Depois de alguns minutos, a mais nova futura avó estava sentada ao lado de Cyno, que acabava de levantar do chão.Todos estavam em choque com a situação, principalmente porque Tighnari estava chorando desesperadamente dizendo que não estava pronto para ter um filho.
— Você comeu a fruta, filho?.- O senhor tentava entender a situação.— Mas nem é época..
— Por que eu comeria!?!? Eu não faço ideia de onde essa coisa cresce!!!
Cyno ainda estava voltando a si, o baque foi muito até para o general.
— Fala alguma coisa, mulher! Você não fechou essa boca desde que a gente se casou e na hora que nosso filho mais precisa você fica aí com cara de porta!?.- Pela primeira vez, o pai de Nari se exaltou.
A madame se assustou, mas as palavras do marido entraram fundo em sua mente.
Ela se levantou e puxou sua cria para seus braços.
— Você tem que se acalmar, filho.. não vai adiantar nada agora, só resta se acalmar.- Parecia que ela estava se segurando para não surtar.— Cyno?
A matriarca olhou para o general, esperando qualquer reação dele.
— Podem nos deixar a sós por um momento?.- Ele pediu calmamente, o casal assentiu, deixando o cômodo depois de darem um beijo no orelhudo.
O silêncio estava pairando, Cyno parecia estar tentando juntar as palavras em sua mente.
— Nari...
— O que!? O que vamos fazer!? Eu fui irresponsável, agora temos que arcar com essa consequência!! Sabe quais eram as chances disso acontecer!? Menos de um porcento!!!.- O orelhudo disse exaltado.
Cyno o abraçou, afagando sua cabeça.
— Eu sei que você esteve receoso sobre filhos esse tempo todo, sei que não era isso que você queria e também estou ciente que a decisão é sua de manter essa gravidez.. mas eu confesso que estou sendo um pouco egoísta, nunca estiver tão feliz.. é como se eu estivesse te conhecendo uma segunda vez.
O orelhudo parecia estar se acalmando.
— E se eu for uma péssima mãe!? E se esse bebê me odiar!? E se eu não amar ele?!
Todas essas perguntas fizeram Cyno sorrir, ele olhou nos olhos do seu amado, dizendo:
— Só tem um jeito de descobrir, nós vamos aprender juntos...- Cyno beijou a testa do orelhudo.- Você acha que eu não estou com medo? Eu sou um troglodita, mas eu vou amá-lo com cada parte minha.. falta um braço, mas meu outro vale por dois!
Tighnari riu sem perceber, ele apertou o general, expressando cada sentimento naquele momento.
— É a primeira vez que você ri de uma piada minha.- Cyno segurou o rosto do orelhudo com as duas mãos, apertando suas bochechas.
— Eu estou tão apavorado, somos jovens e inexperientes..
— Acho que é normal se sentir assim, mas essa criança é fruto do nosso amor, Tighnari, não tem como dar errado.- Ele beijou o orelhudo, depois de limpar as lágrimas que escorriam de seu rosto.
Assim que eles terminaram de se beijar, a porta se abriu, derrubando um casal que provavelmente estava tentando ouvir a conversa.— Vocês não aprendem mesmo, não é?!.- Nari trucidou os pais com um olhar assassino.
— Desculpe.. não conseguimos evitar.- A madame se aproximou.— Queremos que vocês saibam que estamos aqui para tudo que precisarem, estamos tão felizes...
O pai de Nari cutucou a esposa, como se ela estivesse esquecendo de dizer alguma coisa.
— E... queremos pedir desculpas por ter colocado tanta pressão encima de você, nós te amamos e deveríamos ter sido mais cuidadosos.
Tighnari abraçou os pais, fazendo a madame chorar também.
O pai de Nari puxou Cyno para juntá-lo ao abraço.
— Somos uma família, todos nós.- O senhor disse alegremente.
— Mal vejo a hora de organizar o casamento!.- No meio do momento feliz, a madame disse tal frase que fez todos recuarem.
— Casamento!?.- Tighnari e seu pai disseram em uníssono.
— Você vai parir fora do casamento!?.- E a discussão estava feita mais uma vez.
Antes que pudessem destruir o momento, Cyno interviu.
— Por favor, peço que deixem eu e o filho de vocês decidirem sobre isso. Tighnari está muito nervoso e agora não é o momento para falar sobre isso, vamos nos casar quando chegar a hora.- O General impôs respeito e firmeza, fazendo o casal calar a boca quase que de imediato.- Deixem ele descansar agora, afinal, é o MEU filho que ele está carregando.
— Você nunca me defendeu assim dos meus pais...- A mãe de Nari disse ao marido, que a arrastou para fora.
Num passe de mágica os pais corujas estavam longe, o orelhudo respirou aliviado, voltando para o quarto.
Assim que Cyno confirmou que Tighnari não estava olhando, ele pulou de alegria, até mesmo fazendo uma dança esquisita e animada.
— Cyno?.- A voz do orelhudo o chamou.
Quase tendo um infarto, o general parou sua comemoração e voltou para o quarto, sério e contudo.— Sim?.- Ele entrou no cômodo, se sentando ao lado do orelhudo.
— Você acha que a gente consegue?.- Nari encostou a cabeça no ombro do general.
Cyno pensou em dizer muitas coisas, tantas palavras passaram por sua mente, mas nenhuma delas teria o significado suficiente para se encaixar nesse momento.
— Tighnari, seu patrulheiro grosso e cabeça dura, eu te amo.- O general segurou a mão de Nari.- Não tem nada nesse mundo que a gente não consiga fazer, você é um homem e engravidou!
— Você realmente tá tentando fazer piada disso!?.- O patrulheiro beliscou Cyno.— se essa criança nascer com seu senso de humor.. eu jogo ela pros crocodilos!!
Cyno se assustou com o comentário, principalmente porque ele não era muito bom em lidar com ironia.
— Eu tô brincando!.- O orelhudo se explicou.- Eu também posso ser engraçado..
— Deixa as piadas pra mim, por favor.- Ele abraçou Nari, dando uns tapinhas nas costas.
O orelhudo levantou seu olhar para os lábios de Cyno, beijando-os com delicadeza.
— Eu também te amo, Cyno.- Nari disse baixinho.
Enquanto os dois desfrutavam de um momento lindo e calmo, na janela, algo os observava.
Um pássaro sob a madeira, suas penas eram feitas de areia e ele possuía seis grandes olhos vermelhos, três de cada lado.
O casal nem imagina que estavam sendo vigiados, enquanto a ave se desfez, fazendo com que vários grãos de areia fossem levados pela brisa.
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Anubis
Fiksi PenggemarApós um encontro marcante no deserto, Cyno e Tighnari, duas almas entrelaçadas pelo destino, nunca se esqueceram um do outro. Quando o acaso os reúne novamente na renomada Academia de Sumeru, o reencontro traz à tona memórias profundas e sentimentos...