CAPÍTULO 1

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Lunna entrou no quarto, o Nova Espécie estava de costas e não se virou quando ela fechou a porta.
Ele faria a linha grosseiro, Lunna tinha certeza de que ele falaria palavrões e palavras chulas. Ela estava preparada.
"Doze? Eu sou..."
"Eu sei quem você é e não me interessa. Forest está se achando o dono da porra toda aqui e quer que você me libere, então assine o papel e faça um favor a nós dois." Ele disse, Lunna sorriu. Ela sabia que ele não devia ter falado tanto com alguém em muito tempo, sua voz denotava a falta de uso, então talvez fosse mais fácil do que ela pensava.
"Eu acabei de me formar e aqui não tem tantos pacientes assim, por que eu liberaria você sem que tivéssemos uma conversa?" Ele estava sentado quase com o nariz na parede, Lunna se sentou a frente da janela. A vista era bonita, era o jardim da doutora Trisha. Ela inspirou, o cheiro das flores encheu seu nariz, ela sorriu para si mesma.
Ele guinchou baixinho, Lunna começou a escrever em seu bloco de anotações. Eles ficaram em silêncio, apenas o lápis dela era ouvido riscando o papel.
"Pronto, muito obrigada." Ela sorriu para o perfil dele e ia saindo quando ele rosnou.
"Tem de me dar a autorização."
"Não há autorização, eu não pude fazer uma avaliação. Mas você  me ajudou muito no meu estudo particular." Ela disse e ia saindo, ele praticamente se materializou ao lado da porta e a fechou de novo.
"Minha autorização." Ele disse rosnando.
"Converse comigo." Lunna sugeriu.
"Não." Ele disse se aproximando. Lunna sabia o que ele planejava, ela deu os passos necessários até ficar prensada na parede. Ela olhou para cima, olhos azuis claros e frios a encararam.
"Não posso te dar a autorização. E se me tocar, Forest vai saber e você ficará contido. É o que quer?" Lunna perguntou calmamente.
Ele respirou fundo como se pedisse paciência, Lunna esperou. Ele se virou bruscamente e voltou a se sentar na cadeira.
"O que quer saber?" Ele perguntou.
"Que tal começarmos do início? Eu tenho toda a tarde livre." Lunna esperou a piada, algo como 'eu sei uma forma melhor de passarmos a tarde' mas não veio. Ele parecia estar pensando.
"Quem vai ler isso?" Ele perguntou olhando as flores.
"Eu. Forest vai receber um relatório atestando que você pode voltar para a sua cabana ou não."
Ele assentiu.
"Eu não sei muito sobre o início de minha vida. Eu me lembro da instalação, de apanhar e de compartilhar sexo com as fêmeas que traziam pra minha cela. Eu não sei a minha idade, nunca vi um outro parecido comigo. Dizem que eu sou primata, eu não sei o que isso significa. Eu aprendi a ler sozinho e eu gosto de livros. Eu caço minha comida e plantei um jardim. Me machuquei com um ancinho, eu nunca bati num macho daqui."
Lunna continuou séria, ele estava brincando com ela?
"Eu tenho informações que contradizem algumas coisas que você disse, Doze." Ele balançou a cabeça.
"Eu só disse verdades."
"Sim, para quem não conhece Simple e Candid realmente você não mentiu. Mas eu conheço eles." Ela disse, ele deu de ombros.
"É proibido ser amigo deles?" Ele perguntou, ela achou engraçado a cara que ele fez. Primatas eram péssimos mentirosos.
"Não, é claro que não. Mas não foi um ancinho que lhe machucou tão profundamente, foram as garras de Leaf." Ela disse, ele ficou em silêncio.
"Ele veio enquanto você estava desacordado e contou tudo. Parece que vocês estão fazendo festinhas na cabana, festas regadas a muito uísque e prostitutas, o que não é nada original se você me perguntasse. Leaf foi dizer que contaria para a direção, você e ele lutaram."
"Isso é a versão dele." Ele disse, Lunna escondeu um sorriso, fingindo que olhava mais atentamente uma anotação.
"Ele não deveria estar morando na casa de fachada do portão escondido, é uma casa de fachada! E se está lá não tem direito de reclamar dos carros que entram e saem. É um portão. Portões servem para deixar as pessoas entrarem e saírem." Ele disse, Lunna suspirou.
"Se fosse Candid, ou Simple, eu não seria requisitada, mas você já está a três anos aqui sem procurar convívio com ninguém, Forest só quer ter certeza de que você não é um louco que pode atacar alguém do nada."
"Não sou louco." Ele disse.
"Isso é a primeira coisa que os loucos dizem." Ela brincou, ele não sorriu.
"Eu convivo com Simple e Candid. E com Adam e Noah e Jonathan e Nove."
'Que bela turma de amigos' Lunna pensou.
"Eu gostaria de te ver de novo, pode ser?" Ele negou.
"Não."
Lunna não aceitava um não como resposta.
"Não pode me impedir de ir a sua cabana para uma visita." Ela disse.
"Não vou abrir a porta." Ele avisou.
"Isso fará com eu recomende que você fique aqui." Lunna disse. Ele olhou para as mãos.
"Você não manda em nada aqui." Ele disse.
"Quer que eu chame Forest? Ele manda." Lunna disse, Ele travou o maxilar.
"Tem de avisar quando vai. Eu gosto de tomar sol. Nu." Ele disse, Lunna olhou para os braços dele, a pele era tão branca que parecia rosada em alguns lugares.
"Eu avisarei como? Você não tem telefone." Ele balançou a cabeça.
"Esse é o número." Ele pegou o lápis e o bloco e anotou.
"Obrigada, Doze. Vou liberar você, se me disser uma coisa: por que não escolheu um nome?"
"Doze é um nome." Ele disse, ela acenou.
"Eu te vejo na sexta. A tarde." Ela disse.
"Sexta, não." Ela sorriu dessa vez.
"Uma festinha?" Ela perguntou, ele deu de ombros.
"Talvez você queira participar. Ouvi dizer que Simple e Candid são desejados por vocês, fêmeas." Lunna fechou a cara.
"Eu irei às seis da tarde. Até lá!" Ela sorriu e saiu da sala.
Lunna andou até o consultório de Forest, ele falava baixinho no telefone devia ser com Violet.
"Tá bom, eu te amo." Ele disse e desligou, uma pontinha de inveja tocou Lunna bem no fundo, mas também havia felicidade por eles. Violet estava cursando pedagogia e estava adorando, Forest estava lhe dando todo o apoio.
"E então?" Forest lhe perguntou, se sentando atrás da mesa.
"Eu me achei um pouco desnecessária, Forest. Ele não é louco."
Florest sorriu.
"Ele anda com Simple e Candid, ele é louco." Lunna não riu.
"Ele não anda com eles, ele empresta a cabana para eles."
Forest balançou a cabeça.
"Eu já participei de algumas festinhas deles, não é ruim. Fêmeas bonitas, bebidas, lutas. Mas é estranho esse macho ter chegado e logo ter criado amizade com eles não acha?" Ele perguntou, Lunna estava pensativa.
Ele falou de uma forma tão familiar de Forest. Como se o conhecesse e como se considerasse Forest muito pouco. Como Honest às vezes fazia.
Lunna fechou o coração para isso, não ia pensar em Honest agora.
"Eu não acho que ele seja perigoso." Lunna disse.
"Vou autorizar a ida dele. Mas ele é um bom objeto de estudo não acha?" Forest perguntou, Lunna acenou.
"Sim. Eu vou vê-lo sexta-feira." Ela disse, ele assentiu.
"Sua mãe deve estar muito orgulhosa. Seu pai está até chato, quer dizer, seu pai é um chato, mas e sua mãe?"
"É um desafio ir para Fuller, Forest. Mamãe sabe o risco, mas ela queria se testar." Florest sorriu.
"O desafio da minha mãe está sendo ser mãe." Lunna riu.
"Finalmente gêmeos, foi o que seu pai disse pro meu. Voce está contente?" Ele aumentou o sorriso.
"Sim, eu estou, afinal, Diane é tão parecida com a mamãe que é até estranho. Agora, como são dois machos, vão ser parecidos comigo." Lunna sorriu.
Os filhotes pareceriam com o pai dele, mas Lunna não o corrigiu, Forest se referia ao gênio.
"Papai vive pedindo um irmãozinho pra mim, eu digo que a última palavra é a da mamãe, e mamãe definitivamente não quer." Ela sorriu lembrando de seu pai tentando convencê-la a ajudá-lo a convencer Joy.
"Amenidades, amenidades, vocês são um tédio, sabiam? Meu amigo Doze precisa de um papel para passar da porta de entrada, mas você esqueceu de dar a ele." Candid entrou na sala, Forest rosnou.
"Não sabe bater?" Ele disse, Candid bateu na porta.
"Assim?" Florest carimbou sua identificação num papel e jogou para Candid.
"Sua mãe disse que você saiu do hospital, Cam. Por que?" Lunna perguntou, Candid se virou.
"Tédio. Lá era tão ruim quanto aqui."
"Voce compartilhou sexo com todas as fêmeas lá e aí o lugar perdeu a graça. Existe um ditado que diz que..."
"Não se caga onde se come. Eu sei. Bom trabalho para vocês." Ele disse.
"E Simple?" Lunna perguntou, ele estreitou os olhos.
"Está na nossa cabana, você não sabia?" Lunna só balançou a cabeça negando. A cabana. Lunna nunca mais passou perto de lá.
"Diga a ele para vir me visitar. Eu sei que ele nunca gostou muito daqui, do hospital, mas..."
"Ele pode ir na sua casa. Vou falar com ele." Ela sorriu, ele sorriu de volta. Por um momento foi como antes, antes de tudo acontecer, antes de Honest...
"Ouvi dizer que está fazendo um bom trabalho aqui, Forest. É claro que sem o Hon aqui, qualquer um seria bom." Ele disse e foi embora.
Forest travou o maxilar, Lunna entendia. Honest começou no hospital criança ainda e sempre que vinha de férias ele acabava sendo a referência de todos ali. Forest ainda para muitos era só o filho da doutora.
"Eu tenho um paciente, com licença." Ele acenou, Lunna saiu.
Ela foi até seu consultório. Sempre que entrava em sua sala um orgulho a tomava, Lunna ainda não conseguia não sorrir diante do fato de ser uma psicóloga. Tantas áreas, inclusive sua tão amada matemática, exata, perfeita e ela acabou se formando em psicologia. E estava tão feliz!
Ela parou a frente da pintura que John fez tomando toda uma parede. Flores. Delicadas, em cores pastéis. Uma batida na porta, porém a trouxe de volta a realidade.
"Oi, Leaf." O grande felino acenou e se sentou.
A consulta foi breve, Leaf tinha machucado seriamente um outro macho por motivo fútil e precisava, assim como Doze, de uma avaliação.
Novos tempos na Reserva. Gabriel foi embora e agora os machucados das lutas iam todos para o hospital e os oficiais ficavam sabendo, daí sua mãe orientou Justice a criar alguns fluxos para desencorajar as lutas.
Leaf tinha sido a vítima da história, é claro. Ele só queria sossego, ele era um dos mais reclusos.
"Obrigada por estar aqui, Leaf. Vou conversar com o tio Slade para ver se seu pedido pode ser realizado.
Ele baixou os olhos dourados.
"Eu só quero sossego. Eu sei que lá é um portão. Mas é muito entra e sai. E esse tal de Doze, bom, ele parece um terceiro leãozinho." Ele disse e saiu. Lunna olhou suas anotações, Leaf era um Nova Espécie trabalhador da fábrica que queria o máximo de sossego que conseguisse e só. Ela não conseguiu tirar muito dele.
Um terceiro leãozinho. O terceiro leãozinho estava morto. E só depois de sua morte é que ela viu o quanto ele era interessante.
"Lunna." Lunna olhou para a porta e viu Daisy, ela fez sinal para sua amiga entrar.
"Oi." Lunna a cumprimentou, Daisy já foi logo falando.
"Preciso de você e não aceito não como resposta." Lunna sorriu.
"Não." Daisy fez um gesto de pouco caso com a mão.
"Noah e Adam. Eu te deixo escolher." Lunna riu. Daisy e Rom! Eles eram até um pouco bobos na opinião dela.
"Noah." Ela disse, Daisy rosnou.
"Não, Adam é calado demais! Você, como médica de cabeça deveria querer um desafio." Daisy disse.
"O desafio será quando você os chamar, eles não vão aceitar. Eles amam Rom." Daisy sorriu.
"Aceitaram?" Lunna perguntou muito surpresa.
"Noah disse que Rom deve parar de protelar nosso acasalamento. Ele sugeriu, disse que aguenta quando Rom vier pra cima dele. Mas eu preciso que esse encontro seja real, então você e Adam entram na história." Lunna via alguns furos nesse plano, mas ela não disse.
"Quando?" Daisy sorriu.
"Sexta." Lunna balançou a cabeça.
"Sexta, eu tenho um paciente. As seis."
"Desmarque. Amo você." Daisy a beijou e saiu rapidamente, Lunna ficou olhando para a porta.
Era típico dela fazer algo do tipo, mas Adam... Lindo e um tanto frio, educado e solícito. Valia a pena.
Nos dois dias até a sexta, porém, Lunna ficou inquieta. Ela não deveria desmarcar, provavelmente ele não iria atendê-la.
Mas na sexta, Lunna se viu fazendo as unhas, lavando o cabelo, cacheado as pontas. Ela depilou as pernas, e ficou um tempo escolhendo um vestido.
No fim, ela optou por um vestido simples de verão e sandálias.
Um buzina de jipe a frente de sua casa a fez sair correndo, como já tinha avisado sua mãe só disse um 'tchau, mãe, tchau papai', e pulou no jipe ouvindo seu pai perguntar onde ela ia para sua mãe.
"Oi." Ela os saudou, Adam acenou, Daisy e Noah responderam um 'oi' do banco de trás.
Eles chegaram na lanchonete, Nancy veio atendê-los com um sorriso.
"Os três homens mais bonitos dessa cidade na minha lanchonete!" Lunna olhou em volta e viu Romulus e Flora numa mesa. Ele acenou para eles, Flora sorriu. Daisy olhou brava para Noah, ele deu de ombros. Adam fez um pequeno movimento com os lábios devia ser um sorriso.
"Faça como eu ensinei." Noah sussurrou.
Eles se sentaram, Daisy estava séria, concentrada em alguma coisa.
Noah sorriu para Lunna:
"E então, Lunna, como está sendo trabalhar no hospital?" Lunna sorriu.
"Eu sempre estive no hospital com a minha mãe, não mudou muito." Ela falou, mas Noah trocava olhares com Adam. Adam olhava para as mãos.
"Mas agora você é uma doutora, não é legal?" Noah continuou levando a conversa.
"Eu não sou doutora, ainda não fiz um doutorado. Mas sim, ter a minha sala e legal." Noah sorriu, ele era simpático e comunicativo.
"Adam vai trancar a advocacia. Eu sugeri para ele a Matemática ou algo assim." Ele disse, Lunna se virou para Adam com um sorriso.
"Você gosta de matemática?" Adam continuou sério.
"Não." Lunna perdeu toda a graça.
"Noah sugeriu, mas eu não gosto." Lunna acenou, Daisy estava com os olhos fechados.
"Talvez devesse tentar algo na área..."
"Pare com isso!" Romulus apareceu a frente da mesa deles e suas palavras foram praticamente rosnadas para Daisy.
Noah segurou numa das mãos de Daisy e olhou o irmão dele com uma cara totalmente inocente.
"Quer alguma coisa, Rom? Flora está sozinha na mesa, não devia fazer isso." Ele disse, Daisy sorriu e entrelaçou os dedos com os dele.
"Pare com esses pensamentos. "
"Você quer mandar nos meus pensamentos? É sério? E mesmo depois de ter terminado comigo?" Daisy perguntou.
Romulus rosnou. Lunna suspirou. Ele era tão bonito! A cada ano ele ficava mais forte e a aura de inteligência que o rodeava sempre a fascinou. Daisy era uma boba por deixá-lo terminar com ela.
Romulus olhou para ela e sorriu. Ele lia pensamentos! Lunna sempre esquecia.
"Vocês deviam ter ido a outro lugar, mas eu sei que não vão sair, então, boa noite." Ele disse e voltou a mesa deles. Rom disse a Flora que queria ir embora, Flora sorriu e concordou. Ela se despediu deles com um aceno  quando eles se foram.
"Não deu certo." Daisy disse puxando a mão das de Noah.
"Calma, estamos num processo." Noah sorriu para ela. Daisy encheu a boca de batata frita e mastigou ruidosamente, Adam apertou os lábios.
"Nancy, mais Milk shake." Ela pediu Nancy mandou uma das atendentes trazer.
"Não vai comer, Lunna?" Daisy perguntou.
"Lunna prefere salada, como Adam?" Noah perguntou, Lunna sorriu.
"Não, eu não sou uma fêmea das saladas. Eu curto mesmo é carne." Noah olhou para Adam, como se lhe dissesse que ele devia dizer alguma coisa, Adam baixou os olhos brilhantes.
Lunna ia perguntar que tipo de salada ele preferia quando eles entraram.
Ela olhou para a porta e deu de cara com os olhos dele. Azuis claros, frios.
Simple e Candid, cada um abraçado com duas fêmeas. Doze vinha de mãos dadas com um fêmea só.
Eles se sentaram em volta de uma mesa de canto, Candid veio até eles.
"Ainda não acabaram?" Candid perguntou para Noah, Daisy só não rosnou por que ela estava com a boca cheia.
"Houve um imprevisto. Se desculpe com elas por nós." Noah disse, Adam olhou para o colo.
"Elas são prostitutas, não esperam uma desculpa. A questão é que eu já paguei. Você me deve." Ele disse e voltou para a mesa deles.
"Eu não tenho problemas em lidar com duas fêmeas tão lindas, Sim, e você?" A mesa de Lunna ficou tão silenciosa que ela ouviu Cam na mesa deles.
"Eu vou adorar deixar duas fêmeas tão especiais felizes." Simple disse.
"É sério? Vocês marcaram com eles?" Daisy perguntou, Noah sorriu.
"Bom, esse encontro era falso. Você deixou isso bem claro. Mas eu não me importo em ficarmos aqui mais um pouco. Talvez, Lunna, você poderia fazer alguma sugestão de curso, para meu irmão, não é, Adam?" Noah perguntou, Adam sorriu, um sorriso um tanto tímido, mas ainda assim um lindo sorriso.
Daisy sorriu para ele.
"Você não se importa com o fato de que eu amo o Rom?" Ela perguntou, Noah segurou a mão dela.
"Só vamos passar um tempo comendo a comida deliciosa da Nancy e conversando. Pra mim, está ótimo." Ele sorriu, Daisy sorriu de volta.
"Eu não tinha nada pra fazer em casa mesmo."
"E você, Lunna? Tudo bem ver Simple com duas fêmeas?" Adam perguntou, Lunna sentiu os olhos dele fixos nos dela, parados.
"Você e Doze..." Ele começou, ela ergueu as sobrancelhas.
"Eu o atendi hoje. Forest teve de cumprir o protocolo." Adam acenou.
"É claro."
"Ele me disse que convive com vocês."
Adam aumentou o sorriso, Lunna sorriu de volta, era impossível não sorrir quando ele sorria daquele jeito.
"Ele convive com a gente, Noah?" Adam perguntou para o irmão, havia alguma piada oculta ali.
"É, pode se dizer." Eles riram.
"O que não estão contando para a gente?" Daisy exigiu saber.
"Você sabe, seus irmãos." Noah disse, Daisy balançou a cabeça.
"Não sei, não. Pode falar." Ela comandou. Noah sorriu, ele parecia divertido com Daisy, Lunna achou estranho, ainda mais que quando Rom foi reclamar, parecia estar também falando com Noah.
Os irmãos se entreolharam, o olhar de Adam foi um tanto suplicante.
"Um deles, não vou dizer qual dos seus irmãos, não gostou nada de saber que nós íamos nos encontrar. Só vou dizer isso." Adam pareceu aliviado.
"Qual deles?" Daisy disse.
"Isso importa?" Adam perguntou, Daisy o encarou. Ela acabou sorrindo.
"Não. Não importa, eu enfrento os dois sozinha."
"Eu posso ajudar." Noah se prontificou.
Daisy sorriu para ele.
"Por que não gostou de advocacia?" Lunna achou melhor conversar com Adam e mudar o assunto.
"Adam, podemos conversar?" Simple apareceu na mesa, Adam sorriu.
"Não. Estou muito ocupado, não está vendo?" Adam apontou Lunna e depois a comida na mesa.
"Você entende o que está fazendo?" Simple perguntou, Adam se esticou na cadeira.
"Sim." Simple assentiu.
"Certo. Só queria te lembrar que Leaf é provavelmente irmão do meu pai, e é ainda maior que o papai. Estamos falando de força bruta permanentemente exercitada com trabalho duro." Ele disse, Lunna o encarou.
"O que Leaf tem a ver com isso? Na verdade, por que está aqui, Simple? Suas acompanhantes devem estar sentindo sua falta." Lunna disse.
"É. Dê o fora." Daisy disse, Noah riu e segurou a mão dela, Lunna ia olhar para ela, mas os olhos de Daisy estavam nos de Noah.
Ele voltou a mesa e não demorou, eles foram embora. Lunna ainda ficou olhando para as costas de Doze, ele foi o último a sair. Os cabelos dele estavam trançados.
O terceiro leãozinho. As palavras de Leaf soaram na mente dela.
"Lunna?" Lunna olhou para Noah, ele e Daisy estavam de pé.
"Já vamos?" Ela ia se levantar, Adam a segurou pelo braço.
"Eu e você podemos ficar, se quiser, é claro." Daisy disse:
"É claro que ela quer. Vamos, Noah." Ela saiu puxando Noah e quase não deu tempo dele sorrir uma despedida.
Foi a vez de Lunna ficar olhando Daisy e Noah saírem.
"Acha que eles..." Lunna deixou a pergunta no ar.
"Rom e Daisy chegaram naquele momento em que o amor vira comodismo, mas são teimosos demais para admitirem isso."
"Mas Daisy e Noah! Eu nunca pensaria nisso!"
"Por que não?" Ele perguntou, o telefone dele tocou, ele desligou e colocou o aparelho de volta no bolso.
"Daisy é... Noah parece tão simpático, tão..." Lunna percebeu que no fim ela não conhecia Noah a fundo.
O telefone tocou de novo.
Adam sorriu.
"Você realmente não vai atender?" Ele  a encarou, seu rosto estava mesmo divertido, tão diferente de quando eles chegaram ali.
O telefone tocou, ele estendeu o telefone para Lunna. Lunna riu.
Ele continuou estendendo o aparelho, Lunna se sentiu um tanto travessa. Ela pegou o aparelho, mas não seria burra dizer alô.
"Eu vou arrancar suas unhas. Cada uma de cada vez. Depois serão seus dentes." Lunna tirou o telefone do ouvido.
Ela arregalou os olhos, Adam começou a rir.
"Unhas ou dentes?" Adam perguntou, ela riu ainda mais.
"Os dois." Ele ergueu as sobrancelhas.
Adam pegou o telefone e disse:
"O que vai fazer se eu der um beijo nela?" Lunna parou de sorrir.
Adam devolveu o telefone, Lunna desligou.
"Você faria isso? Me beijaria?"
Ele a encarou, os olhos brilhantes, os lábios cheios, bem feitos e vermelhos, os cabelos negros e lisos, as feições perfeitas.
"Se você também quisesse..." Ele jogou a bola para ela. .
Lunna queria. Ela queria, mas...
No telefone, a voz era de Doze. E aquelas ameaças a fizeram querer vê-lo. Ela quis sair, quis ir atrás dele.
"Eu..." Ela queria ser sincera, mas como falar de algo que ela não entendia direito?
"Tudo bem. Eu só queria que você soubesse que eu sou uma opção." Ele se levantou, Lunna também. Eles foram embora em silêncio, Lunna tentou uma vez um assunto, ele respondeu com uma evasiva.
Na porta da casa dela, Adam desceu do jipe e a levou até a porta.
"Eu não entendi por que Doze ameaçou você." Ele tocou o rosto dela.
"Você não tem espelho em casa?" Ele perguntou.
"A verdade é que eu sou um idiota tímido. Não devia ter ficado olhando para as mãos o tempo todo. Você me daria uma segunda chance?" Ele perguntou.
"Se me responder, eu dou."
"Ele quer você." Lunna deu um passo para trás.
"Eu estou correndo o risco de perder os dentes e as unhas, será que poderia fazer isso valer a pena?" Adam perguntou. Lunna sorriu e fechou os olhos.
E ele a beijou. Um beijo delicioso, leve.
Lunna ainda ficou com os olhos fechados, mesmo ele tendo se afastado.
"Boa noite, Lunna." Ele disse, Lunna ficou olhando ele ir embora no jipe, suas pernas estavam bambas.
Em seu quarto, ela suspirou e se deitou.
A imagem dos cabelos de Doze, brancos e brilhantes trançados não saía da cabeça dela. 

Nossa, esse capítulo ficou gigante, kkk. Mas é só pra dar tempo de vocês citarem o par de Joe.
Até então, Elize está ganhando e eu já estou com algumas ideias. Duas disseram que não queriam nenhuma delas, então ainda estou esperando. Alguém até citou Harmony e sim, ela é mais velha que Lily, seria possível.
Mas Elize é a preferida de três de vocês, então até o próximo capítulo, ela seria o amor de Joe...
❤️❤️

FILHOTES DE VALIANT - JAMES E JOE - LIVRO 4Onde histórias criam vida. Descubra agora