𝗡𝗔𝗢 𝗘𝗥𝗔 𝗡𝗢𝗩𝗜𝗗𝗔𝗗𝗘 que Carolina Hopper era uma garota complicada. Um pai abusivo e um irmão tão problemático quanto a menina deixavam a situação evidente. Do outro lado, Finney Blake era quieto, tímido e poderia ser considerado até invis...
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POV NARRADOR | | North Denver, Colorado — 1978
⠀⠀ O som estridente da chaleira apitando juntamente ao do rádio ligado preenchiam a cozinha, porém Lina desligou o som e o fogão no exato momento que ouviu seu pai sair do quarto.
A garota se apressou em pegar um prato e servir os ovos mexidos que já havia preparado. Carolina se afastou ficando de prontidão, quase como um soldado, ao lado da mesa enquanto Christopher se sentava à cabeceira.
⠀⠀ ─ Bom dia, pai. ── Lina murmurou.
⠀⠀ Ela tinha consciência de que o homem odiava que falassem algo durante a manhã enquanto ele não estivesse completamente acordado, mas sabia que ele odiava mais ainda falta de educação.
Christopher não a respondeu, apenas apoiou a cabeça em uma das mãos, irritadiço, enquanto usava a outra para abrir o jornal.
⠀⠀ ─ Minha xícara. ── resmungou
─ Eu vou pegá‐la. ── Carolina respondeu indo até o armário. Ela pegou a xícara de seu pai e já a serviu com o café que também havia preparado. ── Aqui, ainda está quente. ── disse de forma sutil colocando a xícara em frente ao seu pai
⠀⠀ Vendo que ele não parecia estar num bom humor, a garota rapidamente terminou de tomar o chá que preparou para si, mas antes de tomar outra atitude, a voz do homem se mostrou presente.
⠀⠀ ─ Por que não está sentada a mesa?
─ Hm... Desculpa, pai, eu tenho que ir para a escola.
─ Já tomou café?
─ Já sim.
─ Então o que ainda está fazendo aqui? ── Carolina não esboçou reação diante da grosseria, apenas deixou a cozinha, pegou sua mochila e saiu
⠀⠀ A Hopper andava tranquilamente pela rua e já estava chegando, até ver um panfleto que lhe chamou atenção. "Sr. Yamada deve ter colado novos cartazes, aquele não estava ali antes." ── pensou.
Haviam se passado três semanas desde o desaparecimento de Bruce. Carolina já tinha chorado muito pelo sequestro do amigo, inclusive foi uma das primeiras pessoas a ser informada sobre. A mãe do menino fez questão de ir até sua casa para dar a notícia.
Apesar do sumiço do filho, Sra. Yamada ainda se preocupava muito com a amiga de Bruce e tentava ao máximo sempre checar como ela estava; a senhora sabia do péssimo histórico que o pai tinha com os filhos.
Faltando apenas um quarteirão para chegar à escola, viu várias crianças correrem para o mesmo lugar. Ela não se abalou muito com isso, imaginava que seria mais uma briga, igual as que tinham toda semana. Mesmo assim a garota se fez presente e decidiu se aproximar para saber o que passava.
