O despertador parecia estar dentro do seu cérebro. Dessa vez sentia tanta dor de cabeça que se obrigou a jogar o despertador na parede. Abriu os olhos com raiva, sentindo que seu cérebro ia explodir.
E só piorou quando sentou na cama e olhou para as suas mãos, vendo linhas vermelhas presas aos dois dedos minguinhos delas. Tinha certeza que era uma brincadeira idiota.
- Que tipo de brincadeira de mal gosto é essa, Uraraka? E como você entrou no meu apartamento? - Levantou, seguindo as linhas. Não davam em lugar nenhum, mas não acabavam também. Era muito estranho. - Como você fez isso, caralho?!
Pegou uma tesoura e tentou cortar. Era como se os fios nem existissem. Tentou arrancar dos seus dedos, mas não saía por nada. Não conseguia nem segurá-los, eram como uma ilusão de ótica.
- Eu só posso estar ficando louco.
Tentou ignorar aquilo e foi se arrumar pro trabalho. Pensou que talvez se fingisse que não os via, eles sumissem. Mas não funcionou.
Já pronto, foi para o elevador. Um casal entrou consigo.
- Bom dia. - Olhou para as mãos deles. Tinham linhas nos minguinhos também, mas não estavam ligadas uma a outra.
- Bom dia.
Já no estacionamento, viu outro casal. Duas garotas. Seus fios se ligavam, e elas tiravam caixas do carro, pareciam ter acabado de se mudar. Uma delas sorriu e andou até ele.
- Oi! Você é aquele amigo do Midoriya do parque, né? Eu sou Momo Yaoyorozu. É um prazer! - Ela apertou a mão do loiro.
- Se você é amiga do Deku, sabe que eu e ele não somos amigos. Mas sou Katsuki Bakugou, prazer.
- É, eu sei.. mas já que ironicamente vamos morar no mesmo prédio que você agora, pensei que poderíamos conviver pacificamente. Não ligo pros problemas que você e o Midoriya tem. - Katsuki ficou impressionado com o fio delas. A ligação parecia inquebrável. Mas era engraçado como o fio de esticava e diminuía conforme elas se aproximavam fisicamente ou se afastavam. - Aquela é minha namorada, Kyouka Jirou. Ela não quis vir te cumprimentar, sinto muito por isso. Ela é meio.. protetora com o Midoriya. Tá sempre do lado dele, não sabe ser neutra.
- Não tem problema. Ela não tá errada em defender o amigo, de qualquer forma. Apesar de que eu sou bem melhor do que ele. E se me da licença, preciso ir pro trabalho.
- Claro! Me desculpe por gastar seu tempo.
- Sem problemas. - Sorriu da maneira mais gentil que pôde, e se enfiou no seu carro. Olhava as pessoas na rua e todas que viu tinham um fio vermelho no minguinho.
Novamente resolveu tentar ignorar. Ia acabar enlouquecendo com aquilo. Ainda mais por que tinha fios vermelhos nas duas mãos, e as outras pessoas só tinham em uma.
Quando chegou na empresa, percebeu que estava super adiantado. Havia se arrumado muito rápido. Mas não era ruim chegar cedo.
Foi pro seu andar e andou até a sua mesa, ficando parado por alguns segundos. Sentia que estava enlouquecendo.
- Bom dia, Kacchan! O chefe quer algumas atualizações sobre nosso progresso hoje e- - O encarou e franziu o cenho. - Kacchan, você tá pálido. Tá se sentindo bem?
- Tô ótimo. - Levantou o olhar pro esverdeado que estava em pé ao lado da sua cadeira. - Continua falando.
- Sério, você tá tipo, muito pálido. Parece que viu um fantasma. Vou pegar água pra você. - Colocou a mão na testa do loiro, ele estava muito quente. Pegou um copo d'água e o entregou. - Kacchan?
- Eu to bem! - Bebeu a água, respirando fundo. - Que hora é a reunião?
- Em vinte minutos. Tem certeza que tá bem?
- To, eu só.. - Parou, lembrando que falava com Izuku Midoriya. Não tinha que lhe dar explicação. - Por que você se importa?
- Tá falando sério? Não é por que eu não gosto de você que quero que você morra, idiota. - Revirou os olhos. - Bebe mais água, vai.
Não respondeu, só fez o que lhe foi pedido. Então olhou pra mão do esverdeado. Ele também tinha dois fios vermelhos nos dos dedos minguinhos.
Largou o copo com água e segurou as mãos dele, que ficou surpreso mas não se mexeu. Um dos fios estava ligado ao seu dedo. Eles tinham um fio ligado.
Não.
- Kacchan..?
- Sai daqui.
- Mas você parece que vai vomitar-
- Só sai! - Deu um grito. O outro não disse mais nada e se afastou.
Pesquisou na internet sobre a lenda do fio vermelho. Aka ito. Almas gêmeas ligadas por um fio vermelho. Só podia ser brincadeira com sua cara, uma piada ridícula e completamente sem graça do universo.
Trincou os dentes e desistiu de procurar sobre aquilo. Foi fazer seu trabalho que ganhava mais. Mesmo não se concentrando muito, fez tudo perfeitamente.
A reunião foi tranquila também. Mas não conseguia parar de olhar pro seu fio vermelho ligado a Izuku. Enquanto estavam sentados lado a lado conversando com Toshinori, o que mais queria era cortar aquilo.
Mas sabia perfeitamente que não tinha como.
Na hora do almoço foi encontrar Ochako na frente do prédio, mas não sentia vontade nenhuma de sair pra comer.
- E ai, meu bom homem! - Ela cumprimentou, dando um soquinho no braço dele. - Foi tranquilo com meus pais ontem depois que você saiu. Minha mãe ficou meio quieta, até. Assistimos uns filmes antigos de comédia. Enfim, vamos almoçar aonde? Não to com muita fome, mas é a única pausa que temos pra comer.
- To vendo coisas.
- Ahn?
- Fio vermelho. - Olhou pra morena, que parecia não estar entendendo absolutamente nada. - Akai ito. Conhece?
- Claro! Adoro essa lenda.
- Eu to vendo os fios, Ochako.
- Isso é impossível.
- Eu queria que fosse. - Ele suspirou. - E não to com fome, também.
- Você pode seguir seu fio e encontrar sua alma gêmea! - Disse em tom de brincadeira. Achou realmente que ele estava brincando.
- Não é brincadeira. Eu to vendo fios vermelhos mesmo. E eu preferia não saber a quem o meu estava ligado. - Falou, lembrando então que tinha dois fios. Olhou pra baixo e percebeu que o da outra mão estava ligado ao da morena, que por acaso também tinha dois fios. - Ochako..
- Você tá me assustando.
- Preciso que acredite em mim. E não conte isso pra ninguém, também. Eu sei que parece loucura. Porra, talvez eu esteja louco.
- Ou não.. - Ela mordeu o lábio. - Parece loucura mesmo, mas eu acredito em você. Então, quem é minha alma gêmea? Fiquei curiosa, a gente pode seguir o fio?
- A gente não precisa, na verdade.. - Sentiu seu rosto esquentar, então trincou os dentes. - Sou eu.
Ela pareceu surpresa por um tempo, depois riu.
- Você inventou tudo isso pra flertar comigo? Sabe, teria sido mais simples se você só tivesse me chamado pra sair. Eu aceitaria.
- O que?! Não, Ochako, é sério! Mas que caralho. - Revirou os olhos. Então, notou Izuku saindo do prédio. Provavelmente iria sair pra almoçar.
Um de seus fios estava ligado a si, e o outro.. a Uraraka. Estavam os três presos um ao outro. Sentiu ânsia de vômito ao ver aquele triângulo.
- Katsuki?
Seus olhos rolaram. Só conseguiu ver Midoriya correndo até si e o pegando antes que ele caísse no chão, então, desmaiou.
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『 ɑkɑi ito - Bakudekuocha 』
Fiksi Penggemar❝Kɑtsuki nα̃o ɑcreditɑvɑ em ɑlmɑs gêmeɑs. Pɑrɑ Bɑkugou, ɑs pessoɑs fɑziɑm seus próprios destinos e ɑmɑvɑm ɑ quem escolhessem. Mɑs esse pensɑmento mudou quɑndo começou ɑ enxergɑr ɑ tα̃o fɑmosɑ linhɑ vermelhɑ interligɑndo ɑs pessoɑs umɑs ɑs outrɑs. O...