A situação de Dante com Agatha melhorou muito depois do café, voltaram a conversar novamente e ele deixou de fugir dela, mas agora, quem estava sendo evitado era Arthur.
Mesmo que tenha dito que explicaria a situação para ele, Dante não conseguia fazer isso.
— Uma hora ou outra você vai ter que encontrar ele — Agatha estava deitada na cama enquanto pintava as unhas de preto e conversava por chamada de vídeo.
— Mas como eu explico para ele? — Dante estava aflito a alguns dias. Andava pelo seu quarto em círculos para seu corpo ficar tão agitado quanto a mente.
— Você só tem duas opções, arruma uma forma de contar a verdade ou mente para o Arthur.
— Não vou mentir.
— Então se vira, moleque — Agatha se distrai por um momento, parando para ver uma foto de Eduarda e Hugo fazendo cosplay de Força G que lhe mostrará.
— Me ajuda! — Ele estava desesperado, andava cada vez mais rápido e seu tapete já começava a ficar com as marcas de seus passos.
— Eu estou tentando, mas você não aceita nenhum dos meus conselhos! Se não vai mentir, arruma uma forma de contar a verdade. Não precisa ser a verdade verdadeira absoluta, invés de você falar que me chantageou, fala que fizemos uma troca ou sei lá.
— Eu não sou bom em usar eufemismo.
— Eu o que?
— Eufemismo.
— Que isso?
— Uma figura de linguagem.
— O que é figura de linguagem?
— Você está estudando essa matéria em Português!
— Serio? Eu achei que ainda estava estudando substantivo.
— Meu deus — Dante lamenta baixinho — Vamos voltar para o assunto, eu não sei amenizar uma situação.
— É só você falar como se estivesse prestes a avisar algo para uma criança de 6 anos. Tipo, você não vai falar algo como "Seu tio morreu e está enterrado 7 palmos abaixo da terra", você diz "Ele virou uma estrela", entende?
— Mas como se ameniza uma chantagem?
— Ai é com você.
Dante coloca a mão nos olhos e se joga na cama, decepcionado.
— Por que eu inventei de fazer isso... — Reclama.
— Isso é algo que eu queria saber — Logo Agatha parou de pintar as unhas e se ajeita na cama, começando a prestar mais atenção na ligação e aumentando o volume para ficar fácil dele escutar — Por que você me chantageou em troca de chantagear o Joui? Eu até entendo que tirar proveito dos outros é legal, eu mesma faço isso várias vezes, mas o que você ganha fazendo o Joui fingir que gosta de um cara aleatório?
— Foi uma bobeira! Eu achei que se o Joui começasse a tratar bem o pessoal da escola dele, ele deixaria de se incomodar tanto comigo e com o Arthur.
— Ah?
— Eu posso conversar normalmente com qualquer amigo nosso, mas logo com o Arthur eu não posso dar um piu que o Joui já chega todo cheio de ciúmes. Eu só consigo minimamente conversar com o Tutu quando eu estou na casa dele para o ajudar a estudar, mas neste momento a gente nem pode jogar conversa fora porque eu tenho que explicar as matérias. Na minha cabeça, se o Joui começasse a conversar mais com o pessoal da sala dele, ele deixaria de ligar tanto durante a aula e aí eu poderia finalmente conversar com o Arthur nos intervalos.
— Serio que você chegou nessa linha de raciocínio?
— Sim — Dante estava com vergonha e enfiava cada vez mais a cabeça em seu travesseiro.
— Um raciocínio tão egoísta...
— Foi!
— Motivado pelos seus próprios desejos...
— Né?!
— Colocando os sentimentos e o futuro de outra pessoa em jogo para ter proveito próprio e satisfazer seus próprios sentimentos...
— Agora você está exagerando um pouco.
— Simplesmente genial! — Ela fala completamente animada com a situação.
— Que?
— Deu certo, ainda por cima. Desde aquele encontro falso o Joui começou a parar de ligar para o Arthur e o César durante as aulas, certo? Com certeza deve estar convivendo melhor com sua turma e até com o Nathaniel. Você é um gênio, Dante!
— Não, eu não sou — Ele fica irritado com a reação repentina de Agatha — Eu sou egoísta, eu nem me importei sobre como o Joui e o Arthur iam se sentir sobre isso.
— Idai, Dante? Você teve uma ação egoísta, ponto. Não se tornou uma pessoa ruim por causa disso. Além de que, não foi somente o egoísmo que te motivou, foi a vontade de conversar com o Arthur, o que sinceramente é super fofo, né não?
— Não é não!
— Sim é sim!
— Ah! — Dante fica morrendo de vergonha e raiva ao mesmo tempo, tendo um mini surto dentro de seu quarto, esquecendo de ser chamada por um segundo.
Agatha aproveitou o momento para desligar a ligação e reparar no seu convidado.
Arthur estava sentado ao seu lado na cama, tinha ouvido a ligação inteira e assim como Dante estava morrendo de vergonha.
— Eu não deveria ter ouvido isso... — Ele fala baixinho, ao mesmo tempo que sentia ter invadido a privacidade do Dante, estava muito feliz que não tenha saído do quarto quando a ligação terminou.
Agatha estava com o sentimento de dever cumprido, conseguiu acabar com o maior bololô existente e ao mesmo tempo suas unhas tinham ficado lindas.
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Era Para Você Dizer Não!
FanficJoui foi desafiado a dizer sim para a próxima pessoa que lhe convidasse para um encontro. Ele só não esperava que essa pessoa era seu pior inimigo.