1. Kuroo

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— Perdão Yachi! — Digo rapidamente ao perceber que a loira baixinha em que esbarrei era Yachi.
Ajudo a garota a se levantar e recolher alguns de seus livros do chão, ela parece não estar com pressa, ao contrário de mim, e me encara enquanto tento devolver seus livros.

— Pode? — Gesticulou com dois de seus livros na mão para que ela os pegue rápido.

— Ah sim, claro. — Diz estendendo as mãos. — Com pressa? — Pergunta começando a andar ao meu lado.

— Um pouco, tenho prova. — Digo sem querer estender o assunto.

— Prova de que? — Pergunta.

— Cálculo.

— Bom, vou direto ao ponto. — Diz timidamente. — Ouvi boatos de que você pensa em chamar Kenma Kozume para ser levantador da Nekoma.

Desacelero o passo só para poder olhar para a garota confuso. Yachi é a garota mais tímida da faculdade, nunca falou comigo, percebo seu esforço só em se manter do meu lado, por que estaria me questionando sobre o time de vôlei em que sou capitão? E além do mais, quem é Kenma Kozume?
As peças se encaixam quando estendo mais um pouco meu olhar e vejo Shoyou, atacante do Karasuno, nos observando de longe.

— Certo Yachi. — Falo pacientemente enquanto paro e apoio a mão no ombro da mais baixa. — Você precisa parar de fazer as coisas que o Hinata manda, e por que se importa de eu chamar Kenma Kozume? — Repito o nome com confiança, mesmo sem saber de quem se trata.

— É o namorado de Hinata, ele não aceitaria jogar no seu time, eles tem um namoro super fechado, talvez nem te responda. — Diz rápido antes de correr na direção contrária.

Reviro os olhos ao checar o horário e perceber que já estou quinze minutos atrasado, volto a andar apressado até a sala de cálculos.

Entro na sala e procuro um lugar. A sala está dividida entre os alunos de química e os de programação, o professor Jackson jamais perderia uma oportunidade de sair mais cedo, e considerando o período de provas, não é muito difícil juntar suas duas turmas de cursos diferentes em uma sala.

— Bom dia jovem Tetsurou. — Ele diz alto assim que me sento.

— Bom dia professor, me desculpa o atraso. — Tento parecer formal, o professor Jackson odeia jogadores de vôlei, e odeia mais ainda que eles se atrasem algumas vezes por conta dos treinos antes do campeonato.

— É curioso que um aluno tão bom em cálculos seja tão ruim com horários. — Diz sarcasticamente enquanto começa a destribuir as provas.

— Treinei o time no intervalo. — Tento justificar.

— Eu sei. — Ele da uma pausa enquanto anda até a frente da sala ao terminar de entregar as provas na primeira fileira. — Quem se importa em ser um bom professor de química? Muito melhor estar suado em uma quadra qualquer. — Diz devagar.

Ele para com as provocações por um instante enquanto continua a entregar as provas. Estou sentado na última cadeira da última fileira, e minha perna treme de ansiedade quando ele entrega a prova ao loiro na minha frente.

— Programação ou Química, querido? — Pergunta o professor.

— Programação. — O garoto responde com gentileza.

— Ah certo, como eu pude esquecer do meu melhor aluno de programação? — Diz sorrindo ao entregar a prova. — Boa prova.

Em seguida se dirige a mim e sua postura muda enquanto entrega a minha prova. Está prestes a soltar o papel na minha mesa quando repara em algo, o tira rapidamente.

— Você precisa de canetas de tubo transparente, Tetsurou. — Diz se virando para sair, sem me dar a minha prova. — Parece que o vôlei prejudica a memória, ou o bom senso.

Reviro os olhos assim que o professor se vira, fala sério, quem conseguiria colar com um papel em uma prova de cálculos? Isso é ridiculamente impossível. Vasculho meu estojo na esperança de que canetas de tubo transparente surjam magicamente, sei que não tenho nenhuma, todas as canetas são personalizadas com gatinhos por ser do clube de vôlei.

— Aqui. — O loiro a minha frente estende uma caneta, sem olhar para mim.

Assim que eu retiro a caneta de sua mão ele coloca seus fones de ouvido, sem me dar chances de agradecer.
O professor coloca a prova em minha mesa com desgosto e eu agradeço mentalmente por isso, pois agora tenho trinta minutos a menos para realizar essa prova.

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O professor se levanta para indicar que o tempo havia acabado no exato momento em que termino de passar a caneta no último cálculo, respiro aliviado e olho ao redor antes de levantar, o loiro não está mais na sala.
Saio da sala, mas não encontro ele nos corredores, nem no caminho do banheiro, nem mesmo no próprio banheiro.
Olho para a caneta em minhas mãos e sorrio pensando que se não fosse ela, provavelmente estaria reprovado na matéria por pura implicância do professor.

Saio do banheiro e me dirijo até o trailer de doces, espero que o loiro goste de doces.

— Bom dia. — Digo à vendedora conhecida.

— Bom dia Tetsurou, o de sempre? — Ela me pergunta sorrindo.

Em grande parte das vezes que venho até aqui no meio da manhã é para comprar doces para alguém. Gosto de agradecer ou simplesmente agradar com algum doce, meus amigos são acostumados a receber doces em seus armários após dias difíceis ou em aulas que não gostam de frequentar.

— Isso. — Digo pensativo. — Só não sei qual doce comprar.

— Se me disser quem está tentando paquerar, posso te dizer o que a pessoa costuma comprar aqui. — Ela sugere.

— Não estou paquerando. — Advirto.

— Quem está paquerando? — Bokuto se aproxima. — Quero jujubas, por favor. — Diz à atendente

— Não estou paquerando, só agradecendo. — Digo.

— E isso tem diferença quando se trata de você? É bonito? — Pergunta.

— É gatinho, mas não prestei a atenção, só quero agradecer por uma caneta.

— Obrigado. — Bokuto diz entregando o dinheiro à atendente antes de sair.

Encaro o catálogo de doces como se não soubesse tudo que vende ali. Não sei o nome do loiro, então como poderia perguntar sobre o que ele costuma comprar?

— É um loirinho da programação, sabe quem é? — Pergunto com a esperança de que ela conheça.

— Vejamos, um pouco baixo, cabelo até o ombro e sempre no celular? — Pergunta.

— Acho que sim.

— Não sei o nome dele, mas ele sempre compra KitKat aqui, já até decorei seu pedido. Ele geralmente nem tira mais seus fones de ouvido, só me entrega seu cartão e eu entrego o KitKat.

— Sim, o dos fones de ouvido, esse mesmo. — Quase grito de estusiasmo. — Um KitKat por favor. — Sorrio.

— E a mensagem?

— "Espero que seja sua caneta da sorte".

A atendente sorri para a mensagem enquanto a escreve em um post-it rosa, faz um coraçãozinho no final e me entrega.

— Você pode entregar a ele da próxima vez que vier comprar um KitKat? — Peço. — Vai ser difícil encontrar ele, somos de cursos bem diferentes, em prédios diferentes.

Entrego de volta quando a outra assente e sorrio para a mesma antes de liberar a fila, indo em direção à saída da faculdade. Tenho uma reunião marcada daqui a vinte minutos com o time para discutir sugestões de levantadores, os jogos de primavera são daqui a três meses e não encontramos um reserva ainda.

Post-it - kurokenOnde histórias criam vida. Descubra agora