Orvalhos

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Capítulo 1

Era fim do dia quando transeuntes desciam o rio, rumo as Aldeias e Vilas, em busca de pousadas. Era quando servas e servos saiam da lavoura ou findavam seus trabalhos próximo ao rio Coiote.

O Rio levava esse nome, devido a antiga Aldeia do Coiote que viveu ali século após século, até serem extintos devido à invasão que fizeram, por posse de terras e dominação, como contava a história. Eram pessoas perversas e ambiciosas, por isso o rio carregava a energia traiçoeira daquele povo. Era o que a lenda dizia.

Ao lado norte havia uma cachoeira. Ela deságuava no rio, e as águas corriam por toda a extensão dos vilarejos ao longo do Aldeia do Lobo.

Quando a noite estava prestes a cair, as pessoas voltam para suas casas e estalagens. Apenas alguém era visto ali, ao pé da árvore robusta, aguardando o clarear da lua para mergulhar nas águas frias do rio Coiote.

Eram águas traiçoeiras, mas Jimin cresceu ali. Conhecia como a palma da sua mão, o rio e cada aldeia por onde ele passava.

Mesmo que sua mãe faltasse arrancar os cabelos por saber que Jimin hora ou outra se bandeava pela floresta e se banhava no rio, sem pudor algum, ele não se importava.

No início, a Grande Mãe tinha medo que a correnteza o levasse, mas após o décimo quinto aniversário de menino, o medo era maior. Além do rio, havia outros perigos, como Alfa vadios a espreita.

Naquela época o menino havia acabado de se classificar com a casta Ômega, em seu primeiro cio. O seu cheiro doce deixava marca onde passasse.

Seu filho, apesar da rebeldia, era um lindo Ômega de boa fragrância. Não seria de bom tom que saísse sozinho por aí.

No décimo oitavo aniversário de Jimin as coisas ficaram ainda mais arriscadas. Pois já passava da hora de Jimin ter um noivo. Um bom Alfa, de um bom Clã, mas nenhum parecia tão interessado em tomar Jimin para si. A grande mãe suspeitava que Jimin os afastava de propósito. Toda a valentia e audácia de Jimin caberiam muito bem se ele fosse um Alfa. Mas aos olhos dos outros, Ômegas ariscos como Jimin não eram bem vistos. Ainda que sendo de um Clã forte e proeminente.

Mas Jimin não poderia se importar menos. Ele estava muito ocupado cavalgando pelo campo, desbravando a floresta ou praticando esgrima com o filho caçula do Capitão da Guarda.

Jimin suspirou quando viu os reflexos da lua clara sobre as águas do Coiote. Era seu lugar favorito, depois da floresta.

Ele tirou as luvas, e arrancou as botas escuras, uma após a outra. Arriou as calças juntamente com as peças íntimas. Correu para a água assim como veio ao mundo, logo que se livrou da camisa com bordados sofisticados. Se a grande mãe soubesse que sua camisa de linho fino estava rolando pelo chão, ela com certeza ficaria louca.

Com cuidado, ele andou sobre os pedregulhos na beira do rio, e logo sentiu como a água estava gelada. Era verão, então era divertido está ali.

Lentamente seu corpo submergiu, fazendo a água doce molhar seus cabelos escuros, que não era compridos, mas longos o suficiente para que ele pudesse prender um tufo se assim quisesse.

A pele leitosa refletiu sobre a água quando ele emergiu tomando ar, jogando os fios para trás e os sacudindo.

Era tudo calmo. O único som provinha dos galhos das árvores sendo sacudidos pelo vento, e das aves noturnas. Até que um barulho de gravetos quebrando despertou sua atenção. Vinha de algum lugar entre as árvores dali por perto.

Jimin olhou em volta com pressa. Se concentrou nos cheiros e aguçou a audição. Nada se ouvia por longos segundos, até uma risada cortar o vento.

— Quem está aí? — Indagou dando passos para mais longe da margem. Ele tentou novamente reconhecer algum cheiro, mas nada havia além do almíscado da floresta. Obviamente não era um Alfa, muito menos um Ômega.

A Lenda do Coiote | Jikook | ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora