Capítulo 11

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"Uma especialista em ser deixada pra trás."

- A menina que roubava livros!

Pov Cassie

Sabe quando você está passando por algo muito ruim e começa a ficar nervosa, ao ponto de uma hora você achar que vai morrer, que seu coração vai parar de bater, tudo ao seu redor fica girando e você não consegue parar, e nem sair daquela situação? Comecei a sentir isso muito nova, a primeira vez foi quando vi minha mãe desmaiada, após ser agredida por um dos seus namorados.

Eu tinha uns nove anos, não conseguir ajudar. Então sair correndo para pedir ajuda, mas quando voltei com meu vizinho, ela já estava desmaiada no chão e o cara tinha fugido. Quando eu vi o sangue escorrendo, eu entrei em desespero. Ela nunca foi a melhor mãe do mundo, quer dizer, nem sei se ela realmente foi uma mãe para mim, algum dia. Mas para uma criança de nove anos, era melhor do que nada.

Então eu comecei a me tremer, meu corpo ficou pesado e alguns instantes depois parecia que eu ia morrer. A minha vizinha viu meu desespero e me ajudou, ela era enfermeira e sabia exatamente o que fazer. Depois me levou para sua casa e cuidou de mim, enquanto minha mãe estava no hospital.

Ela me ajudou a tomar banho, me deu roupas novas, que ela arrecadava para doações, comida. Foi a primeira vez que come comida de verdade, nunca esquecerei o que ela fez por mim. E depois ela me colocou para dormir, me contou uma história e me deu um beijo de boa noite, e eu dormir como nenhuma noite.

Desde então eu não tinha sentido mais isso, até a noite da morte do Henry, então comecei a ter frequentemente, principalmente ao ver sangue, ou pelo menos achar que machuquei alguém.

Como ontem à noite, quando percebi o que fiz com o Harry, flashes da pior noite da minha vida começou a invadir minha mente e o medo tomou conta de mim.

- Olá Gail, bom dia! - Tiro meus fones de ouvido ao cumprimentá-lo. Acordei cedo, então resolvi fazer uma caminhada, passei muito tempo sem fazer exercícios, preciso voltar a praticar.

- Bom dia, menina. Sente, vamos tomar café, tem um bolinho delicioso, receita da minha veia - eu amo o jeito que ele falar da sua falecida esposa, e o quanto ele ainda a ama.

- Bolinho da dona Vera, não tem como recusar - lavo minhas mãos e sento na mesa. Ele sempre vem fazer suas refeições aqui no bar, acho que se sente menos sozinho, deve ser difícil comer naquela casa vazia, depois de tantos anos compartilhando esses momentos com sua amada. Eles eram um lindo casal, o amor deles era notável por qualquer um.

- Garota, porque voltou sozinha ontem à noite, eu vi que estava chorando. Aquele moleque fez alguma coisa com você? - Ele me viu chegando? - Não gosto desses garotos bagunceiros, que mexem com minhas meninas.

- Não se preocupe, Gail, o Harry não fez nada. Eu estava patinando e acabei caindo, só isso - levanto da mesa e levo a louça para lavar.

Hoje não vou trabalhar aqui no bar. Vamos para um show que vai ter, o Gail, abriu uma barraca lá para vender bebidas.

- Tudo certo para hoje à noite? Nunca fui em um evento assim, tão grande - pergunto.

- Sim, as bebidas já foram entregues e está tudo organizado, mandei uma equipe hoje cedo para organizar tudo, a noite vai ser só servir.

- Isso é ótimo.

Agradeço pelo café e volto para minha casa, melhor descansar, a noite vai ser longa. Luke, o outro atendente vai passar aqui para me buscar para irmos juntos.

Eu acho que nunca vi tanta gente na minha vida. Tem vários fãs histéricos na grade esperando os artistas se apresentarem e muitas pessoas que veio apenas para curtir a noite. 

- Olha o repórter, que gostoso - Luke diz e olho para conferir, mas acabo derrubando toda a bebida que estava na minha mão, ao ver, o Harry dando uma entrevista, o que ele faz aqui, e ele é repórter? - Calma, garota, o que foi isso?

- Desculpa, estou um pouco enferrujada - volto a me concentrar no que tenho que fazer. Tem muitos pedidos, mas vou adiantando tudo, assim vou poder curtir um pouco o show. É a primeira vez que assisto um.

Eu acho que nunca fiz tantos drinks como hoje. Foi incrível, as bandas, as pessoas estavam tão animadas e felizes, com uma energia contagiante. A noite passou tão rápida que só percebi que estava acabando quando a última banda estava se despedindo do público.

Organizo tudo com o Luke para irmos embora. Travamos tudo e entregamos a chave para o segurança, amanhã outra equipe vem com o carro maior buscar tudo.

- Olha lá, é o gostosão que fez você derrubar toda bebida em cima de você - Luke aponta para o Harry, ele está guardando algumas coisas na mala do seu carro.

- Merda, Luke, baixa esse braço - tento disfarçar, mas é em vão, ele já me viu.

Eu ainda mato esse cara.

- Cassie... - Harry acena, me viro para ele sorrindo sem graça, que droga - oi, eu não tinha te visto, o que faz aqui?

- Oi, Harry. Estava trabalhando - mostro as coisas que estava segurando. Coloco tudo na mala do carro.

- Vocês se conhecem? - Assinto - não vai me apresentar seu amigo, Cassie.

Eu com certeza irei matar ele.

- Esse é o Luke, trabalha comigo e esse é o Harry - eu preciso sair daqui o mais rápido possível.

- Amiga, acabei de lembrar, tenho que fazer umas coisas antes, não vou poder te levar - olho para o Luke indignada, sei o que está tentando fazer. Ele tenta me jogar para todo cara que aparece na minha frente - querido, poderia dá uma carona para ela - ele me empurra fazendo eu esbarrar nele.

Ele não fez isso, não fez...

- Não precisa, eu dou meu jeito, obrigada - pego minha bolsa e começo a caminhar. Quanto mais tento me afastar dele, mas ele aparece na minha vida.

Eu não deveria ter ignorado meus instintos naquele dia. Eu nunca deixei ninguém se aproximar de mim assim e não é nem que eu não queira ficar perto dele, pelo contrário, eu amo sua companhia. Mas eu preciso ficar sozinha, assim, não vou arriscar perder mais ninguém.

- Entra no carro Cassie, está tarde, eu te deixo em casa - Harry pede, mas ignoro totalmente - você é muito marrenta garota.

- Você não precisa cuidar de mim, eu sei me virar sozinha.

- Mas não precisa e eu só quero te dá uma carona, é madrugada em Londres, é perigoso.

- Eu convivi a vida inteira com o perigo em minha casa, sei me cuidar. Agora me deixa, eu quero você o mais longe possível de mim.

- Por que tem tanto medo de mim?

- Porque eu não quero te machucar, droga. Porque eu não posso mais perder ninguém que eu gosto, eu não aguentaria, porque não é justo eu ser feliz com o irmão do homem que matei, eu nem deveria estar solta, isso é tão injusto com ele, a vida dele vale apenas 3 anos de alguém na cadeia, só por isso, porque não é justo - começo a chorar compulsivamente.

- Cassie...

- Porque você é tão bom comigo, você deveria me odiar. Seria tão mais fácil - baixo a cabeça tentando esconder minhas lágrimas.

- Eu te odiei, por muito tempo. Mas a pessoa que eu odiava, era completamente diferente de você, eu me sinto culpado. Penso no meu irmão e não sei o que ele faria no meu lugar, se ele te odiaria, se ele te perdoaria e eu entendo agora, porque ele gostava tanto de você.

- Eu o amava...

Um casal quase perfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora