhecer o meu pai, uma parte minha espera que ela conheça outro lado meu, que ela se interesse por mim, o homem além do assistente, quando ela me falou sobre a viagem, algo martelava em meu coração, minha mente e meu corpo que eu precisava vir. 

Do aeroporto de Glasgow para a cidadezinha de Glencoe ainda demoraria cerca de 1:30 minutos de carro, por sorte, já havia alugado um a pedido da Amanda.

- Você se importa de dirigir? - Amanda quebrou o silêncio quando já estávamos com as chaves do carro em mãos. 

- Então vou poder ir com você? - Brinquei, tentando amenizar o clima que tinha ficado. 

- Eu não sou tão sem coração assim, Julian, nós vamos pra mesma cidade, você pega um táxi de onde vou ficar pra casa do seu pai. - Ela fala daquele jeito mandona de sempre e nunca que contestaria 

Guardamos as bagagens no porta-malas e seguimos viagem, sua playlist variada toca no som do carro. Já tinha me dado conta de como ela gosta de música mas essa viagem está me fazendo conhecê-la um pouco melhor e só por isso já posso dizer que valeu a pena, além é claro de usar letras de músicas pra tentar dar pequenas dicas pra quando chegar a hora certa não poder dizer que não avisei, eu sei que ela está entendendo e fazendo que não, eu sei que sou só seu assistente, mas quando eu der um beijo que seja nessa mulher, ela vai ser minha.

Aproveito inclusive pra soltar mais uma das minhas músicas com sentido nada oculto.

- Você gosta de Shaw Mendes? - Pergunto como quem não quer nada. 

- Com certeza, acho que já deve ter tocado alguma dele aqui no carro. - Ela está encarando a paisagem com certa animação, sequer se dá o trabalho de olhar pra mim.

- Posso colocar uma dele que gosto muito? 

Ela me olha mais uma vez com suspeita, como disse, ela já sacou a minha, ainda assim me pergunta a música pra poder pesquisar. 

Quando começa a tocar " There's Nothing Holdin'Me Back" do Shaw Mendes, eu consigo ver o sorrisinho que ela tem nos lábios, bem, o que posso dizer? Ponto pra mim então.

É isso querida, não há nada me impedindo, e eu estou jogando esse jogo pra ganhar. 

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Amanda

A viagem entre o aeroporto e a cidade de Glencoe foi relativamente fácil, além é claro de continuar confinada com Julian e toda sua presença e ouvir mais uma de suas músicas com sentido duplo, aproveitei a paisagem, fiz alguns vídeos, eu estava no céu. 

Até agora a espera, as dores nas costas e o sono estavam valendo a pena, apenas naquele trecho conseguia ver as montanhas e vales exuberantes que eu tanto sonhei em conhecer, meu coração batia acelerado, minhas mão tremiam parecia que um cobertor quentinho tinha sido colocado sobre mim em um dia frio de inverno, o que é meio irônico já que fora do carro a neve cai sem parar, deixando um cobertor branco pela vegetação. 

Meu Natal InusitadoOnde histórias criam vida. Descubra agora