05 - Veneno

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Lennon Frasseti

Luma sentou no chão do meu quarto e abraçou as próprias pernas enquanto eu permaneci ali imóvel encarando o chão. Nós dois ficamos oito meses juntos e nesse meio tempo falamos poucas vezes sobre filhos, lembro dela ter mencionado uma vez que tinha sonhado com um moleque, mas acabou virando piada. Luma era durona, não fazia a linha de chorar na frente de qualquer um, ela tinha problemas com os pais, brigavam o tempo todo e depois que começou a se envolver comigo só piorou.

Luma: Eu voltei a beber - ela falou depois de um tempo em silêncio. - e o cigarro, tenho sempre um maço na bolsa.
Lennon: Você não pode ta fazendo isso de novo mano.
Luma: É o meu jeito de lidar com as coisas, não tenho mais você por perto pra me ajudar a lidar com tudo.

Flash black
Luma Medeiros
📍 Hospital Israelita Antônio Medeiros , RJ.

Soltei a fumaça do cigarro pela boca e sentir o vento frio tocar a minha bochecha, no meu relógio de pulso marcava 16:56 e o tempo ameaça chover.
Só largaria o plantão lá pelas 19h, já tinha mais 24h dentro desse hospital ,mas era melhor do que estar em casa. Meu celular apitou e eu vi uma mensagem do Matheus brilha na tela, pediatria estava lotada e ela precisava da minha ajuda com alguns pacientes.
Apaguei o cigarro e coloquei um chiclete na boca, passei pela porta e entrei no elevador. Olhei a lista de pacientes que ele tinha me mandando e respirou fundo, peguei um café assim que sair do elevador e em seguida um tablet.

Luma: Maria dos Santos Barbosa Frassetti - li o nome da primeira paciente e vi o diagnóstico de gastroenterite na ficha. Puxei a cortina a sorrir amigavelmente. - Oi, sou a Doutora Luma, prazer, você é a Maria ?
Maria: Uhum , eu posso ir embora?
Silvana: Sou a Silvana mãe dela , o que ela tem?
Lennon: Já tem mo cota que estamos aqui po
Luma: Maria, você tá com gastroenterite é uma inflamação bem chatinha que dá no estômago.
Infelizmente eu não vou poder te liberar hoje - olhei para a mãe dela - Ela está bem desidratada e sentindo fortes dores no estômago, o ideal é que ela fique internada mais ou menos uns 5 dias para estabilizar o quadro clínico.
Maria : Mãe eu não quero - começou a chorar, por isso eu larguei a residência em pediatria, não aguentava ver uma criança chorando.
Lennon: Mano, não tem outro jeito ? Um outro remédio sei lá
Luma: Seria muito arriscado , alguém da família está com os mesmo sintomas ?
Silvana: O Lennon
Lennon: Eu já tô bem mãe
Silvana: Não tá nada, nem sei como tá em pé
Luma: Deixa eu te examinar.
Lennon: Tô numa boa
Luma: Homem é pior que criança , sabia Maria ?!
Maria: Ele é muito teimoso
Luma: Pode ficar tranquila, você vai ficar boa rapidinho. - sorrir - Daqui a pouco uma enfermeira vem aqui para iniciar as medicações, te mudar de lugar e vem uma moça para sua mãe assinar alguns papéis.
Maria: Você vai ser a minha médica?
Luma: Todos os dias não , mas eu venho te ver.
Maria : Tá bom.
Luma: Quando você quiser ser atendido é só ir ali e fazer a ficha, licença. - sair e puxei a cortina.
Lennon: Não gostei dela - ouvir ele falar e revirei os olhos.
Silvana : Eu gostei.

Lennon Frasseti
Dias atuais
📍 Barra da Tijuca, RJ.

Lennon: eu não - fiquei sem saber o que falar, tinha vacilado feio com ela e não via jeito para concertar.
Luma: Não precisa falar nada , sou a única responsável pelas expectativas que eu criei, melhor eu ir embora. - ela levantou e passou a mão no rosto limpando as lágrimas.
Lennon: Espera
Luma: Eu não tenho mais nada para falar Lennon e pelo visto você também não, se cuida.
Lennon: Você também. - observei ela sair pela porta do meu quarto, toda a cena parecia estar em câmera lenta. Pela primeira vez desde que nos reencontramos eu parei para observa lá, o cabelo estava maior e mais claro, ela estava mais magra , acredito que por conta de todos os acontecimentos, mas continuava linda para caralho.
Sentei na cama e levei as mãos até a cabeça.
Leo: Qual foi mano? - parou na porta do quarto - a lulua passou por mim feito furacão
Lennon: Ela tava grávida e perdeu nosso filho por minha causa.

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