As pessoas vivem seu luto de algumas formas, mas chamar perder uma copa de luto era muito? Para algumas pessoas sim. Elas dizem: "Siga seu rumo, a vida continua e eles já ganharam dinheiro", isso quando não simplesmente xingam os jogadores ou chamam eles de vendidos. Richarlison provavelmente entraria em um briga se alguém fizesse uma insinuação de que ele tinha entregado seu sonho, talvez até fosse preso por isso, mas não aceitava críticas infundadas a seu respeito. Neymar era o contrário, claro que, críticas o afetam, mas ele simplesmente deixava pra lá ou respondia à altura. Ambos viveram o luto, mas de formas diferentes.
Neymar viveu o seu luto de uma forma não tão bem vista por muitas pessoas.
Ele não parou de sair em nenhum momento. Foi para festas, bebeu o quanto pôde e se quer se apresentou ao Paris Saint-Germain junto aos seus colegas de time, apenas saiu para o maior número de lugares que conseguiu e aproveitou seu então intitulado luto. Certa noite, quando estava em uma festa com sua irmã, ele recebeu uma ligação de Antony enquanto abria um champanhe.
— Estou em Paris meu pit, onde cê tá vacilão? — Antony grita.
Neymar olhou pra tela tirando o celular do ouvido.
— Alô? — A voz bêbada de Neymar era engraçada.
— Você está onde filha da puta? — Grita o baixinho.
— Mesma boate de sempre, vem pra cá? — Neymar pega uma taça e leva até a boca. — Traz dinheiro, tô duro.
Antony riu.
— Vinte minutos, se prepara para pagar tudo. — Desligou.
E Neymar voltou para a festa.
Ele gostava daquilo. Gostava de ser o centro das atenções se fosse no bom sentido, ser bajulado e amado por pessoas que sorriam alegres por um simples olhar seu direcionado a elas. Ser famoso, um ídolo, era o que ele mais gostava na vida. Não existe sensação que descreva o quanto ele ama ter todos aos seus pés, pelo menos em teoria. Qualquer um amaria ser famoso, se fosse de fato apenas a glória e os holofotes. Neymar respira fundo olhando ao redor, muitas pessoas estão encarando ele com uma champanhe em suas mãos. Sorrisos, muitos sorrisos. Poucos sinceros.
Nicolau Maquiavel era conhecido como a terrível mente por trás de O príncipe, livro que teria sido o xodó de muitos ditadores ao longo da história. Mas o pobre Nicolau não era um ditador ou um monstro, ele era um homem e político que observava a sociedade e resolveu escrever um livro de instruções de como se comportar sendo um governante. É nesse livro que a famosa frase; "É bem mais seguro ser temido do que amado", pode ser encontrada. Tal frase que assombra leigos sobre o assunto central do livro, entretanto, como uma obra política, Maquiavel também observava ângulos diferentes do povos, o mesmo livro que escreveu frases como tal, também escreveu: "Todos veem o que você parece ser, mas poucos sabem o que você realmente é."
Neymar se sentia assim, como alguém sendo julgado apenas por um lado. Seu verdadeiro sentido era ignorado por todos e isso incluía alguns de seus amigos e até a si mesmo. Ele possuía um senso crítico de si, sabia quando e como errava. Qualquer pessoa normal se culparia e tentaria melhorar, mas não ele.
Neymar se torturava em alguns momentos.
— Você pode sei lá, gravar um vídeo fingindo ser meu amigo? — O garoto à sua frente diz em francês.
Neymar estava agora na parte aberta da boate, encostado no peitoril que dava acesso a varanda e mostrava um céu estrelado em Paris. Ele pode ver algum resquício de fumaça sair da boca da boca carnuda dele. Estava um pouco frio demais para estar em uma varanda.
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Anti-hero | Neymar & Richarlison
FanfictionNeymar está cansado de ser o anti-herói da seleção brasileira, buscando se entender ele busca apoio em Richarlison, que talvez precise ser o seu herói.