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Hoje é quinta feira, e Kuroo não fala comigo desde o dia da festa.
Não sei o que aconteceu de errado nesse meio tempo, tudo parecia perfeito quando nos despedimos em frente à minha casa, ele até mesmo curtiu minha foto. Mas nunca me seguiu de volta ou voltou a falar comigo na faculdade.
Estudamos em prédios diferentes, o que seria um motivo para não nos falarmos tanto, mas sempre almoço na mesma mesa, e ele sempre passa na minha frente para entrar na fila de salada. Algumas vezes o pego olhando para cá, mas desvia o olhar quando o vejo e não retribui nem um sorriso meu.
Detesto toda essa situação. Queria poder conversar com ele como conversávamos antes, queria conhecê-lo e chamá-lo para sair, estava ate mesmo considerando entrar em seu time de vôlei. Mas talvez ele só me veja como um caso de uma noite e não queira estender assunto, mas poderia ter me falado.
Nesse momento observo ele na fila do trailer de doces, me pergunto a quem ele vai mandar hoje, ou talvez seja para si mesmo.
Uma ideia quase perfeita surge na minha mente e Oikawa percebe a minha animação. Hoje é o segundo dia que ele se senta comigo no almoço, contei à ele sobre Kuroo, mas o fiz jurar que não falaria nada com o mesmo.— O que foi? — Ele pergunta assim que percebe a minha mudança de postura.
— De qual doce Kuroo gosta? — Pergunto à ele.
— Não sei, nunca vi ele comprar nada para si mesmo. — Ele dá de ombros. — Parece que ele tem uma prova hoje. — Comenta olhando o próprio celular.
Esse é um fato que tem me ajudado um pouco. Kuroo, Tsukishima, Oikawa e Bokuto têm um grupo que servia para treinar vôlei nas horas vagas, mas hoje é mais como um grupo de amigos.
Oikawa me passa as informações que Kuroo tem falado no grupo, sei que ele está frustrado e chateado com algo, mas não disse com quem ou o que. Também sei que a mãe dele tem lhe dado bastante apoio, pois sempre manda foto de alguns mimos que ela tem feito pra ele.
Eu queria poder conversar com ele para mostrar apoio, talvez o ajudar como ele me ajudou com as caixas. Não sei se o problema tem a ver comigo, mas tenho certeza que eu não sou nem de longe uma solução.— Seria uma ótima oportunidade pra dar um docinho à ele, ele sempre dá alguma coisa quando temos alguma prova difícil. — Oikawa comenta.
— Melhor que doce, Tooru! — Tenho outra ideia.
— Não acho que ele vá querer algo tipo um boquete antes da prova, ele não é assim.
— Credo! Não estou falando de boquete, não sou igual você. — O repreendo. — Estou falando de uma caneta.
— Kenma. — Oikawa olha para mim paciente. — Eu sei está buscando soluções, mas eu acho que Kuroo já tem canetas.
— Não é qualquer caneta. — Digo tirando-a da mochila. — É essa aqui! — Mostro.
— Ótimo, uma biq preta resolveria todos os meus problemas também, tem mais uma aí? — Ironiza.
— Não é qualquer caneta, é a caneta que emprestei pra ele no dia em que começamos a nos falar, que ele me devolveu com um bilhete e depois disse que deveria ser a minha nova caneta da sorte. — Falo rápido demais.
— Finalmente uma boa idéia. — Oikawa diz se levantando. — Vou comprar um doce pro Iwa-chan, quer algo?
— Não, obrigado.
Enquanto Oikawa vai até a barraca começo a vasculhar os bolsos da minha mochila afim de achar meus post-its, encontro alguns azuis. Escrevo uma mensagem "Cuide bem da minha caneta da sorte <3 ".
— Aqui. — Oikawa volta e me entrega um saquinho com quatro balas de menta.
O olho confuso, não pedi nada e não gosto de bala de menta.
— Perguntei a atendente o que ele costuma comprar para si, ela disse que compra balas de menta. — Ele diz se sentando. — Escreve um post-it pro Iwa-chan também. — Me pede.
— O que quer que escreva? — Pergunto.
— "Espero que me ame tanto quanto ama essas malditas balas de iogurte", e faz uma carinha chorando.
— Dramático. — Caçoo enquanto faço o que ele pede.
— Vou colocar no armário do Iwa-chan, coloco o seu no de Kuroo.
— Perfeito!
Coloco a caneta no saquinho transparente junto das balas e grampeio o post-it fechando-o. Entrego à Oikawa e deito minha cabeça na mesa enquanto espero.
Ele não demora a voltar.
Quando retorna vamos até o gramado na frente do refeitório, não tem como Kuroo não passar por aqui.
Ficamos o restante do intervalo juntos, até Iwaizume chegar e se sentar ao lado de Tooru.— Obrigado pelas balas. — Iwaizume agradece dando um selinho no recente namorado. — Eu te amo mais que elas. — Conclui entrelaçando os dedos no do outro.
— Assim espero. — Tooru brinca. — Eu te amo. — Ele deita a cabeça no ombro do outro.
— E aí Kenma? — Iwaizume pergunta e não precisa usar mais palavras, sei que ele está perguntando sobre Kuroo. Oikawa o contou no dia anterior, não consegue esconder coisas de Iwaizume desde que eram melhores amigos, e isso não mudou quando oficializaram o namoro há três dias.
— Ainda não falou comigo. — Digo com o olhar fixo na grama.
— Mas Kenma teve uma ideia ótima e agora estamos aguardando resultado.
— Certo, e qual resultado estamos aguardando?
— A expressão de Kuroo quando encontrar o bilhete que ele deixou com balas e uma caneta.
— É fofo entregar doce com bilhetes pra ele, geralmente é ele quem manda, não costuma receber. — Iwaizume comenta.
— Prometo mandar por uma semana completa se ele pelo menos voltar a falar comigo. — Digo sem perceber realmente o que disse.
— Fofo. — Os dois dizem juntos.
Observamos em silêncio quando o sinal bate e Kuroo passa pelo refeitório com o saquinho na mão e uma expressão séria no rosto.
— Nem um sorriso. — Não consigo deixar de comentar.
— Bom, ele pode estar nervoso para a prova. — Iwaizume diz.
Observamos quando Kuroo para no pátio ao encontrar Bokuto, que o pergunta algo que não conseguimos ouvir nem decifrar. Kuroo responde algo que também não ouvimos e abraça Bokuto.
Eles ficam abraçamos por algum tempo, não me parece um abraço "que bom te ver hoje" ou "boa sorte na prova" e sim um "vai ficar tudo bem" ou "tudo vai se resolver".
Respiro fundo quando Kuroo tira o saquinho do bolso e o mostra ao amigo, que comenta algo e ri, o moreno não retribui o riso, dá de ombros e os dois se despedem.— Bom, tentamos. — Oikawa se levanta do chão junto com o namorado e estica a mão para mim. — A conclusão que se tira é que eles são babacas.
— Talvez a gente esteja interpretando errado. — Iwaizume tenta melhorar a situação.
— Mas não vimos errado. — Digo aceitando a ajuda de Oikawa para levantar. — Bokuto riu do meu gesto e Kuroo deu de ombros, ele não liga. Está tudo bem.
Não digo exatamente o que sinto, a verdade é que estou decepcionado e chateado. Pensei que fosse uma boa idéia, talvez ele viesse me devolver a caneta depois da prova e nós conversariamos, mesmo que para ele me dizer que não queria mais nada comigo e se afastar.
Mas pela reação que observamos, é provável que ele só jogue a caneta no primeiro lixo que encontrar. Não é uma atitude que eu esperaria do Kuroo que conversei durante alguns dias, mas não consigo prever as atitudes do Kuroo que está me ignorando desde aquele sábado.— Te encontro no final da sua aula. — Oikawa diz me dando um abraço.
— Certo. — Digo.
— Vamos te dar uma carona. — Oikawa diz sorrindo.
Me despido dos dois e sigo em direção ao meu prédio, afasto os pensamentos para poder focar na aula.
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Post-it - kuroken
FanficKuroo precisava de uma caneta apropriada para a prova da faculdade, até que um loiro o ajuda. Ele se interessa em conhecer mais do garoto misterioso que ele nunca havia visto, mas tudo pode mudar ao descobrir que esse mesmo namora seu rival no vôlei...