Water

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Em algumas culturas a água significa tudo. Elemento da vida e destruição. Nela tudo começa e tudo termina. Um papo filosófico bem chato e que definitivamente não encheria os olhos de Neymar. Não mesmo. Todavia, o menino Ney era humano. Tinha necessidades em torno da água. Ele precisava dela para matar sua sede, para sua hidratação pós treinos e jogos. Era um elemento de vida e resistência para ele. Muito embora ele sequer saiba que Leonardo Da Vinci disse certa vez que água é o sangue do planeta.

Neymar era um humano qualquer e precisava de um banho frio para desestressar e relaxar seu corpo.

As gotas escorriam por suas costas definidas, serpenteavam pela musculatura do quadril e caiam no chão do box do vestiário que estavam. Ele permanecia  em um momento de paz, seus pensamentos não corriam para longe do momento, pelo contrário. Neymar sussurrava uma música do momento, deixando a água levar toda e qualquer tensão que tivesse presa a seu corpo.

Ele podia ouvir os gritos de seus colegas do lado de fora do box, fazendo alguma brincadeira idiota que se espera de homens imaturos em banheiros. Ele não se importava de estar um pouco distante, não se isso significasse ficar bem por um momento consigo mesmo. Demorou cerca de vinte minutos mais em um banho com um alongamento proposital, não ouvia mais o barulho dos colegas do lado de fora, mas também não estava com pressa de se juntar a eles no ônibus rumo ao hotel.

Foi quando ele ouviu o barulho da porta da cabine ser aberta prontamente e um corpo grande se colocou lá dentro junto de si.

— Meu Deus do céu! — Neymar gritou alto. Muito alto mesmo. — Richarlison!! Que porra é essa, mano?

— O quê ? — Perguntou pombo, olhando para trás assustado.

— Você tá pelado! No meu box, porra! — Neymar continua a gritar.

Tudo bem, não era o que Neymar queria fazer. Pelo menos não o que eu consigo ver, mas ele olhou quase que no automático para a bunda de Richarlison fazer um trezentos e sessenta e voltar a mostrar aquele seu amiguinho da frente. Neymar virou o rosto para a parede do box.

— Por qual motivo está pelado aqui? — Neymar perguntou.

Pombo deu de ombros.

— Cê já me viu pelado, qual o problema? É só  meu pombinho.

Neymar o olhou incrédulo tentando não descer o olhar para a parte íntima de Richarlison. Mas isso é bem difícil. Quando alguém está pelado na sua frente é meio inevitável não olhar, ainda mais se ele literalmente aponta para a parte íntima com as duas mãos e sorri.

Richarlison era estranho.

— O problema é você estar pelado aqui, comigo!

— E cara, relaxa. Só queria saber se vai me contar o que aconteceu com você.

Neymar riu desligando o chuveiro.

— Estamos pelados! — Disse e só então Richarlison de fato olhou para o corpo do menor.

O camisa nove engole em seco, Neymar era realmente intimidante pelado. Não era muito malhado, na verdade comparado ao corpo grande de Richarlison ele era uma espécie de adolescente com corpo em desenvolvimento. Mas era, por falta de palavras para expressar o que o mais novo estava vendo; interessante.

Ele sobe os olhos devagar pelas canelas de Neymar, devaneia nas coxas torneadas e passa ligeiramente pela barriga do menino. Demora um pouco demais no peitoral, boca e nariz, até finalmente chegar nos olhos que tinha uma sobrancelha arqueada.


— E... qual foi? — Neymar pergunta e pombo ri.

— Acho que não foi uma boa ideia,né!? — Coça a cabeça apoiando o peso em um pé.

— Jura que só agora percebeu? —  O menor fecha os braços não sentindo mais vergonha de estar pelado na frente de Richarlison.

— Mas nada demais né!? Era só pra conversar.

— E achou que era uma boa entrar no box comigo pelado?

— E mano, já reconheci que foi estranho. Mas estava preocupado com você.

Neymar suspirou e andou até o amigo, pondo a mão em seu ombro.  Ele não queria falar sobre aquilo agora, não mesmo.

— No ônibus, pode ser? — Pergunta e se perde por um momento nos olhos opacos de Richarlison. Suspira. — Juro que tô bem, só tô estranho.

— Isso aqui ajuda a ficar mais estranho, né?

Neymar solta uma risada.

— Sim, mas não é isso que está me afetando. Juro.

— Vai me dizer então? Porque eu não me importo de ficar pelado aqui te ouvindo.

Ambos estão rindo agora.

— Vou respeitar seu tempo, só fica bem. Promete? — Ele ergue a mão e Neymar toca em um aperto de irmão.

— Prometo.

Pombo sorri, aquele sorrisinho sem dentes e sai do box. Neymar sorri e vai até a porta, falando alto:

— A próxima vez que entrar pelado no meu box, se certifica que não vai se apaixonar por mim.

Anti-hero | Neymar & Richarlison Onde histórias criam vida. Descubra agora