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Como eu tinha previsto Sero não tinha ficado feliz com a notícia de que me encontrei de novo com os vilões. Ainda mais ao ver os machucados. Como heróis nós dois sabíamos que iriamos viver nossas vidas em constante risco, mas saber disso não fazia com que correr risco fosse mais normal. O garoto moreno estava muito calado. Não me evitava, pelo contrário estava ainda mais pegajoso (se é que isso era possível). Eu passei os dedos pelos cabelos do meu namorado que estava deitado com a cabeça em meu peito. Olhei ao redor vendo os outros alunos da turma dormindo. A U.A tinha abrigado um grande número de civis por causa dos ataques então tivemos que abdicar de algumas coisas, como nossos quartos

— Olha eu sei que devia ter te falado, mas não podia falar para ninguém. Não era só risco para mim, mas pra outras pessoas também — sussurrei. Aoyama estava detido, Endeavor arrasado e Dabi e Toga desaparecidos, mas esqueci tudo isso quando Sero levantou sua cabeça e me olhou com seus olhos profundos. Acho que tínhamos chegado a um nível de intimidade que só um olhar mostrava o que sentiamos. Ele não parecia bravo e sim assombrado. Como se tivesse acordado de um pesadelo

— Eu não estou irritado pelo que aconteceu. Óbvio que não feliz já que você podia ter se ferido sério ou até pior — ele disse baixo para não acordar nossos amigos. Embora fosse difícil já que não acordaram nem com os roncos estrondosos de Denki

— Então porque está assim? — perguntei enrolando uma mecha de seu cabelo longo. Ele suspirou parecendo mais velho do que realmente era

— É só... esses últimos dias. As mortes, os civis... minha mãe teve que sair do país e me implorou pra ir com ela — ele disse com olheiras de cansado. Eu me sentei o fazendo também se sentar na minha frente. Eu coloquei minhas mãos em suas bochechas sentindo as minhas corarem. Mesmo depois de ele já ter me visto nua, falar meus sentimentos para ele ainda fazia meu corpo esquentar

— Você me ajudou com todas as merdas que aconteceram comigo e com nossos amigos. Nós vamos te ajudar e continuar juntos agora também — eu então sorri apesar do medo que sentia toda vez que fechava os olhos pois Sero sempre me encorajou e era minha vez de retribuir — Tudo sempre foi leve entre nós dois. E vai continuar assim. Quando a guerra vier nos vamos continuar dançando

O garoto sorriu mostrando suas covinhas e me puxou com carinho me beijando. Eu sorri contra seus labios porque tinha conseguido passar segurança para ele. Ele quebrou o beijo de repente e me puxou para fora da beliche segurando minha mão. Andamos por entre as beliches e colchões com nossos amigos com cuidado para não fazer barulho até achar um canto que pudéssemos nos mexer sem esbarrar em ninguém. Hanta colocou um fone no meu ouvido e outro no seu colocando Wtwwawwkd- Lana del rey e me puxou para mais perto colocando uma mão na minha cintura. Nós começamos a dançar e eu me senti esperançosa em meio aquela bagunça. Independente do que acontecesse nos continuaríamos dançando

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Eu olhei para o projeto de um dos cientistas amigos de Cecília. Uma pílula que serviria como uma dose de sangue. Era estranho pensar que mesmo depois de tantas gerações desde a primeira pessoa com individualidade nascer ainda éramos tão atrasados quando o assunto era portadores de individualidades que envolviam sangue. Imediatamente eu me lembrei de Toga. Eu ainda acreditava que com o apoio certo ela poderia ser outra pessoa hoje em dia, mas como apoiar pessoas como eu e ela se falar sobre nós era um tabu? Eu me sentei em um banco perto de uma janela grande do prédio

Enquanto eu bebia um chocolate quente uma ideia iluminou minha mente. Eu pulei do banco eufórica quase derramando a bebida. Se ninguém fazia nada por nós então eu faria. Eu queria ser uma heroína para ajudar pessoas sem esperança e pessoas com esse tipo de individualidade eram assim. Entre os treinos, hora do almoço e até mesmo durante as lutas eu sempre anotava minhas ideias em um caderno

𝑾𝒆𝒔𝒕 𝑪𝒐𝒂𝒔𝒕-𝘏𝘢𝘯𝘵𝘢 𝘚𝘦𝘳𝘰Onde histórias criam vida. Descubra agora