Pedido

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A noite passou lenta e tranquilamente, Chuuya se perguntava como seria os dias quando saísse daquele lugar onde construíra memórias tão ruins. Pelo menos até a chegada de Dazai.
Ele observou o homem adormecido ao seu lado.

A forma  como o peito subia e descia, a boca levemente aberta e aquela expressão serena. Era tão absurdamente lindo que chegava a ser injusto, ainda mais com toda aquela altura.

Ele acariciou o rosto do outro de leve, e foi tomado pelo ímpeto de beijá-lo. Não podia negar que ainda se sentia um pouco inseguro em relação a tudo.

Os dois decidiram que ele iria encontrar a mãe antes de partir. Estava ansioso para vê-la, mas pouco desejava um reencontro com o homem a quem um dia chamara de pai.

Ele suspirou baixinho quando mãos quentes e Macias acariciaram sua cintura.

-Bom dia. -Aquela voz rouca a qual não tivera a chance de se acostumar o acordou. A noite anterior fora a primeira vez que os dois dormiram juntos de verdade. Ele aconchegou-se nos braços do outro, a cabeça repousando em seu peito e ouvindo os batimentos cardíacos regulares. Era estranho ter noção da proximidade de alguém e não sentir medo.

Dazai deslizou os dedos pelos seus cabelos e o envolveu em um abraço firme.

-Está cansado? - Perguntou com a voz lasciva.

-Você é idiota? - Ele bufou, tentando esconder o rubor que se espelhava em sua face. - Eu acabei de acordar. -

Dazai o encarou beijando seus lábios num toque lento e tentador.

-Eu sei. - Ele recostou a cabeça em seu pescoço e fechou os olhos novamente.

-Está preparado para vê-lo novamente? - Perguntou finalmente.

-Sendo sincero, não. Mas preciso fazer isso. - Chuuya respondeu.

-Imagino que seja doloroso, porém como você mesmo disse, faz parte do processo. - O outro completou.

Chuuya assentiu silencioso. Dazai segurou seu rosto mirando-o, depois muito suavemente beijou-lhe na testa, nos dois lados da face e por fim no queixo.

-Vamos curar todas as sua feridas, custe o tempo que custar. - O outro o fitou com um olhar de gratidão e o beijou ardentemente.

Seus corpos eram como duas tochas acesas, ardendo de desejo e paixão. Não importava onde eles estivessem aquela chama sempre estaria alí aguardando o momento certo para queimar.

-Eu estou apaixonado por você. - Chuuya falou baixinho, a voz saindo mais trêmula do que planejara.

-O que disse? Não consegui ouvir. - Dazai brincou.

-Ótimo, por que eu não direi novamente. - Disse irritado.

-Ah ah. Você dirá sim, vou me certificar de que isso aconteça. E é bom que você saiba que eu também sinto o mesmo. - Ele voltou a beijá-lo.

Chuuya sentiu seu coração parar por um minuto, passara a vida lutando contra para não se sentir diminuído pelas coisas que sentia. Acostumara-se as migalhas de amor e compreensão que recebera de sua mãe quando seu pai não estava olhando.

Por isso que não estava preparado para ouvir o outro admitir tão deliberadamente o que sentia.
Ele engoliu em seco e beijou-o novamente, apagando da sua mente todo medo que o assaltava.

Deslizou as mãos pela calça do outro e puxou o pequeno laço que desfizera na noite anterior. Ele o acariciou lentamente até que o outro deu um gemido. Chuuya montou sobre ele,  a parte inferior de suas pernas pressionando o quadril dele.

-Deixe que eu conduza as coisas hoje. - Disse com um suspiro.

-Sou seu. - Ele murmurou, os lábios formando uma linha fina.

Ele começou devagar, demorando-se ao máximo, cada pedacinho dele tremia enquanto se movimentava, aumentando a velocidade enquanto o outro gemia de satisfação. Dazai agarrou -o pela cintura e tomou seus lábios em beijo quente e molhado.

-Está na hora. - Disse enrolando uma mecha ruiva nos dedos.

-Vamos. Temos que nos despedir dos outros. - Chuuya respondeu.

Os dois se arrumaram rapidamente. O sol brilhava alto naquele dia e a neve da noite anterior derretera permitindo a partida do hóspedes que não quiseram ir embora junto com a polícia.

A mesa do café os esperava com uma refeição simples e leve. Alguns hóspedes  haviam partido mais cedo, com exceção da Condessa, Donato e Leonard. A mulher se encontrava sentada, trajava um vestido de corte elegante e em um belíssimo tom de ciano.

-Este lugar será assombrado por muitos fantasmas. - Ela disse depois de saudá-los apropriadamente.

Chuuya assentiu em silêncio.

- Eu tenho uma proposta a fazer para vocês dois. - Ela ergueu a xícara fumegante com elegância e sorveu o aroma antes de dar um gole generoso.

Os dois sentaram-se e serviram-se enquanto aguardavam que a mulher prosseguisse.

-Nossa organização tem como objetivo punir aqueles que devido a influência, nome ou poder, permanecem livres da justiça que a humanidade diz exercer. Mesmo com a morte do assassino de minha irmã, eu não acho que seja hora de parar.

Ela repousou as mãos sobre o colo e sorriu.

-Mas nem todas as pessoas que procuram por justiça, vem com o objetivo de permanecer ligados a nossa Sociedade. E eu não tenho o direito de forçá-los.

Dazai mirou-o e assentiu.

-Vocês dois viram a destruição que homens como Evans e Michaels são capazes de causar na vida das pessoas comuns e muitas vezes colocadas a margem da sociedade em função de sua pobreza e pouco status social.

-O que estou querendo dizer, é que para enfrentar a Elite, nós precisamos de mentes astutas e uma vontade inabalável e irredutível.  Se eu puder contar com vocês, isso seria um acréscimo impressionante a Sociedade dos Esquecidos. E - ela mirou Chuuya. - Vocês teriam um lugar para onde voltar, independentemente de onde fossem.

Chuuya encarou Dazai que sorriu encorajando-o.

-Não preciso que me respondam agora. Sei que vocês tem muito em que pensar, vou deixar esse envelope com vocês e quando estiverem certos do que querem, venham me encontrar. -  Com um aceno de cabeça ela se despediu sem esperar uma resposta.

-E agora? O que faremos?

-Primeiro vamos comer! Seria uma pena desperdiçar os esforços de um cozinheiro tão dedicado. Não concorda?

-Tsc. Você não existe.

A Sociedade dos Esquecidos Onde histórias criam vida. Descubra agora