A verdade - Part II

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Houve um breve momento de silêncio, Jim havia dado um goto a seco enquanto Anna tinha uma respiração trêmula um pouco, num misto de choque e espanto.

- O que...

- Eu estava esperando um bom momento para todos nós sentarmos e conversamos sobre isso, mas as coisas foram acontecendo rapidamente e foram ficando fora de controle. No final não tivemos tempo. - Jim abriu os braços logo enfiando suas mãos dentro de seus bolsos.

- Mas... isso não faz sentido, Jim, porque ele acha isso? - quis saber Anna sentindo seu corpo pesar e novamente se sentando no banco, olhando Jim de baixo para cima.

- Você teve dois abortos em um curta período de tempo....

- Eu não sabia que estava grávida. - Anna confessou. - A única gravidez que eu tinha que eu sabia foi a do....

- Alex, sim. - Jim confirmou e deu alguns passos para o lado, para poder se sentar no banco também. - Acho melhor nós dois termos essa conversa antes de termos com eles, para que tudo seja explicado da melhor forma possível.

- Jim, você me conhece... - Anna virou-se para fitar o homem com ansiedade. - Você sabe que eu jamais teria feito uma coisa dessas. Se houve abortos, eu se quer sei quando eles aconteceram... eu não sei porque eles aconteceram...

- O fato dos abortos terem sido muito próximos um dos outros fez com que eles pensassem que talvez, por causa da sua carreira, nao quisesse ter os bebês que esperava.

- E que eu teria provocado eles? - Anna questionou vendo Jim concordar com a cabeça. - Mas que bestesteira enorme! Eu jamais faria algo assim, jamais teria me esforçado tanto em shows ou festivais se eu se quer soubesse que eles estavam ali... - Anna levou as mãos até sua barriga, Jim observava aquilo com lamentação de todo aquele assunto está vindo a tona da forma que nao deveria. - Quando eu soube que estava grávida a primeira vez... eu queria aquele bebê, Jim, eu queria ter aquele filho. Não só por ele ser seu filho também, mas porque era meu, e eu o queria tanto...

- Luke não entende isso. - disse Jim. - Para ele, você os rejeitou ainda no ventre, se livrou deles na primeira oportunidade e ele acreditar nisso o machuca mais do que qualquer coisa Anna, por que mesmo ele não demonstrando, ele ama você. Você é a mãe dele... a única mãe que ele conheceu...

- Porque ele não me perguntou isso antes? - Ann questionou ofegante.

- Ele talvez teve medo de sua resposta só confirmar tudo que ele achava. - Jim encostou seu corpo no banco e ficou olhando para o lago a frente deles. - Ele te ama, Anna, não é atoa que ele se agarrou em você para dormir ontem.

- Eu senti algo diferente ontem, com toda aquela história de mamadeiras e chupetas, que é algo estranho de se imaginar ainda...

- Eles são crianças, Anna. - Jim suspirou. - Crianças apenas, por isso eles terão comportamentos infantis, por isso eles vão conseguir nos tirar do sério as vezes mas eu já fiz isso sozinho por muito tempo... - o homem virou seu rosto perante fitar Anna. - Eles precisam da mãe deles.

- Eu não consigo...

- É claro que consegue! - Jim segurou as mãos de Anna olhando no fundo dos olhos claros dela. - Você já começou a conseguir, você só precisa aceitar, isso tudo é o que teremos para sempre e você tem a oportunidade de conhecer seus filhos, muitas pessoas não tiveram essa sorte.

- Então não tem mais nada além daqui... não é? - Anna engoliu a seco com a aquela pergunta que Jim conseguiu ter pena dela naquele momento.

- Não. Tudo que precisamos, está aqui. Você só tem que aceitar... - Jim respondeu carinhoso ao colocar uma mecha do cabelo de Anna por trás de sua orelha. - E eu sei que não tem como aceitar a morte tão facilmente, mas você tem três razões para conseguir ir mudando sua visão sobre tudo.

- E se eu errar? Eu nunca fui responsável por ninguém, Jim.

- Todo e qualquer pai ou mãe sempre erra, não somos perfeitos, mas sempre nos tornamos melhores quando nos propomos a melhorar. - ele sorriu para ela ainda vendo a dúvida pelo seu rosto. - Eu não aprendi a ser pai em menos de um dia, foi algo natural que foi evoluindo com o tempo, e com você também será assim, com apenas uma diferença.

- Qual? - Anna quis saber confusa quando sentiu um frio em sua blusa de moletom e ao olhar para baixo, tudo estava virando uma grande mancha molhada. - Mas que porra é essa? Eu tô sangrando?!

- Não, claro que não. - Jim sorriu. - Lembra quando eu disse a você que Luke é praticamente um bebê?

- E o que isso tem haver? Eu estou encharcada!

- Bem, seu corpo também percebeu que ele é um bebê e começou a trabalhar por si só. - o homem achava que iria começar depois, mas já que havia começado, ele precisava levar Anna para casa rapidamente para ela poder trocar aquela roupa.

- Você não está me ajudando, Jim. - Anna respondeu séria.

- Isso é leite, Anna. Você não está sangrando, isso é leite vazando. - Jim se levantou do banco vendo os olhos de Anna arregalados.

- Isso só pode ser brincadeira, mamadeiras, chupetas, e agora isso? - Anna se levantou vendo o estado de sua blusa molhada.

- Parabéns, é um menino. - Jim sorriu em diversão mas pelo rosto de Anna, aquele não era o momento de brincadeira. - Você poderá bombear se quiser, mas não é muito diferente do que as outras mães que chegaram aqui, digamos, mães que em teoria acabaram de ter um bebê.

- Eu não tive bebê nenhum!

- Literalmente não, mas Luke foi seu último bebê que existiu dentro de você então acredito que seu corpo já deveria ter começado a produzir leite o suficiente para isso. - Jim explicou calmamente tirando sua jaqueta e colocando sobre Anna. - Aqui, vai disfarçar um pouco, temos que voltar para casa para você trocar de roupa.

- Não posso voltar agora. - respondeu Anna voltando a se sentar no banco.

- Porque não? Logo você ficará com frio aqui. - Jim perguntou se abaixando na frente dela e olhando diretamente para o rosto de Anna.

- Todos eles acharam que eu fiz isso? - a mulher quis saber. - Todos eles acham que eu... me livrei deles porque eu quis?

- Você já viu o Reggie, ele te adora. - Jim sorriu. - Alex te respeita muito e também te adora, ele só é mais tranquilo que os outros, não acho que eles acreditem nisso de verdade.

- Mas Luke acredita...

- Então agora que você sabe o porque dele ser tão arredio com você, acredito que vocês dois tenham muito o que conversar. - afirmou Jim se colocando de pé novamente.

- Ele não vai querer conversar comigo agora. - Anna sorriu sem humor.

- Ele é um menino, ele sempre vai precisar da mãe dele. - Jim estendeu a mão para Anna. - Agora vamos para casa para resolvermos isso logo.

4 ALMASOnde histórias criam vida. Descubra agora