Epílogo - Parte I

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Porra, está frio aqui

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Porra, está frio aqui.

Apertei os punhos. O som de metal ecoou no ambiente me fazendo olhar pela milésima vez para todas as entradas da casa.

Primeiro as portas, da entrada e da área de serviço. Não deveria ser possível vê-las dessa posição, mas convenientemente a parede de tijolos que separava a cozinha da sala tinha um buraco enorme.

Dormir no chão se tornou uma necessidade, ainda que não conseguisse fazer isso por mais do que algumas poucas horas.

Nessa posição no chão só não era possível ver a janela do cubículo horrível que o proprietário chamava de quarto.

Para a minha sorte, as janelas do banheiro e do quarto não abriam. O canto esquerdo da sala se tornou o único lugar que mantém o intruso em mim quieto o suficiente para algum tempo de sono.

Me virei irritado para o outro lado, tentando relaxar a mente, mas nada seria capaz de me fazer ignorar o jornal largado ao lado do colchão.

Dez dias seguidos.

A mesma frase na sessão de obituários.

Suspirei vencido antes de me sentar sobre o colchão, com as costas na parede.

Não havia dúvida. Era ela querendo falar comigo.

Passei as mãos pelo rosto antes de jogar todo o cabelo para trás e prendê-lo com um resto de elástico que tinha no pulso.

O par de olhos verdes saltou na minha mente, em várias versões diferentes me fazendo fechar os pulsos sobre os joelhos.

Tudo que fiz a ela me fazia desejar conseguir puxar o gatilho com a arma na boca.

Malditos. Até isso tiraram de mim.

Eu nunca me perdoaria por tudo que aconteceu, e colocar uma trava de segurança na minha mente me impedindo de me matar ou me colocar em risco de vida era a pior das minhas torturas.

Me levantei irritado e fui até a janela, procurando ignorar os pensamentos me remoendo por dentro.

Ao longe, a velha igreja badalava o sino, em meio a tantos prédios que pareciam novos em meio ao museu a céu aberto que é Bucarest.

Por algum motivo, o verde dos faróis trouxe a visão dos verdes à minha mente mais uma vez.

Os olhos brilhavam em antecipação enquanto envolvia a sua cintura com as minhas mãos. Seu corpo se ajeitou sobre o meu, enquanto as suas mãos percorriam a junta do meu ombro com o braço de metal.

Seu toque era lento, suave. Há muito que eu não sabia o que era isso.

- Ne dolzhen byl etogo delat' [Não devia ter feito isso] – suspirei vencido conseguindo fazer a minha voz ser ouvida pela primeira vez em anos.

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