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Olá, hoje era pra ser um dia feliz, mas estamos nos despedindo da minha família... Seria esse o meu "presente" de natal? Eu gostaria de ter ido junto a viagem, hoje eu não estaria chorando, talvez estaríamos comemorando o natal e sentindo a tal magia que ele traz.

Depois daquele desastre, os dias se passaram lentamente, os piscas já não tinham graça, os pinheiros completamente enfeitados, já não eram mais tão bonitos... Sinceramente, nada mais era atraente, nem mesmo a neve pela cidade.

Xx-

Depois de alguns dias, o senhor e a senhora Sylvan conseguiram a guarda do pequeno garoto, não foi tão difícil pois Dewdrop não queria ficar com ninguém a não sei eles.
Dewdrop perdera a personalidade alegre que tinha, toda aquela agitação foi-se embora.
O pequeno garoto estava sentado em um banco beirando a estrada, sua cabeça já estava cheia de neve que havia se acumulado ali devido ao tempo que estava lá, dewdrop já não via sentido em viver.

Os dias continuavam a passar, arrastados e maçantes, todos os dias Dewdrop ia para o mesmo banco, ele dava uma vista completa de sua antiga casa, eram vizinhos. Naquele dia, os novos moradores estavam tirando todos os enfeites de natal que lá estavam, seu coração estava apertado e as lágrimas escorriam por seu rosto, ele não sentia nada mas ao mesmo tempo sentia tudo, ele apenas não compreendia o que estava havendo consigo mesmo. Ele sentia saudades de seus pais e de seu maninho, sentia saudades da sua casa, do seu lar.

Xx-

Dois anos se passaram desde o ocorrido, Dewdrop agora tinha 12 anos, ele estava crescendo.
Em todo esse tempo, a convivência com os Sylvan era boa, o Sr William lembrava muito seu pai, e a dona Madson era igualzinha sua mãe, a energia era sempre a mesma, porém eles não eram de fato seus pais. Rain era o melhor amigo de Dewdrop, Rain sabia que ainda era difícil, e também sabia que para fugir de todos os pensamentos ruins, Dew pulava a janela em meio as noites de verão para ir a praça, e por vezes Rain ia junto, Dewdrop agora era quieto, um tanto hostil e não se alimentava corretamente, estava sempre abaixo do peso. Na escola suas notas já não eram as melhores, ele havia começado a fumar cigarros e saia escondido para encontrar alguns amigos, ele se submeteu a isso para ter liberdade de seus pensamentos, aquele acidente o atormentava todas as noites, assim o fazendo desenvolver vários problemas como insônia, depressão e até mesmo ansiedade, eles dormiam no mesmo quarto, então Rain sabia muito bem das vezes que Dewdrop chorava contra o travesseiro ou quando ele saia de madrugada, pois para pular a janela ele tinha que passar por cima de Rain, e assim nessa mesma rotina, anos se passaram.

Os meninos agora tinham 16 e 17 anos, dewdrop, ou melhor: Sodo, como agora era chamado, continuava naquela mesma rotina, seus problemas com depressão estava cada vez mais grave, Rain se preocupava muito com isso. Parece que Sodo agora estava usando drogas, isso deixava o coração de Rain pequenininho, ele até tentou falar com Dewdrop, porém ele agiu com indiferença e deu lhe as costas, o que magoou Rain, então agora ele não interferia na vida do amigo.

Xx-

Acordei com o sol batendo no meu rosto e gritando para que eu levantasse, olhei o relógio e faltavam 10 minutos ainda, olhei para o lado e não vi Dewdrop, imediatamente fiquei preocupado, essa noite ele não saiu! Será que estaria no banheiro? Eu estava tão preocupado assim pois Sodo começou a cortar seu braço, então sempre que ele sumia durante a noite que não fosse ficar na praça eu entrava em desespero, corri até o banheiro e ele não estava lá, voltei para o quarto desesperado e olhei ao lado da cama de Sodo e lá estava ele jogado no chão, provavelmente tivera novamente pesadelos e caiu da cama, embora eu fosse mais novo eu era maior que dewdrop e consequentemente mais forte, contudo ainda assim eu não conseguiria o colocar na cama, o cobri com o cobertor e fui tomar banho para então ir ao inferno, mais conhecido como cadeia, com o nome social de ✨escola✨. Assim que terminei fui para o quarto enrolado na toalha pois havia esquecido minha roupa na cama, Sodo me encarava com cara de quem ainda estava dormindo porém havia levantado. Ele estava sentado na cama com cara de paisagem.

– Terra chamando Dewdrop! - Fiquei em sua frente, mas ele continuava olhando nos meus olhos, quando olhei novamente para seu rosto, seus olhos estavam completamente encharcados e ele ainda me olhava.

– Eu sonhei com eles... Rain eu sonhei com minha mãe, com meu pai e com meu maninho.... -Dewdrop disse abraçando minha cintura com o rosto encostado na minha barriga, eu não sabia o que fazer, apenas passava a mão pelos seus cabelos e o deixei ali.

– Se acalma meu anjo, você sabe que estou aqui, deveria ter me chamado durante a noite.

– Rain, eu não queria encher teu saco como fazia quando era mais novo.

– Eu me sinto totalmente importante quando você me chama. Olha pra mim - afastei seu rosto do meu tronco e o diz olhar novamente para meus olhos. –Vamos aproveitar que provavelmente vai chover e vamos ficar em casa tá bom? Não precisa se preocupar com escola, vamos conversar sobre você hoje.

– Rain, eu não quero falar sobre mim...

– Se continuar assim eu terei que falar pros meus pais.

– Não faça isso... - ele voltou a abraçar minha cintura e chorar, a noite fora difícil para ele, era visível.
Sodo não demonstrava o que sentia, ele era completamente hostil com as pessoas a sua volta, mas dentro daquela casa ele era um garotinho gentil, mais específicamente dentro daquele quarto, Sodo era apenas o Dewdrop de sempre, o pequeno garoto emotivo de sempre, apenas Rain conhecia esse lado de Sodo. As vezes ele era rude com Rain, porém Rain já não ficava tão magoado como antes pois sabia os motivos de Sodo.

Rain desfez o abraço e Dewdrop o olhou com os olhos ainda derramando lágrima, pegou a ponta da sua toalha e as secou, olhou no fundo daqueles olhos verdes e disse autoritário:

– Dewdrop, me mostre seus braços.

Sodo olhou para baixo e ergueu um braço de cada vez, Rain foi imediatamente para seu guarda-roupas e pegou a pequena caixinha que fez com Dewdrop ainda na infância, lugar onde guardavam suas bolitas, hoje dava espaço a ataduras, remédios e muitos bandaids. Pegou um pacote de agaze, antisséptico, 
Nabacetin e esparadrapo, sentou no chão entre as pernas de Sodo e começou a limpar todos os cortes, limpava, passava a pomada e vestia o corte, fez esse processo até acabar todos, sodo o olhava atentamente pois da última vez que tentou fazer sozinho só fez merda.

– Não faça mais isso.

– É impulsivo

– Toda vez que você se cortar, eu farei um corte em minha perna. Quando sentir necessidade de se aliviar assim, me acorde, vamos lá pra fora, a gente conversa sei lá, mas assim não dá pra ficar! Desse jeito você vai ficar pior, e eu quero você bem!

– tá bom, me desculpe, não farei mais. Não quero que você se machuque por um erro meu... - ele olhava diretamente para mim com os olhinhos novamente se enchendo de água, levantei e novamente o abracei, enquanto ele estava abraçado em mim, eu amarrava seus cabelos.

– obrigado Rain...
Sua voz saiu abafada por conta do abraço, eu apenas continuei mechendo em seus cabelos.
Ele me soltou e eu finalmente fui colocar minha roupa, ele deitou novamente eu desci e fiz café para nós dois, meus pais nunca estavam em casa, como agora estamos dois, eles ficavam mais tempo na empresa, então apenas o jantar passávamos juntos. Levei o café para Sodo  e sentados na cama dele, passamos horas conversando sobre ele, ele me contou tudo o que eu deveria saber. Começou a chover e voltamos a dormir, porém cada um em sua cama, claro.







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Capítulo maior que o outro, e também não está revisado.


Apesar de tudo, ainda é Natal Onde histórias criam vida. Descubra agora