Capítulo 14

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Ken gemeu tranquilamente na cama. Nem se lembrava da última vez que tinha feito ou quando se tinha sentido seguro desde que voltara da Tailândia.
O seu estômago roncou com o cheiro de torradas e chocolate quente. Ken levantou-se da cama e soltou um grito de dor. Não só por James  lhe ter batido, mas também porque começara a sentir cãibras.

Quando chegou à cozinha, sorriu ao ver a sua tia Celestine a cantar uma música que tocava na rádio e sorriu também a ver o seu primo Bob que desenhava concentrado na mesa da cozinha.
Celestine abriu um largo sorriso quando o viu e abraçou-o fortemente provocando uma risada se Bob. Celestine afagou uma das faces de Ken e, de seguida, ajeitou-lhe o cabelo.

- Então, já fizeste? - perguntou segurando-lhe nas mãos.

Ken desviou o olhar para longe do de Celestine. Estava com medo da resposta. Ansiava muito para que fosse verdade, embora o deixasse bastante assustado e se sentisse à beira do abismo.

Celestine olhou para o filho que estava novamente distraído a escolher uma cor para pintar o cachecol de um urso e guiou Ken para a sala de estar. Olhou amorosamente para Bob e suspirou contente.

- Querido, vais ter muitas horas difícies e nem sempre vai ser fácil, mas não há melhor benção no mundo do que uma criança.

- Tia, eu sei, mas...

Ken suspirou e acariciou a barriga.

- Não era assim que eu imaginava que iria ser! Imaginava ter Big ao meu lado, imaginava-o a segurar o bebé, a embalá-lo... Não sei se consigo enfrentar isto sozinho! - disse emocionado.

- Ken, tu não vais passar por isso sozinho, nós estamos aqui! Nós vamos sempre apoiar-te. Fica o tempo que quiseres aqui, Bob adora-te!

- Eu sei tia e sinto-me muito bem aqui mas não quero ser um fardo para si!
Celestine sentou-se ao lado dele e pegou nas mãos de Ken.

- Não és nada disso! Aliás, se o ajudares vem viver comigo. Pelo menos, enquanto o bebé for pequenino.

- Tia, isso é pedir demais.

- Ken, eu passei pelo mesmo e não vais desejar ter mais ninguém ao teu lado do que eu. Eu sei bem do que falo.

Ken estava estupefacto com a sua tia. Por vezes, quando estava em missões ou ia cobrar os impostos ou punir os infractores perguntava-se como poderia ser parente de alguém tão bondoso e solidário como Celestine. Agora era um desses momentos e o seu coração estava demasiado fragilizado para esconder as emoções.

Ken abraçou a sua tia e chorou por todas as mágoas que carregava e por todos os receios que tinha. Sabia que não seria fácil, mas podia finalmente sentir conforto e amor que há muito tempo não sentia. Sentiu-se mais calmo há medida que Celestine afagava-lhe as costas.
Quando se separaram, sorriram um para o outro e encontraram o olhar de Bob. Bob olhava-os preocupado e entregou o desenho a Ken.

- Muito obrigado, priminho!

Ken observou o desenho cuidadosamente e abraçou Bob depositando um beijinho no seu cabelo.

- O meu priminho pode ficar no meu quarto, mamã?

- Eu estava a pensar que Ken poderia ficar no quarto do Jake. Eles têm os gostos parecidos.

Ken franziu o nariz. A únicas coisas que tinham em comum eram gostarem da cor preta e ambos serem fãs de ONE OK ROCK.

- Eu não estava a falar de Ken, estou a falar do bebé!

- Bem, o bebé vai ser muito pequeno e vai precisar do Ken ao seu lado. Para além disso, ele vai chorar muitas vezes à noite com fome.

- Oh, está bem! Mas posso brincar com ele depois?

BigKen - Depois da traiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora