Invoco o direto de Parlamentação

28 7 0
                                    

Mackenzie subiu para cima, depois de rodopiar sem parar, conseguiu dependurar em outro poste,  rolou quando caiu ao chão,  correndo e  ouvindo muitos disparos atrás de si.
- Senhor Tommy. - disse o Comodoro para um dos seus homens - Mackenzie Coyle está condenada à forca, e será morta ao amanhecer. Não deixe acontecer o contrário disso.
O homem assentiu e deu a ordem para espalhar todos os guardas passíveis sobre Port Royal, eles capturariam aquela pirata.
Vendo guardas passarem, Mac saiu de trás de uma estátua, roubando a sua espada e colocando em sua cintura.
Ela entrou em  uma pequena casa de madeira ao lado da estátua, onde se faziam espadas.
Olhou para o bêbado que havia lá, mecheu em seu rosto e o homem só roncou mais alto.
Por enquanto, estava segura.
Olhou em volta do lugar, tentando achar um modo de quebrar as suas correntes, e tinha achado um jeito, assim que conseguiu as quebrar , teve que se esconder pois alguém estava vindo.
Era uma garota, um pouco mais alta que ela, com os olhos puxados e cabelo preto.
Erin entrou pela porta, alisando o burro que havia ali e observando o velho bêbado, abrindo um pequeno sorriso.
- Bem onde eu deixei. - disse ela, antes de andar mais um pouco
A Tieng franziu a testa, ao ver o  martelo.
- Você eu não deixei aí. - ela disse e olhou para o lado, vendo um chapéu
Mas antes de sequer o tocar, algo bateu em sua mão, a ponta de uma espada.
Uma garota baixa, de cabelos loiros, escuros,  soltos; com algumas  tranças e miçangas no cabelo estava a sua frente.
- É você quem estão procurando! - ela disse, olhando para a garota em sua frente, que a observada com o cenho franzido
- Você me é familiar. Escute garota, eu já te ameaçei antes?
Erin negou, com a cara fechada.
- Eu tento evitar familiaridades com piratas.
Mac levantou as mãos,  e disse, indo em direção da saída:
- Está bem, eu não quero manchar a sua reputação.
A Tieng hesitou, antes de pegar uma espada que tinha ali e apontar para Mac.
A Coyle se virou, achando a atitude de Tieng tola.
- Acha isso sensato, garota? - Mac disse, sorrindo zombeteira - Cruzar  espadas com uma pirata?
- Você ameaçou a senhorita Brandman! - disse Erin
Mac sorriu, dando um passo a frente e deixando suas espadas rasparem entre si.
- Só um pouquinho.
Mac avançou, e Erin conseguiu bloquear todos os seus golpes, fazendo Coyle ter que desviar para o lado, se não seu cabelo seria cortado.
- Sabe o que faz, admito isso. - falou Mac, um pouco impressionada - Mas como vai o seu jogo de pés?
Coyle rondou um pouco a Tieng antes de atacar.
- Se eu pisar aqui... - ela investiu, Erin bloqueou e contra-atacou - Muito bom!
Mac a elogiou, dando a volta para o outro lado.
- Mas se eu pisar aqui de novo... - a Tieng novamente atacou, e tentou colocar a espada na garganta de Mac, mas Coyle a bloqueou, abaixando a espada de Erin e lhe dando um sorriso.
- Adeus!
E foi em direção da saída dos  fundos, mas Erin lançou a sua  espada e ela parou a alguns centímetros do rosto de Mac; que arregalou os olhos e tentou tirar a espada,mas não saía de jeito nenhum.
Ela tinha ficado preso a porta.
Mackenzie bufou, se virando para trás e revirando  os olhos.
- Foi um excelente truque. Só que mais uma vez você está entre mim e a saída. - ela se aproximou mais, pondo a espada na direção de Erin - Só que dessa vez, não tem arma.
Erin Tieng rapidamente tirou uma espada do forno, que ainda não havia ficado pronta e a lançou contra Mac.
A Coyle desviou, bloqueou a espada e muitas faíscas saíram de lá, antes de Mac se desviar de mais um corte de espada ela perguntou, surpresa:
- Quem faz as espadas?
Erin sorriu, quase arrancando a cabeça de Mac por pouco.
- Eu faço. E prático, três horas por dia.
A Coyle se abaixou, antes de atacar de novo, rindo sarcásticamente.
- E a quem está tentando impressionar? Um garoto? Lamento querida, homens só  gostam de mulheres burras e fúteis.
Mac subiu até a ponta de uma carroça quebrada que tinha ali, parecendo com uma gangorra, tentando se livrar dos ataques de Erin.
-  Eu prático três horas por dia, para quando encontrar com uma pirata, poder mata-la! - disse Erin, tentando cortar a garganta de Mac, mas ela  bloqueou
- Ahh!! - disse Coyle, sorrindo - Essa é uma boa razão.
Mackenzie foi para frente, mas depois para trás e derrubou Erin, a chutando no rosto e  jogando ela no chão.
Mac rapidamente pegou um saco de terra, jogando nos olhos de Erin.
Tieng  tentou tirar a terra dos olhos, e quando se virou novamente para Mac ela tinha uma arma apontada na sua direção.
- Você trapaceou! - disse Erin,chateada
- Pirata. - Mac disse, como se explicasse tudo.
Ouvia-se alguns socos na porta do outro lado, os guardas a tinham encontrado.
- Saia da frente! - disse Mac para Erin
- Não!!
- Por favor! - implorou a Coyle ainda com a arma apontada para ela - Esta bala não é para você!
Erin franziu a testa, mas disse, decidida:
- Não posso deixar que você escape! - disse a Tieng
Mackenzie engatilhou a arma, parecendo sofrida em faze-la.
Mas um baque se foi ouvido atrás da Coyle.
E antes mesmo de pensar em puxar o gatilho o cara bêbado tinha acordado, e quebrou uma garrafa de vidro na  sua cabeça, fazendo Mackenzie cair no chão, desmaiada.
Os guardas invadiram ali e pegaram Mac pelos braços.
- Bom trabalho, Sr. Brown. Ajudou na raptura de uma grande fugitiva.- disse um dos guardas ali para o bêbado
- Que nada,  senhor. - disse o Sr. Brown - Eu só fiz o meu trabalho.
E a três passos dali, Erin Tieng ainda cuspia terra pela boca. Infeliz pelos guardas não terem visto o seu grande potencial.
Na prisão de Port Royal, prisioneiros tentavam chamar um cachorro com um molho de chaves na boca.
- Venha cá, menino. - chamavam os homens da cela ao lado de Mac - Venha pegar um suculento osso!
- Podem chamar a vontade, o cachorro não vai obedecer. - disse Mac, estando  ciente que a atitude deles era tola
- Ah me desculpe, princesa pirata. Nós ainda pedimos perdão por não ter ido a forca! - disse um dos prisioneiros, zombando
Mac ajeitou mais o chapéu em seu rosto, achando graça pelo o que o homem havia dito.
Já na casa do governador, uma criada  colocava uma  panela de ferro com brasas no fogo,e punha na cama,  para esquentar Karina Brandman, que tomava um chá de camomila, lendo um bom livro.
- Olha senhorita, eu sei que hoje foi um dia difícil. - disse a criada, enquanto arrumava sua cama
- Eu desconfiava que o Comodoro pediria a minha mão. E admito que não estava preparada para isso. -disse Karina, franzindo um pouco a testa
A criada a olhou estranho.
- Eu me referi a ser ameaçada por uma pirata! Não foi terrível?
- Uh, sim. Foi terrível.
Ah, a pirata.
Karina evitava pensar pois  aquela era, com toda certeza...a mulher mais bonita que a Brandman já havia visto, o seu jeito de vestir e agir tinham a intrigado de um certo modo.
A pirata tinha 4 dentes da frente, um de cada canto da sua boca, com uma base de ouro, e os outros dentes em perfeito estado.
E toda vez que ela abria um sorriso, os dentes de ouro ficavam a mostra.
Karina sempre tinha pensado que todos os piratas eram homens feios barbudos e com pernas faltando.
Mas Mackenzie Coyle não se encaixava em nenhuma dessas características.
E ainda por cima era linda.
Tentou tirar esses pensamentos da cabeça, pois a pirata que estava pensando, ameaçou tirar a sua vida nessa  manhã.
Enquanto isso,  a sua criada continuava falando.
- Mas o Comodoro pediu-lhe em casamento! Vocês formam um ótimo casal. Se não for atrevimento dizer.
- Não é atrevimento. - disse  Karina desanimada - É, um ótimo casal. Ele é um bom homem, do tipo que toda mulher deve sonhar em se casar.
A criada sorriu com as palavras de Karina, parecendo encantada.
- Você é sortuda, senhorita Brandman.- ela disse retirando suas coisas e indo na direção da porta - Boa noite.
Karina não respondeu, mexendo em seu colar e observando a luz da vela dançar nas sombras, como se alguém tivesse assoprado.
No alto de um forte , o Governador e o Comodoro tinham uma conversa entediante.
- Minha filha já lhe deu uma resposta?- perguntou Sr. Brandman
- Ainda não, senhor. - respondeu o  Comodoro Norrington
- A dê algum tempo. Ela deve um dia terrível.
Norrington somente assentiu com cabeça, acompanhando o governador.
- Tempo horrível, não acha? - perguntou Sr. Brandman
- Sombrio. Muito sombrio. - concordou ele
Mas de repente ouviu- se um grande silêncio e um segundo depois algum estalo.
- O que foi isso? - perguntou o governador
O Comodoro, se deu conta um segundo antes de acontecer, se jogou no governador, gritando:
- Tiro de canhão! Responder ao fogo!!
Na cela, Mackenzie rapidamente se agitou, aquele barulho era música para seus ouvidos.
- Eu conheço esses canhões. - disse ela se levantando para espiar na janela - É o pérola.
- O pérola negra? - perguntou um dos prisioneiros - Já ouvi histórias. Ele ataca navios e povoados há 12 anos. Nunca deixa sobrevivente.
Mac deixou de olhar pela janela por um momento, para zombar do prisioneiro.
- Nenhum sobrevivente? Então me diga, quem conta as histórias?
O homem da cela ao lado fechou a cara, aparentemente sem resposta para a sua pergunta.
Enquanto isso, balas de canhões voavam para todos os lados. Pessoas morriam e casas eram destruídas.
Karina Brandman acordou com o barulho, se escorou levemente na janela de seu quarto vendo Port Royal praticamente em chamas, e entrou ainda mais em desespero quando viu piratas passarem pelo portão de sua casa.
A Brandman correu para dizer ao mordomo para não atender, mas não conseguiu ser rápida o suficiente.
- Não!!
Com um tiro  na cabeça, seu mordomo  caiu na porta principal de sua casa, manchando o seu tapete de vermelho.
- Ali em cima ! - disse um dos piratas
Karina soltou um tremendo grito vendo aquela cena e correu escada acima, entrando em seu quarto e fechando a porta.
Quase pulou de susto ao ver sua criada ali.
- Senhorita Brandman, eles querem rapita-la!!
- O que?!
- Você é a filha do governador!
Os piratas começaram a forçar a porta.
- Olha. - Karina disse para sua criada - Eles ainda não te viram, assim que puder saia e corra para o forte. Me ouviu?
A mulher acenou freneticamente com a cabeça.
Karina correu para onde a panela quente estava e rapidamente a pegou, acertando a cara de um dos piratas. Ela ia acertar em outro, mais ele o segurou antes.
- Te peguei! - disse o pirata
- Não! - disse Karina e apertou o a alavanca em que abria a panela
E observou satisfeita brasas em chamas cair sobre eles.
- Aaiaiai! - disseram os piratas-Quente!!
Vendo sua criada ir embora, Karina conseguiu correr pra ir também.
Descendo as escadas rapidamente e passando um segundo antes de um  lustre cair no chão e os atrasar um pouco.
Ela entrou dentro da sala do seu pai, a trancou e tentou tirar uma das espadas que tinha na parede para si, mas nem conseguiu fazê-la mecher.
Grunhindo em frustração, ela arrumou um outro jeito.
Abriu as janelas para pensarem que ela pulou, e foi se esconder dentro de um armário.
E então a porta foi arrombada.
- Sabemos que está aqui, doçura. - disse um deles
- Prometemos que não vamos machucar você.
O pirata ao seu lado franziu a testa.
- Prometemos?
O outro homem revirou os olhos lhe dando um tapa na testa.
- Claro que não, idiota!
- Nós vamos te achar!- continuou o pirata - Você tem algo que é nosso, e está clamando por nós.
Karina observava a moeda em suas mãos, quase fascinada com o que via.
- O ouro cheira. O ouro nos chama.
E de repente o armário foi aberto, revelando uma Brandman assustada.
- Olá, belezinha! - lhe disse o pirata, antes de erguer sua faca
- Parlamentação! - disse ela, desesperada
- O que? - perguntou o pirata
- Parlamentação. Invoco o direito de Parlamentação. O código dos Brethren  afirma que eu posso falar com o seu capitão.
- Eu conheço bem o código. - disse o pirata
- Se um adversário exige a Parlamentação, não pode feri-lo até que concluam. - continou Brandman
- Pro diabo com o código! - disse um dos piratas
- Ela quer ver o capitão. - disse o outro, com um certo ar zombeteiro - E irá sem se queixar. Devemos honrar o código.
Karina tinha se salvado, por hora. E naquele mesmo momento Erin Tieng lutava com muitos piratas de uma vez só.
- Diga adeus! -lhe disse um dos piratas a um ponto de rasgar sua garganta
Por sorte, algo foi jogado de lá de cima e empurrou o pirata para o lado.
- Adeus. - disse Erin
Ela viu Karina sendo levada por piratas e tentou ir atrás, mas algo foi jogado aos seus pés, uma granada.
- Saia da frente, escória! - gritou um pirata para Erin
Por sorte não estourou, mas  antes de contar vitória, algo metálico atingiu sua cabeça e ela caiu desmaiada no chão.
Mackenzie Coyle também não estava com sorte. Uma bola de canhão havia atingindo a cela dos prisioneiros e eles haviam escapado.
- É querida, a sorte não está com você. - disse um dos prisioneiros antes de sair pelo buraco da parede
- Não o diga. - disse Mac, antes de se abaixar e pegar o osso, estendendo para o cachorro - Totó! Venha aqui, garotão!
Observou horrorizada o cachorro a ignorar e ir embora.
- Espere aqui!! Seu vira-lata imundo dos infernos!
Piratas desceram onde Mac estava e ela logo tratou de ficar em pé. Para preservar a sua dignidade.
- Aqui não é o arsenal. - disse um dos piratas
- Ora, ora. - disse o outro - Olha o que temos aqui! Capitã Mackenzie Coyle.
O homem cuspiu no chão, em sinal de desprezo e Mac ergueu as sobrancelhas.
- A última vez que te vi estava sozinha em uma ilha remota. Diminuindo com a distância.
Pra quem não sabia, aquele dia a 12 anos atrás,não foi a última vez que Mac embarcou no pérola negra.
- A sorte dela não melhorou muito. - zombou o outro pirata
A Coyle sorriu, se aproximando mais da grade da cela.
- Preocupem-se com sua própria sorte,marujos. O círculo mais profundo do inferno está reservado para traidores e  amotinados.
O homem a sua frente grunhiu de raiva e estendeu uma espada contra seu pescoço.
- Aí está. - disse Mac, observando o braço do homem se tornar um esqueleto na luz no luar - A boa e velha maldição.
- Você nada sabe do inferno, capitã. - disse o homem, antes de guardar sua espada e abandonar a cela onde estava.

Mackenzie Coyle - Piratas do Caribe Onde histórias criam vida. Descubra agora