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Sentia minha cabeça latejar. Provavelmente estava cortada do vaso. Seguimos o caminho em silêncio. Eu via Sero me olhar pela minha visão periférica, mas eu continuei olhando para a estrada sem conseguir falar nada pelo peso do que aconteceu e por sentir minha boca cheia de sangue

Chegando na casa de Sero, ele estacionou na garagem e abriu a minha porta. Eu nunca tinha vindo na casa dele. Vi um jardim com várias flores. Rosas, tulipas, girassóis e margaridas? Percebi que ele não tinha comprado as flores que ele me deu e sim ele mesmo colhido e amarrado a fita. Sorri de lado fazendo uma careta em seguida pela dor

Ele me levou para o andar de cima até um quarto que supôs ser o dele pelos cartazes de banda, por ter uma prancha de surf e uma rede. O vi abrir a torneira da banheira do banheiro do quarto

— Você tem uma tesoura aí? Acho que vou ter que cortar a blusa porque grudou nos machucados — me sentei no vaso o vendo pegar uma tesoura grande e ir até mim meio perdido. Me virei de costas e coloquei o cabelo para frente ouvindo o barulho dele cortando o tecido. Senti o tecido puxar um machucado e cerrei os dentes para conter um grito e ouvi Sero pedir desculpas baixinho

Me levantei e entrei na banheira ainda segurando o tecido rasgado para cobrir meus seios

— Precisa de ajuda? — o vi perguntar

— Vai me ajudar a tomar banho? — falei brincando com ele tentando aliviar o clima, mas vi sua expressão seria — Não, se eu precisar te chamo ok — falei baixinho, mas ele não saiu do banheiro, apenas se sentou no chão de costas para mim de modo que não me via. Tirei minha roupa e afundei meu corpo inteiro na água. Abri os olhos embaixo da água vendo o teto do banheiro todo torto por causa do movimento da água. Fechei os olhos e tentei limpar a mente. Por quê eu me sentia culpada por fazer algo que ele merecia? Abri os olhos vendo a água ficar vermelha por causa do sangue. Emergi da água. Não era hora de tentar bancar a forte 
— Preciso de ajuda — sussurrei colocando minha cabeça entre as pernas cobrindo a parte da frente de meu corpo

Ouvi Sero levantar e senti ele passar sabonete nas minhas costas. Cerrei a mandíbula para não gritar e fechei os olhos. O vi pegar um frasco de shampoo colocando uma quantidade generosa em sua mão. Ele percebeu que eu o encarava e sorriu minimamente me dando um selinho rápido e então esfregando meu cabelo. Ensaboei a parte da frente do meu corpo e Sero saiu do banheiro para que eu limpasse minhas partes íntimas. Sai do banheiro com uma toalha enrolada no corpo e outra na cabeça. Ele me entregou uma camisa e uma bermuda sua que tinha como apertar. Ele desceu para o segundo andar e então me vesti

Quando desci para a sala vi Sero pegando uma caixa de primeiros socorros. Fui até ele me sentando na bancada de mármore

— Vou pegar soro ok, qualquer coisa me grita — o vi falar e então desaparecer para cima das escadas

Olhei em volta. Era uma casa bonita e aconchegante com muitas plantas e quadros. A cozinha era aberta com apenas uma parede com um retângulo aberto que dava para ver a sala. Desci da mesa e fui até a sala vendo um tapete com símbolos diversos. Fui seguindo até um corredor que parecia ter um quarto no final

Olhei os quadros pendurados. Vi um Sero pequeno sorrindo banguela

— [nome]? — ouvi Sero chamar da cozinha. Continuei olhando o retrato até ele me achar — Ah aí está você, já peguei as coisas...— o vi parar vendo o que eu estava olhando

— Fofo — falei apontando para a foto e o vi sorrir minimamente. Andei até a cozinha com Sero me seguindo e me sentei na bancada o vendo se colocar entre minhas pernas e abrir a caixa de remédios. Ele passou um algodão encharcado em algo na minha bochecha e eu me retrai quando senti arder. Ouvi ele sussurrar um desculpa e continuar limpando os machucados

𝑾𝒆𝒔𝒕 𝑪𝒐𝒂𝒔𝒕-𝘏𝘢𝘯𝘵𝘢 𝘚𝘦𝘳𝘰Onde histórias criam vida. Descubra agora