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Three

Era noite estrelada.

O céu estava repleto de estrelas, cada uma mais brilhante que a outra. A lua cheia era o espetáculo principal, banhando o mundo com sua luz noturna.

Mas nada se comparava ao sorriso dela ou o brilho que emanava de seus olhos oceânicos. Era engraçado imaginar que nunca reparou em uma mulher daquela forma, mas tudo mudou quando conheceu Gwyneth.

Estava linda naquela noite. Os cabelos presos em um rabo de cavalo, uma blusa verde com sua jaqueta preta de couro por cima, calças jeans e botas. Não existia nenhum resquício de maquiagem em seu belo rosto, ela não precisava...

A noite era fria com rachadas de brisa gélida, o frio não o incomodava, no entanto. De alguma forma sentia um calor bom no peito ao vê-la com sua jaqueta.

- É possível que alguma estrela cadente apareça?

Azriel virou seu rosto para olhar Gwyn com os olhos fixos no céu estrelado. Estavam deitados sobre o capô da caminhonete, contemplando a vista da noite.

- Talvez. Deseja fazer um pedido?

- Vai me provocar dizendo que é coisa de criança?

Azriel adorava provocá-la, porém não desejava estragar aquele momento de paz.

- Estou apenas curioso. - Desejava saber o que se passava na cabeça dela, queria entendê-la.

Gwyn suspirou sem encará-lo. Az sentiu sua aura melancólica.

- Fazia desejos quando era criança, costumava olhar através da janela do orfanato para as estrelas e simplesmente... desejava. - Um sorriso triste nasceu em seu rosto. Azriel quase se arrependeu de perguntar, mas era a primeira vez que ela se abria de verdade. - Minha irmã gêmea adorava as estrelas, assim como eu, toda noite olhávamos para o céu e as vezes que víamos uma estrela cadente fazíamos pedidos. Uma nova vida e um lar aconchegante.

Azriel engoliu a seco, olhando para o rosto dela. Gwyn em nenhum momento olhou para ele. Como se a qualquer momento pudesse se partir em pedaços.

- Não sabia que tinha uma irmã.

Sua voz estava baixa, acompanhando os sussurros do vento.

- Catrin era minha melhor amiga, fazíamos tudo juntas, éramos nosso porto seguro. Ela era sorridente, engraçada e mais sociável do que eu, costumava me proteger das outras crianças maldosas. - Gwyn respirou fundo, a voz falhando à medida que contava a história para Azriel. Somente suas melhores amigas sabiam daquilo, mas confiava suficientemente nele para contar sobre o passado que tanto a machucava. - Quando fizemos 18 anos saímos do orfanato, Catrin arrumou um emprego e alugamos um apartamento, tudo parecia ótimo depois de tantos anos. Passei a trabalhar em uma loja de roupas, meu salário ajudava a pagar o aluguel e suprir nossas necessidades, parecia que finalmente nossa vida tinha melhorado.

Azriel não resistiu quando tocou na bochecha de Gwyn, limpando o rastro que a lágrima solitária fizera. Ela não se importara com o toque levemente áspero da pele cicatrizada da mão dele.

Ele ouviria suas dores, necessitava que ela confiasse nele para então poder reconfortá-la. Para abraçá-la e nunca mais a soltar.

- O que aconteceu? - A pergunta saíra sussurrada, como se previsse o final trágico que a história tomaria.

Gwyn precisou respirar fundo, tentou afastar as lágrimas que rolavam por seu rosto sem permissão. Ainda doía-lhe a alma relembrar de tudo, machucava não ter mais a presença que sempre a reconfortava, a dor de perder uma companheira, uma amiga. Uma irmã. Mas ela precisava colocar tudo para fora. Diziam que a dor passava com o tempo, ela não acreditava nisso.