Meu Natal Inusitado

Bom dia.

Julian
 Acordei sentindo um desconforto no braço e com um pouco de calor, levei um instante pra me lembrar de onde eu estava e olhar pro lado, Amanda repousava no meu braço, as pernas entrelaçadas com a minha,  minha mão também estava na sua cintura, não pude evitar sorrir, vê-la ali ao alcance do meu toque, lembrar de tudo que fizemos, do jeito que ela me olhava, tocava e gemia, céus, eu já podia sentir meu pau fisgar de novo, mesmo depois de termos ido dormir tarde depois de transar mais duas vezes. Seu rosto estava sereno e ela parecia tão em paz, não sabia como ela agiria depois do que fizemos, se iria cair de cabeça igual a mim ou iria querer fingir que não existiu, a tarde e noite de ontem pareciam um sonho a parte, um momento de curtição pra ela, já que estávamos presos, então parte de mim não queria que ela acordasse, o medo tomando conta, não era só sexo que eu queria com ela, eu sabia disso e ela me tinha em mãos, poderia sair magoado disso rapidamente, temia que fosse exatamente isso que fosse acontecer. Respirei fundo tentando pensar  positivo, se não fosse agora, eu poderia continuar tentando conquistá-la, eu só torcia pra ela não me excluir de vez.

Subi a mão que estava em sua cintura pra tirar uma mexa que estava sobre seu rosto, acompanhei tocando levemente sua testa, nariz e boca esculpida. Não me preparei pra emoção que me tomou quando ela abriu os olhos azuis pra mim piscando sonolentamente, tão linda, meu coração passou a bater fortemente de novo e se esses dias estão servindo de alguma coisa é pra mostrar que meu coração é saudável e forte, parece que ele vai simplesmente rasgar meu peito a qualquer momento, continuo o carinho por seus cabelos e braço, não evito o sorriso que surge na minha boca, certeza que estou olhando com cara de bobo, que seja. 

- Madainn mhath! - Digo "bom dia" em gaélico, por que vou usar toda e qualquer arma que estiver ao meu alcance e percebi que ela gostou quando falei antes.

- Que língua é essa? Gaélico? - Ela se espreguiça levemente, sem conter a curiosidade. Apenas aceno a cabeça concordando. - Não sabia que você falava.

- Eu gosto de conhecer novas línguas, mas quando eu era mais novo, minha mãe sempre falava, achei que tinha haver com sua viagem, que era importante pra ela, então aprendi, as vezes sai sem que eu perceba, chega a ser estranho. - Expliquei.

- Hm, nunca tinha ouvido você falar antes. - Ela diz, agora me olhando atentamente, não reclamou quando minha mãe voltou a fazer o carinho, então continuei.

- Eu fico sempre atento pra não cometer o deslize, no trabalho eu tenho que focar duas vezes mais, mas tenho certeza que já falei alguma vez, você que não prestou atenção. - Aproveito pra provocá-la um pouco.

- Eu talvez seja meio workaholic - Ela olha pra mim com um sorrisinho de lado, meio debochado. Linda!

- Talvez? Meio? Acho que você está se subestimando. -Brinco e ela ri levemente.

-Sim, sim, é verdade. Mas qual a tradução da frase?

- Apenas disse bom dia.

- Ahhh, faz sentido. Bom dia pra você também.

Ri com seu bom humor, um pouco aliviado por não ter sido expulso da cama. O tempo lá fora parece que deu uma trégua, talvez consiga sair pra buscar alguma roupa.

-Posso confessar uma coisa? - Perguntei baixinho, bem próximo dela.

- Hum? - Ela me olhou, enquanto também passou a traçar padrões pelo meu corpo

- Não queria ter que levantar daqui. - Sussurei, arriscando muito, com coração desesperado.

Ela parou o movimento por um instante, acho que prendi a respiração, temia que qualquer frase minha fosse acordá-la e ela me afastaria. Mas ela voltou a desenhar os padrões e sorriu levemente, fiquei um pouco ofegante depois que soltei a respiração.