A Lenda do Coiote | Jikook | ABO

Orvalhos

Capítulo 2

Os portões da casa principal foram abertos de uma vez, e um ômega furioso cruzava ele. Nem mesmo os dois guardas que cuidavam da entrada tiveram qualquer atitude ao ver a cena. O jovem mestre parecia irritado o suficiente para atravessar o pátio pisando firme no chão, com o filho do Capitão da Guarda no seu encalço.

— Jimin. — Ele o chamava tentando não aumentar a voz. Os servos em volta já estavam olhando torto. — Jimin! Jiminie!

O outro parou abruptamente, frente à porta da casa principal, fazendo Jungkook parar.

Ele estava magoado.

Ser chamado de irresponsável por qualquer um não surtia o mesmo efeito ao ser chamado por Jungkook. Ele tinha apreço pelo mais novo.

Jimin não tinha irmãos. Era o único filho e ainda por cima ômega. Coitada daquela família. Ter um único filho e ainda ômega? Quem lideraria quando o Mestre Park Jeonghyun passasse dessa para melhor? Era ultrajante que um Ômega liderasse, afinal! Pelo menos para o povo e para as outras Aldeia, era.

O jovem mestre, Park Jimin, era visto como um Ômega rebelde. Nenhum de seus pretendentes acordava em um casamento com ele. Ter um Omega tão atrevido ao lado era no mínimo vergonhoso. Só não era mais vergonhoso do que ser pai de um. O líder da Aldeia do Lobo sabia bem disso.

Dito como rebelde e indomável, Jimin era o terror dos Alfas solteiros que buscavam casamento com o filho de um líder tão importante. De um Clã tão prestigiado

Da última vez que alguém tentou noivar-se com Jimin, saiu das terras do Lobo praticamente em chamas. Jimin não permitia que tocasse nele, e aquele Alfa em questão passou a mão em seu traseiro no meio de um jantar, ao redor da fogueira, no festival lunar do ano anterior.

Que se danem os instintos. Se ele o fez por instinto Alfa, foi por instinto de autodefesa que Jimin jogou uma tocha flamejante em sua direção. Todos os condenaram por semanas a fio. Exceto Jungkook. Ele não o julgava nem o repreendeu por isso. Na verdade, ele dava muita risada sempre que lembrava.

Jungkook nunca o fez se sentir mal. Por isso o chamar de irresponsável o feriu. Mas com a mesma força que o feriu, o rosto preocupado de Jungkook o fez sarar.

— Desculpa hyung. — Jungkook falou baixinho, para que só Jimin o ouvisse.

O corpo de Jimin amoleceu, cedendo ao pedido, e estava prestes a dizer alguma coisa, como aceitar as suas desculpas, quando a Grande Mãe abriu a porta do casarão.

— Jimin! — Ela bradou, fazendo ambos os jovens olharem espantados em sua direção. — Onde você estava?! No rio, não era?! Eu já falei centenas de vezes para não andar por aí como um vira-lata! — Ela o puxou pelo cotovelo.

A Grande mãe carregava esse nome por cuidar de todos à sua volta. Quando não estava enlouquecendo pelas peripécias do único filho, ela estava sendo amável e gentil com todos os outros. Para Jimin era irônico como ela era tão amável com todos, mas com ele era tão severa.

Era injusto na verdade. Assim Jimin pensava.

— Eu não ia demorar. — Jimin tentou, mas ela não amoleceu. Continuou com o carranca enquanto o arrastava com força pelos degraus, e com a outra mão segurava a barra do vestido de linho azul. — Mamãe, espere! Espere!

Ele firmou os pés a fazendo parar consequentemente. Park Minhee o olhou ainda mais furiosa.

"Talvez Jimin não seja tão bravo atoa", foi o que Jungkook pensou ao ver a cena. "Ele tem a quem puxar."

— Você sabia muito bem que teríamos visitas! — A mulher grunhiu entre dentes, mais perto de Jimin. — E você deixou o Líder Min esperando!

Tentando se soltar do aperto forte em seu braço, Jimin olhou de relance na direção de Jungkook, que ainda estava parado ao pé dos degraus da entrada.