- Prólogo I -

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🗓️Ano 1458, após a Grande Guerra.🗓️

   A espada cinzenta e gasta repleta de dentes cortou o meu ombro trazendo a sensação gélida de uma mão transpassando meu coração com uma leve pontada. Correndo para trás da espada do inimigo, sumindo de seu campo de visão por um momento, aproveitei sua falta de reação para revidar, Respirei fortemente começando meu movimento de ataque.

–"Haaa..."

Esta era a 14° ou a 15° vez que repetia o movimento, mas a euforia junto com os diversos padrões de movimento ramificados do oponente mantinha vívido o sentimento de anseio no combate como se fosse a primeira vez que o fizesse.

Forçando a respiração para recuperar o fôlego. Meu "corpo" nesse plano não precisava de oxigênio mas o corpo do outro lado, ou seja, meu corpo em transe no mundo real deveria estar respirando com certa dificuldade, Isso levando em consideração meus dedos e mãos ensopadas de suor e as batidas aceleradas do meu coração.

É claro. Nesse exato momento o que está em minha frente não passa de uma vívida lembrança trazida à tona por meu sistema sensorial e a sensação de perigo e morte que passa por minhas sinapses mantendo o corpo em alerta não é nada mais do que meu próprio subconsciente simulando o acontecimento daquele dia fatídico o qual nem mesmo eu me lembrava com tantos detalhes para poder descrever.
Mas apesar disso, o fato de que naquele momento ambos estávamos lutando pela própria vida não mudou.

Pensando dessa forma, essa luta se torna completamente injusta. Isso por que o "inimigo" em minha frente (um humanóide com braços cobertos de escamas esverdeadas brilhantes e com cabeça e calda de lagarto) não era de fato uma criatura, muito menos algo realmente vivo. Era apenas uma criação fictícia que o meu subconsciente recriava não importa quantas vezes fosse morto.

– "Quase.. Preciso ir mais rápido!"

A parte analítica do meu córtex frontal, à qual era responsável por recriar o homem lagarto estudava os meus próprios movimentos à fim de reforçar as habilidades do inimigo a cada segundo que o embate se prolongava. Além disso, no momento em que essa criatura fosse destruída, os "dados" eram reestruturados e suas informações não continuariam com o próximo ser que apareceria. Então, pensando dessa forma, de alguma maneira o homem lagarto também estava vivo. Um ser único nesse plano.

–"... Você está vivo, Não é mesmo, seu bastardo!?"

Não havia como ele entender uma palavra do que lhe foi dito mas o homem lagarto, uma criatura originalmente nativa dos grandes planaltos de lava do Nero chamado grotescamente de "Lizardman Lord" pelos humanos sorria, mostrando suas presas afiadas em sua mandíbula tão focado na batalha quanto eu. Essa era a sua realidade. Tudo nesse plano é real. Não é um "sonho". Para ele isso não é falso de forma alguma.

Colocando a espada da mão direita em paralelo ao corpo observei por um segundo o inimigo. O homem lagarto então moveu o escudo de sua mão esquerda para frente e posicionou sua lâmina para trás.

–Tsc, tsc.. Você e esse golpe sujo...

Uma brisa seca e árida atravessava a masmorra escura e inóspita apenas para indicar que do outro lado, meu corpo com a garganta seca já começava a apresentar sinais de fadiga.

–"Kraah!!"

Gritando, o homem lagarto saltou pegando impulso. A espada curvada desenhou um arco acentuado que voou em minha direção. Uma ofuscante luz laranja acompanhou sua trajetória; Um ataque de um único golpe de alto nível de esgrima utilizando mana.

   <Fell Crescent>  Era uma formidável técnica de tipo impacto que cobria uma distância de 4 metros em apenas 0.4 segundos.

Mas... Esse ataque já era esperado, na verdade, havia lentamente me afastado para induzi-lo a criar essa situação. Agora perto do homem lagarto, era possível sentir o calor que a espada serrilhada gerou ao cortar o ar centímetros em frente ao meu nariz.

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