Procurar entender

1.1K 105 22
                                    


- Oh não, não, eu não sou mãe de ninguém, eu nunca tive filhos em toda a minha vida para começo de conversa... - disse Anna sorrindo com a estranheza que foi ouvir aquilo, os três meninos na sua frente pareciam não acreditar muito no que ela estava dizendo e procuraram com os seus três pares de olhos ajuda de Jim que apenas suspirou. 

- Papai, é ela aqui não é? - o garoto que segurava o porta-retratos estendeu a mão em direção a Jim que segurou o mesmo, porém não o olhou. 

- Papai? - questionou Anna, eles estavam falando do Jim? - Você não é pai de ninguém, Jim, por que eles estão te chamando assim? É tão estranho...

- Ele é nosso pai sim, de verdade e realmente. - cuspiu o menino de cabelos sobre a testa cruzando os braços. - Por que seria estranho para você? - ele cruzou os braços irritado.

- Por que seria estranho para mim? - Anna rebateu como se aquilo fosse a pergunta mais descabida.

- Ok, ok pessoal, muita calma nessa hora! - pediu Jim tentando apaziguar a situação entre aqueles quatro ali pois conhecendo bem a personalidade de cada um deles poderia muito bem terminar aquela conversa em uma confusão. - Meninos, eu vou conversar com ela ainda e vocês sabem que é muita coisa para se entender de uma única vez...

- Mas não é muito difícil entender bom senso, ela chegou agora e já esta debochando. - o mesmo garoto respondeu com atrevimento.

- Luke! - Jim repreendeu o garoto na mesma hora o fazendo bufar irritado, parecia realmente um pai dando uma bela bronca em uma criança. 

- Ah pai qual é... - o garoto que atendia por Luke protestou mas foi cortado imediatamente por Jim.

- Nada disso, isso foi extremamente rude! - Jim falou fazendo o mesmo formar um bico chateado ainda maior. 

Anna estava completamente perdida, ela não via Jim agir daquele jeito nunca desde que se conheceram, ele realmente estava se comportando como se fosse uma figura de autoridade sobre aqueles três meninos e isso sim, era algo incomum de se ver. 

- Ele não quis ser rude, papai, você sabe, mas é que... - o garoto loiro e mais alto dos três entrou em defesa do outro levantando rapidamente a mão em direção a Anna. - Claramente é ela na foto e, sei lá, o Reggie só constatou um fato e o Luke... 

- Ta legal, me deixe ver isso aqui. Não tem como ser eu. - Anna tirou o porta-retratos das mãos de Jim e olhou atentamente para aquela foto, seus olhos se arregalaram surpresos e chocados. - Puta merda sou eu... 

- Eu disse. - respondeu o outro garoto que certamente atendia pelo nome de Reggie com um sorriso vencedor no rosto recebendo um olhar pasmo de Anna.

 - respondeu o outro garoto que certamente atendia pelo nome de Reggie com um sorriso vencedor no rosto recebendo um olhar pasmo de Anna

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

- Como isso pode ser possível? Eu lembro dessa foto aqui mas... - Anna se questionou em voz alta antes de Jim tomar o retrato dela novamente com cuidado.

- Eu vou explicar tudo para você, eu prometo. - Jim afirmou segurando novamente a mão de Anna e a acariciando com o polegar. - Crianças será que vocês podem dar um minutinho a sós com a ma... que dizer, com a Anna, para deixar tudo explicadinho para ela e ela não ficar perdida no meio de tudo? - pediu o homem vendo as expressões entre os três meninos variar, entre uma extremamente zangada, outra conformada e outro que parecia que iria subir em uma montanha russa a qualquer momento. 

- Mas pai a gente... - Reggie começou a falar mas foi impedido rapidamente por Jim, ele entendia que o garoto estava entusiasmado demais com a presença de Anna ali mas também sabia que teria que ter cuidado em relação a isso para que nada virasse um desastre no final.

- Reggie, ta tudo bem. Só uns minutinhos. - disse Jim com um tom mais tranquilo em sua voz, e surpreendentemente os três atenderam ao pedido, ou a ordem, que o mais velho havia dado e começaram a sair da sala onde estavam em direção a escada da casa que dava acesso ao segundo andar e aos quartos, o som dos passos comprovou que eles não estavam mais perto.  

Na escada, os três garotos começaram a conversar sobre o acontecimento de suas vidas que havia ocorrido bem ali a poucos minutos.

- Caras, vocês conseguem acreditar nisso?! Ela ta aqui, a mamãe esta aqui! - disse Reggie muito animado recebendo um olhar de poucos amigos de Luke e outro delicado vindo de Alex, o loiro de olhos azuis. 

- Sim, Reggie, mas ela estar aqui significa que ela esta morta. - disse Alex dando uma visão mais madura e de realidade sobre a situação, vendo Reggie murchar rapidamente. Alex começou a brincar com os cordões de seu moletom rosa. - Não devia ser a hora dela, ela esta muito confusa e perdida...

- Independente disso, ela não é minha mãe. - Luke respondeu amargurado enfiando suas mãos dentro de seu casaco xadrez.

- Luke para... - Alex pediu, mas no fundo ele conseguia entender seu irmão e a revolta que sentia, eles três existirem ali não era por acaso mas a existência deles era algo completamente bizarro que mesmo que o pai deles tivesse conversado inúmeras vezes sobre isso ainda existia uma lacuna enorme nesse debate. 

- Também não é assim, ela deve ter uma boa explicação para tudo isso, nem paramos para conversar com ela ainda e... - Reggie tentou argumentar, mas ele conhecia seu irmão melhor do que ninguém para saber que quando Luke colocava algo em sua cabeça, era a mesma coisa de conversar com a parede. 

- Boa explicação? - questionou Luke pasmo. - Ela não nos quis, Reggie. Ela se livrou de nós na primeira oportunidade quando soube que já estávamos ali...

- Não sabemos se foi exatamente isso, Luke. - afirmou Alex balançando a cabeça negativamente.

- Uma pessoa ter abortado em três gestações, uma próxima da outra, Alex? - Luke rebateu prontamente. 

- Podem ter sido espontâneos. Não sabemos ao certo, Luke, e não podemos tomar decisões precipitadas assim... - respondeu Reggie sentindo um soluço parar na sua garganta, esse assunto era extremamente sensível para ele e seus irmãos sabiam, mas infelizmente de alguma forma ele teve que vir a tona. 

Alex colocou sua mão sobre o ombro de seu irmão carinhosamente, o conhecendo bem como conhecia e sabia que Reggie sentia muito toda vez que as conversas chegavam a esse tema.

- Ela é nossa mãe... - disse Reggie baixinho. - Independente de como chegamos aqui... e não sabemos exatamente como mas ela esta ali, logo ali...

- Desculpe caras, de verdade, mas se ela não nos quis, então não iremos querer ela. - determinou Luke prontamente. - É questão de justiça, e de amor próprio, o pai sim, ele nunca teve obrigação nenhuma conosco mas sempre que um de nos chegava ele recebia de braços abertos, cuidava, era presente... nos queria por perto. - sua voz saiu baixinha como um murmúrio. - Já ela... 

- Luke, devemos dar uma chance a ela... - disse Reggie.

- E ela nos deu alguma chance? - Luke perguntou. - Eu não posso fazer isso... - ele afirmou mesmo sabendo que seus irmãos seriam contra porém jamais sairiam do lado dele. 

4 ALMASOnde histórias criam vida. Descubra agora