Wednesday [Wenclair - HOt]

2. Prédio Ophelia

O rádio do carro perdia a sintonia algumas vezes fazendo com que a melodia mórbida travasse até finalmente funcionar
O carro andava sem pressa e na placa estava
Nova Jersey,
ADD4M5

-A noite mágica
Uma voz soou e eu apenas movi meus olhos na direção sem demonstrar nada além de nojo.
Meu pai cantarolava segurando em uma das mãos de minha Mãe que parecia tão morta quanto eu, mas ao contrário de mim, ela gostava daquilo. -Digo suavemente. Continuação ele e ela sorriu largo.
-uma oração silenciosa.
Cantaram em uníssono e no banco da frente feioso fez uma careta ao lado de nosso motorista
-com a qual sonhei. E durmo só para sonhar. Com você.

Minhas mãos se mantinham sobre minhas pernas cobertas pelo vestido preto cujo era repleto de cruzes, suspirei tendo que assistir toda aquela melação ao vivo. Era repugnante.
Podia sentir meu estômago revirar com tudo aquilo e fechei meus olhos forte fitando pela janela alguns pássaros caírem mortos pelo caminho por onde passávamos.
Quando meus pais finalmente se beijaram com uma vontade imensa que me fez pensar em morte milhões de vezes.

-Filhinha, ainda vai continuar dando esse gelo na gente? Disse Morticia jogando lentamente seus cabelos negros e lisos para trás de seus ombros e costas deixando sua clavícula e metade de seu decote em 'u' a mostra.
Virei meu rosto e olhei para o banco do motorista.

-Tropeço. Será que pode lembrar aos meus pais que não estou falando com eles.
Tropeço apenas deu um grunhido junto de minha mãe que bufou aparentando tristeza.

-eu prometo minha víborazinha, você vai adorar, Never More. Não é Tish?
Disse meu pai fitando minha mãe

-Ô é claro que vai. É a escola perfeita pra ela.

-Por quê? Questionei. -Por quê foi a escola perfeita pra você? Eu não tenho nem um interesse em seguir os seus passos. Falei firme e minha mãe arqueou uma das sobrancelhas, continuei. -Ser capitã da equipe de Esgrima, rainha da formatura sombria. Presidente da sociedade espírita.
Fui interrompida.

-Mas eu só quis dizer que finalmente vai estar entre colegas que vão te entender. Quem sabe você faça até amigos.

Meus pais sorriram juntos.

-Never More não é um internato qualquer. É um lugar mágico. Foi onde conheci a sua mãe.
Eles se entre olharam -E nos apaixonamos.

-Estão me deixando enjoada. Eles me olharam com dúvida. -Não de um jeito bom.

-Filhinha, não fomos nós que a fizemos ser expulsa, a família do garoto ia prestar queixa de tentativa de homicídio. Baixei levemente minhas pálpebras fitando o chão da limousine.
-como a sua ficha iria ficar. Questionou minha mãe e eu levei meus olhos até seu rosto que estava virado para as janelas observando a paisagem a sua direita.

-Terrivel. Falei. -Todos saberiam que eu não terminei o serviço.

-huum. Murmurou Morticia enquanto passávamos por uma placa decorada com as seguintes frases.
Never More Academy à Esquerda.

Em outro carro um garoto descia em frente a placa que mesmo sendo alertado sobre todos os perigos que aquele local trazia, se aventurou por entre as matas.
Não foi surpresa alguma quando sua morte foi anunciada e a única parte do seu corpo encontrada foi um pé. Oque o atacou, o fez tão rápido que não deu tempo para que pudesse se defender.

Quando avistei os portões do Internato se abrirem desejei ter uma morte forte e bem dolorosa para que acabasse simplesmente com minha existência. Mas não fui atendida.

-Ah pelo menos está ficando lindo o dia. Disse Morticia fitando os céus escurecerem com nuvens carregadas de raios e trovoadas pintando o céu com um tom claro.

Diretora Weems

-Wandinha, mas que nome mais... Singular. Anunciou a loira de lábios pintados de um vermelho e vivo e roupas brancas. Ela sorriu em minha direção enquanto me observava entre os meus pais sentados todos em cadeiras de couro.
-Imagino que foi por que nasceu toda fofinha. Continuou a diretora.

-Nasci numa sexta feira 13. Me defendi

-O nome dela venho de uma frase do meu poema infantil favorito. Minha mãe falou e eu sequer olhei para ela. -A criança de Quarta feira é só desgosto. Concluiu e olhei para o outro lado sentindo meus olhos brilharem.

- você sempre teve uma perspectiva singular do mundo Morticia.

-Uhm. Interrompeu minha mãe com um sorriso e olhar orgulhoso. Porém a diretora continuou

-sua mãe contou que dividimos o quarto naquela época? Me questionou amigável e não entendi o por que do assunto já que eu não tinha interesse algum.

- você se formou com a sanidade intacta. Falei e minha mãe me olhou rápido franzindo o cenho. -Impressionante. Concluí.

-Voce disse que teve uma jornada educativa muito interessante. Anunciou a diretora enquanto passava os olhos em alguns papéis que estavam em sua mesa. -Oito escolas em cinco anos. Ela me olhou e meu pai sorriu orgulhoso.

-Ainda não construíram uma escola que vai me segurar. E eu aposto que aqui não vai ser diferente.

-Acredito que oque a nossa filha está querendo dizer é que ela agradece muito a oportunidade. Meu pai falou passando a mão em seu palitó preto com listras brancas fitando minha mãe que fez o mesmo na direção da diretora.

-Never More não costuma aceitar alunos no meio do semestre. Mas por conta das notas perfeitas dela e do longo histórico da família com a escola... Eu falei com a diretoria e abrimos uma exceção.
Meus pais sorriram um para o outro contentes e eu já estava lamentando a minha vida por terem me aceitado naquele local.

-Larissa, e como vão ser as sessões... Disse minha mãe me fitando de soslaio de cima a baixo talvez tentando manter cautela -De terapia da Wandinha. Falou rápido. - São ordens do tribunal. A diretora deu uma risadinha baixa e soltou a caneta sobre a mesa e escorou seu cotovelo esquerdo junto de sua mão sobre a mesa cujo passou lento os dedos sobre sua jaqueta

-A escola têm um convênio com uma terapeuta em Jericó. Pode ir duas vezes por semana.

-Ouviu só minha nuvenzinha escura.
Comemorou Gomez cheio de ternura. -Você está em ótimas mãos.

-veremos se ela vai sobreviver a sessão.
Cortei-o e a diretora continuava me fitar confiante. Ela baixou a cabeça e leu alguma coisa

-Vai ficar no dormitório da sua mãe. No prédio Ophelia. Minha mãe suspirou encantada, a ideia parecia ser a melhor coisa do mundo.

-Refresque a minha memória. Falei e fitei Morticia pela primeira vez desde que chegamos naquele local.
-Ophelia é aquela que se mata após enlouquecer por causa da família.. Correto?
Meus pais franziram o cenho juntos e minha mãe balançou a cabeça em concordância feliz.

-Vamos conhecer a sua colega de quarto?