A coroação

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"Houve um acontecimento terrível: o Rei Pedro III foi assassinado enquanto voltava ao castelo!"

A notícia espalhou-se depressa por todo o território de Nox, como uma água derramada em uma ladeira. A surpresa foi grande, ninguém esperava um ocorrido desse, pois Pedro era conhecido por ser o rei que mais priorizou a paz entre os monarcas da linhagem dos Pedros e de todas as outras anteriores, onde eram famosos pelas conquistas e dominações. Além disso, não havia mais guerra ou conflito entre o reino das sombras e os reinos do continente.


Um dia após a morte do rei, no período da noite, ocorreu o funeral. A cerimônia foi linda, o reino estava em um único silêncio, podia-se ouvir o som dos ventos fazendo ecos entre as cavernas e o choro de alguns familiares que estavam ao lado do corpo. Um pouco mais distante estava alguns de seus conselheiros, que por alguma razão tinham expressões de medo e angústia, como se não acreditassem no que estava ocorrendo ou que poderiam ser os próximos. Já a população ficava no entorno, apenas acompanhando o funeral de uma certa distância, e apesar de alguns não quererem, todos estavam lá, desde as crianças aos idosos.

De repente, uma voz intensa vinda da colina como o som de um enorme tambor, chamou a atenção de todos. Vinha de um homem alto e forte, já deveria ter vivido mais da metade de sua vida, no entanto desfrutava de sua boa saúde. Estava vestido com uma armadura, provavelmente um cavaleiro, e pela qualidade do manto devia ser um comandante. Ao seu lado se encontrava alguns membros das famílias mais poderosas do reino. A repentina quebra do silêncio levou os membros do conselho a discutirem entre si.

— Senhoras e senhores! Primeiramente minhas sinceras desculpas a família e aos demais por interromper o momento de luto, nós lamentamos o ocorrido! — disse com firmeza sem hesitar um segundo. — Porém, como todos estão reunidos, devo informá-los que estamos trabalhando para descobrir quem foi o culpado e já estamos muito perto. Ademais, devido às circunstâncias, já adianto que um novo regente deverá ser apresentado na próxima noite, e todos têm o dever de comparecer às dez horas.

Tal informação não era esperada por ninguém, nem mesmo a alguns membros da família real, o que desencadeou inicialmente um sussurrar simultâneo em meio ao povo, até que tudo rapidamente virou um mar de agitação e tumulto: membros do conselho discutiam entre si e a família real não entendia a fala do comandante em apresentar um regente e não um rei. Várias perguntas foram lançadas, como se a curiosidade dominasse cada um que estava presente:

"Como é possível um rei ser coroado tão rapidamente?" — Parte da nobreza questionava o que aquele ser havia falado, ignorando a citação de um novo regente, enquanto a outra parcela estava em completo silêncio.

"O que aconteceu com os dias de luto?! Não teremos sequer respeito?!" — berravam as pessoas que estavam enlutadas.

Alguns homens que trabalhavam a favor do reino também ficaram revoltados com a rapidez.

"O trono nem esfriou e alguém já vai tomar o lugar"

"O assassino ainda está vivo?!"

"Com certeza ainda está vivo quem o matou, ninguém assassina um rei sem um plano de fuga!"

"Onde está a guarda real?"

Teorias surgiam em meio ao povo, crianças faziam perguntas aos seus pais que por sua vez questionavam àquela figura sisuda que havia acabado de fazer o anúncio.

— Acalmem-se!! — gritava o cavaleiro e o tumulto foi cessando aos poucos. Quando o silêncio total voltou, ele continuou — Todas as perguntas serão respondidas! Mas a coroação deverá ser feita com urgência, não podemos ficar sem um líder! Esse ato contra nós, sem dúvida alguma, foi planejado. Por isso, repito, todos deverão se apresentar em frente ao palácio das sombras às dez horas da noite!

As crônicas da luz e das sombras - Ascensão das TrevasOnde histórias criam vida. Descubra agora