7 - Reflexo trêmulo

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Doze anos atrás

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Doze anos atrás


Sem olhar para trás, Eveline atravessou o corredor, andando rápido demais, mal conseguindo respirar, temendo que Domenico e Erasto estivessem atrás.

Ela empurrou a porta do quarto da mãe e entrou no aposento, jogando-se ao lado da cama com os olhos marejados.

A rainha, abatida pela doença, virou a cabeça e fitou a menina.

— O que foi, meu amor? O que é isso no seu rosto, no cabelo? Sangue...?

— Sinto muito. Sinto muito. Sinto muito. Não consegui.

— Do que você está falando, Eve? — Ela tossiu baixo, tentando se sentar. Uma das criadas se aproximou para ajudá-la, mas a rainha gesticulou que não era necessário e permaneceu deitada, olhando para a filha caçula.

— Erasto e Domenico disseram que eu podia te salvar, mas... — Soluçando, Eveline ergueu o rosto. — Eu não consegui. Eles falaram que se eu usasse meu título de princesa e fizesse igual a Hilda das histórias fez, eu poderia te salvar. Algo que só eu poderia fazer, já que sou mulher. Banhada no sangue do cervo, eu deveria reivindicar a vida de cinco mães com as minhas mãos. As vidas delas seriam sopradas para você.

O rosto magro da rainha se contraiu.

— Eve...

— Só que ninguém sabe se esse ritual funciona. Eu li. Já escutei as histórias. Domenico falou que isso não importava. Eu tinha que tentar.

Tossindo mais uma vez, a rainha tentou erguer a mão.

— E o que você fez?

— Segurei a adaga bem forte. E, de repente, pensei nos filhos dessas mulheres ficando sem mãe. Sentindo o que eu estou sentido. E não consegui. Independente se desse certo ou não, não consegui. Domenico e Erasto disseram que, se algo acontecer com você, a culpa será minha. Só que... Perdão, mamãe. Fiquei com medo.

— Minha menina... Não foi medo. Foi força. — A mão trêmula da rainha se ergueu, tocando o rosto da filha. — Uma força feito a luz que rasga a escuridão.

Lágrimas encheram os olhos de Eveline.

— Mas você não vai mais melhorar. Por minha culpa. Havia uma chance...

— Não pense nisso. Não é sua culpa.

Ela balançou a cabeça, fios de cabelo se grudando nas bochechas molhadas.

— É minha culpa sim. Sou covarde e medrosa!

— Eve... Este é o ciclo na vida. Assim também é nossa alma, que vai pousando de lugar em lugar, até encontrar o lar onde pode residir. Em um momento, a noite eterna chegará para todos nós. E teremos que deixar este lar e partir para o mundo espiritual de Verden.

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