Capítulo 17

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"Você me deu uma eternidade dentro dos nossos dias numerados." — A Culpa é das Estrelas, John Green

Pov Harry


Passaram-se quase uma semana e eu finalmente consegui convencer a Cassie. Agora, só falta a parte mais difícil, convencer a Emma a fazer nossa coreografia. Ela é minha única chance, nossa única chance, se quisermos ao menos passar da primeira seleção. Não temos um técnico, mas Emma... ela tem o talento e a disciplina que precisamos para salvar nossa apresentação.

– Não... Você enlouqueceu, garoto? – Emma reage imediatamente ao ouvir a proposta. Sua voz sobe, firme e aguda, ecoando no ambiente.

Respiro fundo, me preparando para implorar se for preciso. Vejo seu olhar repleto de incredulidade e desconfiança, e então tento uma abordagem mais suave, quem sabe ela cede.

– Prima linda, por favor. É só uma coreografia. Nada mais – suplico, buscando um fio de empatia. Contei a ela que estou competindo, e, a princípio, ela pareceu disposta a ajudar, mas quando mencionei que minha parceira é Cassie, a expressão dela mudou. Emma recusou na mesma hora.

– Harry, você tem noção do que está pedindo? A nossa família nos deserdaria se descobrisse. É Cassie! – A indignação e o medo em sua voz são palpáveis.

– Ninguém precisa saber – digo, tentando transmitir confiança, embora eu mesmo sinta as incertezas pesarem. A chance de alguém descobrir é grande, mas eu não posso desistir agora.

Ela me olha com um olhar desconfiado e, ao mesmo tempo, preocupado. Seu semblante se fecha.

– Você está saindo com ela? Harry, ela foi namorada do seu irmão… e ele já se foi. Isso é errado – diz Emma, o tom cheio de severidade. Vejo a decepção em seus olhos, o choque em seu rosto. Ela é uma das pessoas mais justas que conheço, alguém que evita julgamentos precipitados. Mas este pedido, esta situação, é demais até para ela.

– Eu não estou saindo com ela, Emma, eu juro – digo, sentindo o peso das palavras. – Só quero ajudá-la. Ela precisa do dinheiro para sair daqui. Assim que vencermos, ela vai embora da cidade, e nunca mais precisaremos vê-la.

Dizer isso em voz alta me machuca mais do que eu gostaria. A ideia de vê-la partir depois de tudo me deixa com uma sensação de vazio, algo que cresce lentamente dentro de mim, mas que não posso deixar transparecer.

– Se o problema é dinheiro, posso resolver isso em um instante – retruca Emma, como se estivesse procurando uma saída rápida e limpa. – Não vou colocar meus tios nessa situação. E muito menos quero correr o risco de algo acontecer com você por causa disso.

– Ela não vai aceitar, eu a conheço.

Emma respira fundo e me olha fixamente, um misto de preocupação e impaciência no olhar.

– Conhece? Harry, há quanto tempo você anda se encontrando com essa garota? – Ela começa a suspeitar. – Você sabe que ela pode ser perigosa, Harry.

Desvio o olhar, tentando afastar o peso de suas palavras, tentando afastar a dúvida que, aos poucos, parece fazer algum sentido. Sinto-me dividido entre o que é certo e o que meu coração insiste em fazer.

– Talvez tudo tenha sido só um acidente… – digo, mais para mim mesmo do que para ela.

– Se fosse um acidente, ela não teria se entregado daquele jeito – diz Emma com frieza. – Você viu como ela se comportou no interrogatório? Fria, sem se defender. Ela simplesmente se entregou. Como se nada daquilo tivesse importância, como se não houvesse mais nada por que lutar.

Um casal quase perfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora