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Pedro.
Eu o olho por um longo momento, sem acreditar em nada. Não sinto meu corpo, e o vazio no peito se dá lugar à uma bomba de sentimentos.
Começo a o encarar.
Meu Deus.
Ele está exatamente como antes.
Meus lábios formam um sorriso triste, enquanto continuo o encarando intensamente.
Seus cabelos não estão tão bagunçados assim. Ao contrário de antes, quando ele vivia com eles bagunçados.
Cada formato, cada coisinha nele está a mesma, tento ignorar a vontade de chorar.
Será que ele se lembrou? Tenho certeza que não.
Seu nariz e suas bochechas estão vermelhas, provavelmente por conta do frio e da neve. Seus lábios estão perfeitamente rosados. Sua silhueta está a mesma, e os músculos parecem estar minimamente mais fortes.
Eu nunca o vi tão lindo, senhor.
A saudade e a vontade de agarrá-lo se torna tão grande que mais um pouco, se estivesse sentindo meu corpo, eu faria o que tenho vontade.
Meu deus, ele está perfeitamente lindo.
É como se cada pedacinho da minha ferida estivesse se cicatrizando, é como meu corpo tivesse despertado, acordado de um longo coma.
- Desculpa...eu te conheço? - ele franze levemente o cenho, dando um sorrisinho logo depois.
O impacto parece ser mais forte do que o de três anos atrás. Pois é, ele não se lembra mesmo.
Segurando a mesa com força, tento formular alguma resposta.
Eu só posso estar tendo algum tipo de visão, miragem, ou sei lá. É muito perfeito para ser ele, é mais que isso.
Eu me arrepio ao me lembrar de todas as coisas que já passamos juntos, tudo por causa de uma miserável festa. Mas eu não mudaria nada.
Não posso colocar a culpa nele sobre o acidente. Não sei se ele sabe sobre isso. Mas as tatuagens estão as mesmas.
Aquilo me quebrou em vários pedaços, mas mesmo diante de uma revelação terrível, eu não consigo simplesmente esquecê-lo.
