Capítulo 15

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Ken despertara com fortes batidas na porta. Levantou-se bruscamente na cama, arrependo-se de seguida. Tinha se esquecido da gravidez e tentou reprimir a náusea que sentiu, enquanto as batidas continuavam.

"Mas quem será a esta hora?" Pensou.

Olhou para o quarto da sua tia Celestine e sorriu quando ouviu os seus roncos ruidosos. Algumas coisas não mudavam.

O seu primo dormia no quarto ao lado dormindo profundamente e estava completamente destapado. Estava de barriga para cima e Buzz sorria estranhamente com o seu capacete de astronauta iluminado pela lua.

Desceu as escadas apoiando-se no corrimão para não cair e o seu coração acelerava cada vez que estava mais próximo das batidas. Pensou no que faria para se defender se fosse James, mas o seu cérebro paralisou e o pânico tinha se apoderado de si.

Quando ficou frente à porta, conseguiu ver uma sombra robusta. Avançou com cuidado a tremer e sentiu suores frios na sua nuca. Quando alcançou a maçaneta e a puxou, recuou instintivamente.

- Ken, tu estás bem? Aconteceu alguma coisa?

Apeteceu-lhe rir. Aquelas pareciam-lhe perguntas muito estúpidas para se fazer. A sua vida nos últimos meses tinha sido destruída em milímetros cacos. Naquele momento, era ele que devia de perguntar-lhe aquilo.

- São duas da manhã! O que é que queres?

Elliot olhou detrás de Ken. Batia impacientemente com o pé no chão.

- Não vais me convidar a entrar?

Ken suavizou o olhar e acenou-lhe. Suspirou assim que Elliot passou por si. Estava cansado e não estava com paciência para qual fosse o problema com o loiro. Desde que conhecera Elliot, que só chorava caso o seu pai cancelasse os seus cartões de crédito.

- Tens que me ajudar, eu não sei o que fazer!

Ken apertou a cana do nariz. Estava a ficar sem paciência.

- Não podemos fazer isso depois? Vai dormir, precisamos de descansar.

- Não, Ken! Tem de ser já! - pousou as mãos em cima dos ombros de Ken e chorou suavemente.

Elliot sorriu contente ao ser abraçado por Ken e retirou a seringa do seu bolso e espetou-a no pescoço.

"Agora eu vou puder vingar a minha família e vais pagar por todo o sofrimento que eu passei e por tudo aquilo que eu perdi."

Pegou na mão de Ken e depositou a caneta entre dois dedos. Quando acabara de escrever, cortou um pouco da mão e deixou que pequenas gotas de sangue caíssem no papel imaculadamente branco.
De seguida, levou-o para o carro e posicionou de maneira que parecesse que ele estaria a dormir. Aumentou a velocidade e apertou os dedos no volante. Lágrimas deslizavam pelo seu rosto enquanto as lembranças o acercavam na sua mente. Lembrou-se de todas as conquistas que tiveram juntos, também das desilusões.

Olhou para a pessoa adormecida do seu lado. Parou o carro assim que chegou à ponte. Depositou a cabeça por cima das mãos e chorou descontroladamente. Os soluços rasgavam-lhe a alma e sentiu a consciência pesada.

"Desculpa, mas eu não posso voltar atrás! Desculpa, desculpa" pensou enquanto abanava a cabeça.

Agarrou-se ao corpo de Ken e chorou ainda mais. Quando se acalmou e o choro cessou, tirou a camisola e o casaco de Ken e atirou-os ao rio.

Tentou abrir os olhos, mas sentiu uma forte dor de cabeça. Tudo era demasiado cinzento e poierento. Tossiu e sentiu dores no seu abdómen. Tentou mexer-se, mas não conseguiu. As suas mãos e os seus pés estavam amarrados por uma grossa fita industrial e estava deitado por cima de um colchão. O que estava a acontecer?

BigKen - Depois da traiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora