4 - Sacrifício

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Doze anos atrás

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Doze anos atrás


As cortinas translúcidas, penduradas no dossel da cama da rainha, balançaram quando um sopro forte de vento fez com que as janelas se abrissem.

Eveline se levantou com um pulo e correu até a janela, fechando os trincos. Ao longe, via os raios que cortavam a escuridão, caindo na fenda das montanhas. Uma tempestade deveria estar a caminho.

Escutou um suspiro baixo vindo da cama, e se voltou rapidamente para o lado da mãe. Seu pai, o rei, havia viajado para resolver questões políticas com um reino aliado, e ela decidira que se manteria junto da mãe a noite inteira.

— Você vai ficar boa, mamãe — a menina sussurrou, trocando o pano molhado que repousava sobre a testa dela. — Você precisa ficar boa.

Ela esperou que a mãe abrisse os olhos e dissesse que estava melhor. Mas a rainha continuou com as pálpebras cerrada, a respiração saindo em chiados doloridos.

Eveline engoliu em seco e deu um passo para trás, procurando por uma vela.

— Seres protetores de Verden — murmurou enquanto acendia a chama pequenina —, por favor, salvem a minha mãe. Já faz quatro luas que ela está assim.

Outra corrente violenta de vento se infiltrou no aposento, apagando a vela e escancarando a janela mais uma vez.

Eveline praguejou baixo — nada digno de uma princesa, mas suas tutoras não estavam por perto para repreendê-la.

Algo, feito um suspiro, uma respiração, passou por trás de sua nuca.

"Cuidado", o vento pareceu sibilar.

Seu coração se acelerou junto do reverberar de um trovão do lado de fora.

Antes que pudesse fechar a janela novamente ou se questionar se estava alucinando por causa do cansaço e da preocupação com a mãe, ela escutou passos na escuridão.

Sem pensar duas vezes, Eveline puxou o longo grampo que prendia seus cabelos, deixando que as madeixas caíssem por seus ombros enquanto ela girava nos calcanhares, mantendo a ponta afiada do acessório apontada para a escuridão.

Um rosnado masculino encheu os ouvidos dela, e Eveline viu seu irmão mais velho, Domenico, saltar para trás, encarando-a com irritação:

— Cuidado, sua estúpida! Como você sabe fazer esse movimento?

Eveline contraiu os lábios. O rei permitia apenas que os filhos homens treinassem com armas. Mas ela sempre dava um jeito de ficar escondida para assistir às aulas dos irmãos e tentar repetir os movimentos que eles aprendiam.

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