3 - Lei da tragédia

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Como comandante da guarda e servo marcado dos Senhores de Évora, Aidan sabia que não deveria estar ali

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Como comandante da guarda e servo marcado dos Senhores de Évora, Aidan sabia que não deveria estar ali.

Poderia ser decapitado ou enforcado por traição.

Mas o estremecimento que se agitara dentro dele, muito mais forte do que um juramento ou uma submissão, engolira a cautela e a prudência; quando Aidan percebeu, já havia montado em seu cavalo e partido nas brumas da noite, até alcançar a fortaleza de pedras no alto da colina.

— O quê?

A pergunta dela foi um murmúrio, mas que Aidan sentiu que carregava a força de um eco que poderia reverberar por todo o mar abaixo deles, até alcançar a outra ponta da costa.

— Sinto muito, milady. Mas é a verdade.

Eveline contraiu os lábios, abaixando lentamente a mão que segurava a adaga, um ofego baixo escapando de sua garganta.

Pelos deuses, Aidan estava arriscando demais por estar ali.

Não estava apenas ultrapassando todos os limites ao invadir a casa de uma dama casada e ficar sozinho com ela, quando tudo o que ela vestia era um simples vestido azul que caía como água sobre seu corpo. Não havia nem mesmo um penhoar sobre as vestes ou um penteado formal nos cabelos. As mechas dela, marrons como a terra abundante, caíam livres pelos ombros e costas, feito as cachoeiras que se escondiam nas fendas das montanhas, acentuando a curva gentil das maçãs do rosto.

Então, vê-la daquela forma, à luz trêmula da lareira, não era a única infração que cometia.

Ele estava agindo sem conhecimento e por cima de seu senhor.

— Lorde Killian usará o desjejum de amanhã. Ele trará algumas tortas com amêndoas moídas no recheio. Uma essência forte de morango será usada para disfarçar o sabor e o gosto das amêndoas.

A princesa arqueou as sobrancelhas, confusa e atônita.

— Amêndoas? Ele vai tentar usar a alergia que fecha minha garganta para tirar minha vida? — Eveline balbuciou, a voz oscilando entre a ironia e a amargura. — Creio que meu marido possuí recursos para contratar mercenários e me colocar em uma emboscada. Está tentando me enganar, comandante? Qual é o plano? A armadilha?

Havia suspeita no olhar dela.

Aidan não a culpava. Todos em Évora sabiam que ele, assim como seus antepassados, era curvado pela marca aos senhores do reino.

— Lorde Killian precisa que sua morte seja causada por um acidente, uma fatalidade, e não um assassinato causado em uma emboscada. Tem que ser algo que pareça puramente acidental e não levante suspeitas.

— Mas...

— Ele usará sua morte para exigir o tragedieloven.

— O quê?! — Eveline piscou. — Ele não pode fazer isso!

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