5 - Aroma marcante

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À luz incipiente do amanhecer, a propriedade da princesa Eveline parecia menos inóspita do que quando estava coberta pelo manto da noite

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À luz incipiente do amanhecer, a propriedade da princesa Eveline parecia menos inóspita do que quando estava coberta pelo manto da noite.

Aidan puxou as rédeas do cavalo, guiando a pequena comitiva que escoltava a carruagem dos Senhores de Évora na direção da estrada que serpenteava e subia pela colina íngreme.

Uma névoa, que o lado supersticioso de sua irmã mais velha teria descrito como mística, pairava sobre o conglomerado de árvores, estendendo-se ao redor da fortaleza e descendo até as águas escuras do oceano, cujo rebentar das ondas criava um som contínuo, hipnótico.

Enquanto seus homens e a carruagem avançavam estrada acima, Aidan deixou o olhar avaliar com mais atenção aquela parte do reino que ele pouco conhecia. Não havia muitas habitações por perto. Alguns morros mais distantes tinham algumas casas com celeiros e galpões.

E só.

Ao "presentear" a esposa com aquela propriedade, lorde Killian havia isolado a princesa em um lugar frio e dormente.

E agora conspirava com a vida e a morte dela como se aquilo não passasse de um jogo no qual ele ditava todas as regras.

Aidan inspirou fundo.

Podia enxergar os olhos de Eveline se transformando enquanto ele lhe revelava os planos de lorde Killian; um olhar que o perseguiu durante a noite, atravessando os liames do sono e tomando todos os seus sonhos.

— Por que está segurando as rédeas com tanta força, comandante? — um dos homens que cavalgava ao seu lado perguntou, fazendo graça. — O cavalo não vai fugir.

Foi então que Aidan notou os próprios dedos fechados em um punho rígido, comprimindo a tira de couro como se pudesse arrancar sangue do tecido.

Ele não respondeu ao questionamento do subordinado e continuou cavalgando, tentando desvencilhar a mente da traição cometida na noite anterior, tentando driblar os pensamentos que, feito as ondas que arrebentavam contra o rochedo, iam e voltavam, trazendo a imagem da aurora boreal que tingia em verde e amarelo os olhos da princesa.

Enquanto cavalgava com seus homens e com a carruagem de seus senhores, Aidan passou por alguns camponeses que cuidavam da terra.

Não os olhou diretamente.

Mas podia sentir os olhares na tatuagem em seu rosto.

Podia escutar os sussurros baixos.

— É a marca.

— A marca que os primogênitos desta família carregam.

— Um servo obrigado a jurar lealdade e submissão.

— A punição pela traição.

— Um dos antepassados dele traiu um Senhor de Évora.

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