O assassino

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Dazai desceu as escadas em silêncio. E Leopold caminhou ao seu lado. Seus olhos se arregalaram de espanto quando ele viu a cena.

Frederick se encontrava amarrado em uma cadeira.

-Por que nenhum de vocês faz nada?! -Ele rugiu.

Murdoch se adiantou mas Garber segurou seu ombro e ele permaneceu onde estava.

Chuuya já estava na sala. Elearremessou os papéis aos pés dele. E o encarou, seus olhos eram como duas adagas feitas de gelo.

-O que isso quer dizer? - Ele tentou fingir confusão. Mas seus olhos o entregaram.

-Ah. acho que vai ser uma explicação demorada. -Dazai tamborilou os dedos sobre a mesa.

- A verdade é que há pelo menos 7 pessoas aqui neste hotel que possuem razões para desejar a morte de Phillip Evans.

-E a sua. - Chuuya completou

-Família acima de tudo. É o lema de vocês. Um grupo de pessoas que se reuniram para vingar aqueles que foram esquecidos, postos a margem da sociedade, por aqueles que representam a elite.

-E a líder, é a própria Condessa de Hyde. - Ele sorriu para ela, que assentiu. - Esclareça-nos milady.

-Diana Richards, era minha irmã. tinha 21 anos e a vida inteira pela frente quando foi arruinada por Phillip Evans. Ela a seduziu com a promessa de que casaria com ela, mas a verdade é que ele queria apenas diversão. E quando eles foram descobertos, seu nome foi para a lama, junto com o da nossa família, três dias depois ela se enforcou. Meu Pai era um homem tolo e facilmente ludibriável pelas riquezas de Evans, ele prometeu que conseguira um casamento vantajoso para mim e de fato, foi o que fez. Mais tarde eu descobri que a pobre Diana nunca havia tirado a própria vida. Estava trabalhando em uma taverna meio apodrecida no submundo, e quando eu finalmente encontrei a localização dela, ela havia sumido. Evans havia se encarregado disso. Aquele lixo de ser humano, espero que ele esteja apodrecendo com os vermes iguais a ele.

Dazai retirou do bolso o pequeno objeto e recolou-o ao lado da outra que no momento estava com Simmons.

-O senhor pretendia deixar no quarto de Frederick Michaels, depois que o matasse. Não é mesmo? - O homem permaneceu em silêncio, a face ilegível.

-Foi nossa avó que nos deu. - a Condessa disse saudosa. - Nós viviamos discutindo sobre quem ia ficar com ele. No fim, eu acabei ficando. Mas percebi que era doloroso demais guardá-lo. Eu sempre soube que foi Phillip. Sempre, mas ninguém quis me ouvir. Era só uma garota tola. E depois, graças a ele meu casamento com o conde foi possível. Meu Pai endeusava aquele homem.

-Então, eu percebi que só havia uma coisa entre mim e a justiça que eu queria para a minha adorada irmã. - Ela suspirou antes de prosseguir. -Me livrei do Conde, assumi o título e as posses e criei esta organização, A Sociedade dos Esquecidos. - Ele ergueu as mãos em um gesto dramático.

-Todos os anos eu vinha para este hotel e observava Frederick. O amigo querido de Evans. Eles eram parecidos demais. Perdidos em sua própria ganância e em sua maldade. E um dia eu descobri o maldito caderno. Era o que eu precisava. Com as provas em mãos reuni cada pessoa mergulhada no luto, para executar a vingança que a hipocrisia da sociedade nunca nos propiciou.

-O senhor James cuja a irmã desapareceu aos quinze anos depois de ser vista próxima a uma das propriedades de Evans. - O homem assentiu, a boca formando uma linha fina.

-O Dr. Garber que perdeu o irmão em um acidente de trabalho nas fábricas do Sr. Michaels. - O médico tinha em suas feições uma fúria contida.

-E o Sr. Simons... - Ela parou seu relato.

-Por que Frederick? Ele era o meu único filho. E você era... - a voz dele falhou- o meu melhor amigo. Você é um monstro... O pior que eu conheci. Mas o seu império, termina hoje.

-Eu não queria envolvê-lo... Charlie era curioso demais. -

A mão de Leopold atingiu o rosto de Frederick em cheio.

-Não o chame de Charlie. Você não tem esse direito.

O outro ficou surpreso. Mas prosseguiu.

-...Ele descobriu... tudo. Me perdoe. - Suas palavras eram vazias de sentido. Tudo o que Dazai conseguia ver nele era um animal se agarrando a sua existência patética de todas as formas que podia.

-Você pode devolvê-lo para mim?!! - Vociferou.

-Ele estendeu a outra parte das duas bailarinas.
Em um sorriso sinistro. - Fique com isso, pode pedir perdão ao meu filho, antes de ir para o inferno.

-Não pode fazer isso! Não com tantas testemunhas. - Leopold deu uma risada. E naquele momento Michaels entendeu que não havia ali uma alma viva que fosse capaz de interceder a seu favor.

Ainda assim o homem que uma vez o chamara de melhor amigo, acrescentou.

-Acha que um velho como eu se importaria de passar o resto da minha vida fatídica atrás das grades?

-Você! - Ele mirou Dazai. - Eu o contratei para matar o assassino!!

Dazai deu um sorriso, mas este não chegou aos olhos. Ele deu dois passos e ficou frente a frente com Frederick.

- E estou diante dele.

Antes que ele pudesse dizer algo mais, a boca de Frederick começou a espumar e um pequeno filetw de sangue começou a escorrer de seus olhos, ouvidos e nariz.

-Vá pagar por seus pecados diretamente no inferno. -Garber com a voz gelada, Murdoch segurou sua mão. E ele sussurrou com gentileza para ele. - Não precisa olhar se não quiser.

Algumas pessoas no recinto fecharam os olhos, mas outros o encararam friamente.

-E agora? O que vai fazer conosco? - A Condessa perguntou.

-Eu? Ah não... Me chamaram para resolver um mistério, não para prender um grupo de assassinos que executa monstros com as próprias mãos. - Dazai respondeu.

- E o que vai dizer? - Leopold indagou ainda encarando a face do monstro.

-Ora que um amigo de longa data não superou a morte do outro. Eles eram como irmãos, não eram? - A Condessa assentiu.

- Acha mesmo que alguém vai acreditar nisso?

-Com todas essas testemunhas, inclusive a da própria Condessa, quem vai duvidar?

As pessoas assentiram em silêncio. Enquanto a lareira queimava insistentemente e o único som que se ouvia era o da brisa gelada que vinha do norte.

A Sociedade dos Esquecidos Onde histórias criam vida. Descubra agora