Como num filme

Mesmo se nada der certo

- Eu acho que tudo mudou. E estou tendo um pouco de dificuldade de me adaptar. 

Pov Katherine

Acho que ninguém deveria ser magoado ao ponto de sentir medo de encontrar essa pessoa novamente, não quando ela já foi alguém importante para você. Eu sinto muito a necessidade de estar sempre no controle. Quando eu perdi totalmente ele, minha vida virou um caos. Com muita raiva, mágoa e dor. Não quero isso novamente, não agora que finalmente estou conseguindo isso de volta.

O filme foi finalmente lançado, estou ansiosa por tudo isso, estou viajando o mundo conhecendo as pessoas, mas não sei se elas vão realmente gostar de mim, da minha atuação. Eu nem sei se realmente sou boa nisso.

Eu recebi uma cópia do filme, já que não fui ao set assistir com todos da produção. Mas fiquei olhando para ele por horas e não tive coragem de apertar o play. E se não tiver bom, eu não iria conseguir encarar as pessoas, melhor nem saber e esperar a reação delas ao vivo.

— Kat... — Olivia me chama — está pronta? — Nego, jamais estarei pronta para essas coisas. Eu estou completamente apavorada — ótimo, você entra em dois minutos.

É o primeiro país que viajamos, e fomos recebidos com muito amor, pelos fãs no aeroporto de Los Angeles. Agora temos uma coletiva com eles e estou com muito medo.

O filme estreou a uma semana e foi um verdadeiro sucesso, pelo menos foi o que me falaram já que não peguei meu celular em nenhum momento com medo das notícias, mas ainda não estou acreditando que sou a protagonista de um filme. 

— Pronta? — Jason pergunta, seguro na mão dele e entramos. Hoje estamos na Comic Con da Wanner, eu sempre sonhei em visitar esse lugar, agora estou sendo uma das estrelas, não dá para acreditar.

E já o Jason, não tivemos muito contato desde que saímos de Nova York, eu estou tentando evitar ele o máximo possível. Passei o voo inteiro fingindo dormir para ele não puxar conversa e depois fui direto para meu quarto. Então não conversamos ainda e é melhor assim.

Agora é a hora mais difícil, as perguntas com os fãs. Eu normalmente fico bem nervosa, com medo de falar algo que não pode, fora as perguntas vergonhosas.

— Minha pergunta é para o Jay — uma garotinha que deve ter uns onze anos começa e acho fofo ela chamando ele assim — você já amou alguém na vida, igual o Joseph ama a Alice? — Confesso que gostei dessa pergunta, não esperava algo assim. Ele passa um tempo olhando para ela e abre um sorriso, um lindo sorriso.

— Qual seu nome?

— Violet — sua voz é doce.

— Que nome lindo, e sim — nosso olhar se encontra e sinto um tremendo frio na barriga — eu amo uma garota, mas eu vacilei muito com ela e acho que ela nunca vai me perdoar — um grande silêncio se toma conta do lugar até um dos apresentados chamar nossa atenção.

— O que... — pergunto sem entender o que ele diz, o Jason fez eu perder toda minha concentração. 

— Você pretende fazer mais filmes? Eu sei que você faz cinema.

— Não sei ainda, eu confesso que é algo novo e que ainda estou tentando digerir tudo. Meu grande sonho sempre foi ser uma produtora, mas se aparecer outras oportunidades como está, quem sabe faça os dois.

— O que achou da sua atuação quando assistiu ao filme? — Será que devo contar que não assistir ainda? Ou seria muito inconveniente. Eu nunca sei muito o que dizer, hoje em dia por tudo somos julgados, é assustador e antes o Jason sempre estava ao meu lado para me salvar, agora não tenho mais ele.

— Eu não assistir ainda — todos olham para mim se perguntando o porquê — eu ainda não tive coragem, acho que estou com medo de me decepcionar. Imagine uma estudante de cinema fazendo feio, meus professores iriam ficar decepcionados — todos riem.

Respondemos mais algumas perguntas e finalmente acaba. É muito bom, estou bastante cansada, minha formatura foi semana passada e agora já estou nessa turnê. 

Alguém bate na porta do meu camarim e peço para entrar, deve ser uma das meninas da maquiagem.

— Oi — escutar sua voz tão perto faz meu coração parar — você foi muito bem hoje — fico apenas olhando para ele pelo reflexo do espelho, não sei muito o que dizer. Faz três meses que não conversamos, é muito estranho — é verdade que não assistiu ao filme ainda?

— Sim, no dia que vocês foram assistir, eu tive aula e depois não quis ver — guardo o batom que estava usando na minha bolsa e levanto para ficar de frente para ele. — Eu preciso ir, estou atrasada — não dou tempo dele falar mais nada, apenas saio o mais rápido possível dali.

Estou nervosa, muito, eu realmente achei que tinha superado ele. Desde nossa última briga, não o vi mais, excluir ele de todas minhas redes sociais, qualquer contato que poderia ter. As pessoas costumam falar que fazer isso é fraqueza, não acho, eu acho que é necessário, você não vai conseguir esquecer alguém acompanhando toda a sua vida, olhando com quem ele sai. Você tem que o deixar completamente, assim talvez você tenha uma chance... realmente é um, talvez, porque não teve uma noite se quer, que não pensei nele, em seu toque, em seu beijo. Pensando se ele está com alguém, se a Nicole finalmente conseguiu o que queria.

Poderia perguntar as meninas, a qual foi o único contato que ainda tenho próximo dele, mas elas respeitam minha decisão e não tocam no nome do irmão.

— Katherine, acorda para a vida — Mia estala os dedos chamando minha atenção.

— Oi desculpa. O que disse?

— Você está em que mundo? Falta menos de uma hora e você não escolheu qual sapato vai usar — vou para outro evento agora, e Mia virou minha cabeleireira e maquiadora, nunca fui boa com isso, ela como faz moda sabe perfeitamente o que preciso para cada ocasião. Quando encerrou as gravações quase todo dia é um evento e tenho que ir arrumada. Apesar de odiar isso, me sinto super deslocada, principalmente quando vejo várias câmeras tirando fotos minhas.

— O mais confortável, de preferência, um tênis — as pessoas poderiam normalizar tênis com vestido de gala, acho perfeito. Ela me entrega uma sandália prata e reviro os olhos — não quer ir no meu lugar? — Choramingo.

— Quero, mas não posso — faço bico — não precisa ter contato com ele, sabe disso, né?

— Não falei nada — me faço de desentendida e coloco meu brinco.

— Sei... deveria conversar com ele, essa briga boba já deu, não acha? Fora que vão passar semanas viajando juntos, uma hora ou outra, vão ter que se ver, vão cair na tentação e transar de toda forma, conheço os dois, não vão aguentar.

— Não brigamos, apenas não trabalhamos mais juntos, não preciso manter contato com alguém que não gosto e isso não vai mais acontecer. Eu já disse que só estava confundindo a vida real com ficção devido às gravações, isso é normal com atores, mas já recuperei minha ciência e lembrei que seu irmão é um galinha babaca e eu odeio ele.

— Não gosta? Conta outra Katherine — ela briga para fechar a mala como se estivesse com raiva dela, amanhã vamos para outra cidade e ela ficou encarregada de fazer isso.

— Não precisamos falar um com o outro, tenho você para garantir que isso não aconteça. Tecnicamente eu sou sua chefe agora, então eu ordeno que não deixe ele chegar perto de mim, ou vou te demitir — ela me olha com desdém, balança a cabeça e sai do quarto.

Vou ter que dá aviso prévio para essa garota, não pode me deixar falando sozinha.