Capítulo 3

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"Todas as melhores pessoas têm algum tipo de cicatriz".

- Kiera Cass

Pov Cassie

As vezes é tão complicado entender que é impossível concertar certas coisas. Que nunca vamos conseguir trazer o que a vida levou de volta, que nada vai melhorar, apenas ficar cada vez mais complicado. Estou sentada agora no carro da última pessoa que queria encontrar e eu nem tenho certeza se é ele, não pode ser o mesmo Harry, não o irmão da única pessoa que amei na vida e que eu destruir a vida dele.

Eu namorei o Henry alguns meses. Nunca tive a chance de conhecer a família dele. Mas eu lembro que ele falava muito do seu irmão mais velho, Harry. Eu nunca cheguei a conhecê-lo, na verdade, eu nunca conheci sua família, só os vi no dia do meu julgamento. E eu não estava em sã consciência para decorar rosto de alguém.

— Chegamos — ele chama minha atenção. Olho para um prédio enorme e muito lindo bem na minha frente.

— Eu não posso ficar aqui, eu tenho que ir — tento sair, mas ele vem atrás de mim.

— Por favor, fique apenas até a chuva passar, olhe seu estado, está tremendo. Prometo que não vou te machucar — seus olhos se encontram aos meus e porque ele está me ajudando? Ninguém nunca foi tão bom comigo, não sem querer algo em troca.

Eu morei minha vida toda em Brighton com minha mãe, ou melhor, a mulher que me concedeu. Ela é uma viciada e desde criança tive que me virar sozinha, ela nunca se importou comigo. Me deixava dias sozinha passando fome, e quando voltava parecia mais acabada que nunca.

Fora isso, ainda tinha que aguentar os caras imundos que frequentava nossa casa. Eu fazia de tudo para evita-los, por medo talvez, vergonha, nem sei bem.

Quando eu tive idade suficiente para trabalhar, conseguir um emprego em um barzinho perto da minha antiga escola, o salário era horrível, mas pelo menos eu conseguia comer.

Eu fazia patinação artística e ganhei uma bolsa para estudar em Londres. Foi onde eu conheci o Henry, ele era meu parceiro de dança. E nós apaixonamos, ele era o cara mais perfeito que eu já conheci. E em apenas alguns meses vivemos coisas incríveis e eu o amava mais que tudo nesse mundo, e eu sabia que era reciproco, ele me amava e eu conseguia ver isso só pela forma dele me olhar.

Até que um olheiro da faculdade entrou em contato com a gente falando que iria nós ver em um torneio. Se a patinação era importante para mim, era muito mais para ele. Então um dia antes, passamos o dia ensaiando, já estava tarde da noite e ele pediu para passar a coreografia uma última vez, eu poderia ter falado não, mas eu não fiz, então tudo acabou, a vida dele, e eu não vejo a hora da minha acabar também, eu não mereço estar aqui e ele não.  

Harry me guia até o elevador e coloca no vigésimo andar, ele mora na cobertura e é o único prédio do andar. Ótimo, se eu tiver indo para a casa de um serial Killer, nem tenho para onde correr. O que você está falando Cassie, a única que tem chances de fazer alguma merda aqui é você.

— Cadê sua família, onde você morava? — Ele começa a fazer perguntas, mas não quero responder, meu objetivo é ficar invisível tempo suficiente para ir embora dessa cidade.

Eu não tenho nada a perder, não tenho ninguém aqui. A única pessoa que tenho ainda é minha mãe, mas a última vez que a vi, foi quando eu estava na prisão. Acho que nunca vou conseguir falar essa palavra em voz alta. Ela apenas falou que me avisou e que eu merecia por ter abandonado ela. Ela nunca se importou comigo e quando eu tentei sobreviver, ela não gostou e me abandonou mais uma vez. Desde então não tive mais noticias dela. 

Um casal quase perfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora