Capítulo 10

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"Não se sinta mal nem por um momento por fazer o que lhe traz alegria."

- Sarah J. Mass

Pov Harry

Um dia me falaram que só conseguimos entender uma pessoa de verdade, quando vemos as coisas no ponto de vista dela. Acho que hoje eu entendi isso, nunca tinha visto alguém tão desesperado, pelo menos não por algo tão pouco, como um corte, causado em uma brincadeira, um acidente.

Eu estudei um pouco sobre psicologia na faculdade de jornalismo, queria fazer jornalismo investigativo e precisava compreender bem as pessoas. E em um dos meus livros tinha como ajudar alguém em um ataque de pânico, ela tem que prender a respiração para ajudar a voltar a consciência. Então eu a beijei, e deu certo, só queria vê-la bem, mas depois quando percebi seu medo, seus motivos por ser tão fechada e sempre me afastar dela, me deixou péssimo.

Quando a vi correndo da pista de patinação quando escutou as pessoas entrando, achei que era vergonha, talvez. Mas não, ela se culpa pela morte do Henry e acha que não merece mais viver, ter ninguém, ser feliz. Ela está apenas sobrevivendo, com uma vida miserável, abandonada por todos, que deveriam cuida dela, amá-la.

Eu faço o que ela pede, a deixo ir. Ela nunca vai permitir que eu me aproxime e nem posso, ela tem razão, se as pessoas descobrirem, nunca vão me perdoar, nunca vão aceitar o fato de querer o bem, da mulher que acidentalmente matou meu irmão.

A noite foi bastante longa, passei a maior parte virando de um lado para o outro tentando assimilar tudo que aconteceu. Agora vou ao parque com a Maya, precisamos tomar um ar. 

— Oi garota, vamos caminhar no parquinho? — Falo colocando a coleira nela. Vamos de carro até o Green Park, é um dos meus favoritos e o da Maya também, e ainda conseguimos ter uma visão perfeita do Palácio de Buckingham e St James's Park, por ser vizinhos — da última vez que estivemos lá, você pulou no colo da garota mais linda que já conheci — faço carinho nela — você parece muito com ela, sabia Maya, quer dizer, não fisicamente, obvio, mas as duas são ruivas e a cor dos olhos, são iguais — não acredito que estou falando de uma garota com minha cachorra, que merda em Harry.

O caminho até o Green Park é tranquilo, conseguimos chegar mais rápido do que o esperado. Estaciono o carro e vou procurar meu amigo que está nos esperando. 

— E aí cara, beleza — Jack me cumprimenta — oi — ele diz e a Maya rosna para ele — ela não gosta de mim, não sei porque, eu sou lindo — ele dá de ombros e só faço rir.

— Eles não gostam de pessoas maus, talvez você seja um — ele mostra o dedo do meio a mim e começo a rir.

Caminhamos um pouco, ou melhor, Maya e eu, o folgado só ficou sentado em um dos bancos reclamando por eu ter feito ele acordar cedo, em pleno domingo.

— Mas me conta, o que rolou entre você e a moranguinho — de quem esse louco está falando? — Dá ruivinha, sei que está rolando algo, pode me falar.

— É complicado, cara — sento no banco ao seu lado — você lembra da garota que estava com o Henry quando ele morreu? — Ele assente — é ela — ele abre a boca como se não acreditasse. 

— Não brinca. Mas ela sabia, o que ela quer?

— Não, eu acho que não, ela disse que só soube quando a levei para meu apartamento — ele me interrompe.

— Você levou uma pessoa que nem conhece para seu apartamento?

— Sim, duas vezes e beijei ela.

— Você está muito ferrado cara. Mas você conversou com ela? Talvez ela tenha se arrependido.

Um casal quase perfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora