Capítulo 9

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James entrou desvairado em casa. Andava pela casa descontrolado e dizia palavrões repetidamente. Não sabia o que fazer...

Ken estava sentado nas escadas a observar o tio intrigado. Sentia-se tentado a ligar para Pol, mas este dissera-lhe que entraria em contato com ele quando fosse necessário.

Não saberia dizer se sentia mais seguro assim com as câmeras escondidas pela casa. Se James enlouquecesse de vez, quanto tempo é que ele poderia esperar?
Não tinha percebido que o seu tio olhava para si fixamente. A sua boca abriu-se de espanto e subiu as escadas com vigor. Agarrou no braço do sobrinho com força.

- Vai fazer uma mala. Podemos precisar de ter que sair rapidamente desta casa.

- Porquê? Então, e a agricultura? Os tios confiaram em nós para tomar conta do negócio. Não podemos deixá-los ficar mal!

James revirou os olhos e voltou-se para o sobrinho furioso.

- Do que é que tu sabes? Quem trabalha aqui sou eu, quem sustenta a casa sou eu, enquanto tu passas o dia todo a ver desenhos animados e a chorar por alguém que não quer saber de ti, que não te ama!

- Isso não é verdade! Mentiroso! - disse com raivoso lembrando-se do que Pol lhe dissera.

- A sério? Onde é que ele está? - James disse abrindo os braços. - Big? Big? Onde é que estás? - perguntou começando a andar de um lado para o outro. - Quem te disser o contrário, está a te mentir!

Ken tinha voltado as costas e tapava os ouvidos com os braços. Não, Pol, não lhe faria isso. Nem que fosse para o deixar feliz. Recusava-se a acreditar, mas a centelha da dúvida estava na sua mente. Respirou fundo. Odiava o facto de ser tão vulnerável perante James. Odiava o facto de não conseguir enfrentá-lo e odiava ainda mais estar tão dependente de Big mesmo estando tão longe. Passaram dois meses e nada melhorara.

- Também quem poderia te amar? Das duas ou uma: ou ele tinha que esquecer alguém ou é tão feio como tu e, por isso, ninguém lhe pegava!

James soltou um riso asqueroso e Ken fechou as mãos com força, chorando compulsivamente. Atingiu o seu limite.

- O que é que tu sabes sobre amor? Ah? Nunca tiveste alguém na tua vida e sabes porquê? - avançou a cada palavra. - Porque tu não passas de um monstro hipócrita e egoísta incapaz de amar alguém!

James deu-lhe um estalo com força que fez com que Ken cambaleasse. De seguida, pontapeou-o com força nas costelas, fazendo com que Ken gemesse de dor. Ken era sacudido violentamente a cada pontapé, sentido o seu corpo em chamas. Por fim, James parou quando ouviu a campainha e Ken conseguiu arranjar forças para fugir.

Desceu as escadas rapidamente, quase caindo a meio, e abriu a porta de entrada sem se importar com quem os visitava. Abriu a garagem e montou a moto do seu tio Carl.

Pol quase foi derrubado e ficou preocupado. Ken soluçava descontroladamente e chorava compulsivamente. Para além disso, tinha marcas de dedo marcadas na pele do rosto. Pol ouvira a discussão e decidiu ficar perto da casa, caso fosse necessário intervir.

Queria ir atrás de Ken, mas já não conseguiria porque James já o tinha avistado. Então, decidiu enviou uma mensagem codificada para Mark.

Ken aumentava cada vez mais a velocidade não se importando se estava a pôr a sua vida em perigo. Via tudo desfocado por conta das lágrimas que teimavam em escorrer e pensou em Big. Pensou na discussão e chamou-lhe cobarde por não o ter matado logo.
Aumentou ainda mais a velocidade. Sentia a morte cada vez mais perto, enquanto o som ensurdecedor a rugir na estrada.

Mark bebia uma chávena de café fumegante. Agradecia por não terem uma daquelas máquinas automáticas de bebidas e pela senhora Elisabeth ter sempre o seu maravilhoso café caseiro sempre disponível. Estaria com o plantão da noite e suspirou resignado. Precisaria muito daquele café para não adormecer na sua secretária.

BigKen - Depois da traiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora