CAPÍTULO 6

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FLYNN

Abri a porta de casa sorrateiramente tentando não fazer barulho pois já era bem tarde e Ray provavelmente já estava dormindo. Ele não se importava muito com os meus horários desde que eu o avisasse para não ficar me esperando, o que com certeza eu fiz, depois de fazer todos os cabelos do meu pai ficarem brancos, além de nossas eternas brigas por uma mísera mensagem eu finalmente aprendi a lição. Então sempre que eu chegava tarde tentava passar despercebida pois o sono do velho era bem leve e geralmente ele me esperava mesmo que eu falasse que chegaria tarde.

- Mija? - papai disse com a voz sonolenta.

O que eu disse?

- Oi Papa - segui até a sala que era onde vinha a sua voz - pensei que já estivesse na cama.

Sentei no sofá jogando seus pés em cima da minha perna

- Eu jantei e decidi assistir um filme - bocejou cansado e eu sorri - peguei no sono agora.

- Aham - fingi - então você não estava me esperando?

- Não... porque eu faria isso, Mija?

- Eu vou fingir que acredito Ray - e ri.

- Eres una chica muy divertida - me repreendeu já trocando de língua.

- Aprendí del mejor Papá - sorri convencida.

-Niña mal criada! - exclamou Ray se sentando no sofá só para me fazer cosquinhas que eu prontamente fugi.

- No papa, no - digo entre gargalhadas.

Ter o Ray como pai é simplesmente maravilhoso. Ele sempre foi tão prestativo e atencioso para mim e Julie que em momentos como o de agora eu só conseguia pensar em como éramos sortudas de ter um grande pai nas nossas vidas.
E ele sempre foi tão presente, antes mesmo da mamãe... Enfim, não importa porque não existe uma lembrança de que ele não esteja ali pra mim ou pra minha irmã mesmo que não precisássemos dele.

- Y cómo estuvo tu noche?

- Estuvo bien, de hecho, muy bien - sorri pensando longe.

Minha noite tinha sido bem melhor do que pensei que seria.
A Carrie não me odiava, me elogiou me chamando de 'linda' (o que é um ótimo sinal de que ela presta atenção em mim), se desculpou por ter sido uma escrota a semana inteira e eu acabei transando com a amiga dela Kayla.
Se existe algum vencedor da noite, esse alguém sou eu.

- Esa sonrisa es porque estuviste con alguien - diz desconfiado.

- Quizás... - balancei os ombros sorrindo

- Oh, Dios mío, era Carrie?

- O que? - voltei para o inglês sem ao menos perceber - Não! Por que achou que era ela?

- Pensei que estava começando a gostar da Carrie, vivia falando dela no jantar - me olhou sugestivamente

- Cl-claro q-que não papa.

Por que eu estou gaguejando?

O pior era que ele estava certo. Não de gostar da Carrie, obviamente eu não gostava dela. Porém talvez existisse uma certa obsessão por ela que me fazia comentar seu nome em todas as nossas conversas na hora da refeição.
Desde o começo eu tive tanta certeza da sexualidade da Carrie que nem pensei na hipótese dela não fazer parte da comunidade, então eu investi, tentei de tudo e mesmo assim ela sempre revirava os olhos indiferente e irritada com as minhas cantadas. Isso não significa que eu nunca tenha levado um fora, porque sim já aconteceu, mas já fazia tanto tempo que, de certo modo, virou um desafio para mim mesma ficar com aquela mulher. Até hoje...
Era tão claro quanto a água, Carrie nunca tinha ficado com uma garota, ela ainda está nas terras geladas e sombrias dos héteros e por isso vive tão infelizmente e irritada. Tadinha, eu não poderia culpá-la, também não sobreviveria bem com aquele macho no meu pescoço.

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⏰ Última atualização: Dec 04, 2022 ⏰

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My Straight Cure • flarrie (REESCREVENDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora