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   ATHENA ANDOU por entre o local, a capa esvoaçante lhe cobria o rosto - esse ao qual ela havia ganhado uma bela cicatriz no olho direito -; Aemond andava mais a frente, como quem abria o caminho, o que de fato ele estava fazendo; a menina tinha os olhos curiosos por entre o local, era a primeira vez que ela passava um tempo no local, ou que, de fato, ia andando por entre a cidade.

   Aemond olhou para trás ao não sentir mais a presença de Athena, ele rolou os olhos  e deu dois grandes passos até a mais nova a puxando levemente para a mão, Athena o olhou assustada pelo contato repentino.

"- Não fique muito longe." _ Aemond a alertou.

   Os dois voltaram a andar, lado a lado, Athena ainda olhando ao redor, já Aemond prestava mais atenção na menor, algo que ele fazia para não perde-la de vista. 
 O corpo de Athena foi brutalmente esbarrado por um homem quase o dobro de sua altura, esse que nem pediu desculpas ou se quer olhou para ela, somente lhe esbarrou e, ao fechar a mão, Athena pode sentir que ele havia posto algo em sua mão.

"- Cuidado!" _ Aemond a puxou para mais perto, um pouco raivoso. "Está cheio de ladrões por aqui."

"- Desculpa." _ sussurrou, aquele era um habito que Athena não conseguia parar, todas as vezes - mesmo quando ela não tinha culpa de algo - ela acabava se desculpando, e, ela prometeu para si mesma parar de fazer isso.
   Quando Athena viu que Aemond tinha a atenção em outras coisas ao redor ela encarou o papel posto em sua mão, era uma letra em garranchos, um pedaço velho de um pergaminho, ela não conhecia aquela letra, ela com toda certeza saberia se conhece-se, mas ela conhecia aquele pedaço de papel, era o canto de um livro, um livro com páginas grossas, um que, no final, tinha a letra C em um quase desenho.

'Me encontre na árvore, hoje a noite'

  Era o que estava escrito no papel; Athena olhou curiosa para trás, em direção ao homem, esse que não estava mais ali, era como se tivesse sumido em uma das mil curvas do enorme mercado.

"- FRUTA DO DRAGÃO!" _ a voz de uma das muitas vendedoras de frutos e objetos, soou por cima da enorme batalha de vozes. "FRUTA DO DRAGÃO! FRESCA E DOCE. Casal... aceitam uma fruta do dragão?"

"- Isso não parece um dragão." _ Athena fez uma leve careta ao analisar o fruto.

   Aemond soltou uma leve risada ao ficar atrás da menor, ele adorava o modo como ela ainda era muito inocente para alguns assuntos.

"- Nos de uma." _ pôs o dinheiro na mesa, a mulher os deu uma das mais belas frutas, essa ao qual Aemond segurou em mãos. "Aqui!" _ falou tirando a faca da bainha e abrindo o fruto. "É chamada de fruto do dragão por sua aparência incomum."_ deu um pedaço para a jovem. "Experimente!"

    A textura era diferente de todas as frutas ao qual Athena já tinha provado antes, era um sabor doce, meio aguado, porém parecia lhe agradar o paladar.

"- Então?" _ Aemond sorriu enquanto colocava um pedaço do fruto na boca.

"- É boa!" _ sorriu. "Muito boa."

"- Sabia que ia gostar."

"- CHEGUEM MAIS PERTO!" _ o grito do homem soou pelo local. "VENHAM VER O DRAGÃI ABOMINÁVEL!"

"- O que é isso?" _ Athena olhou curiosa para a enorme multidão que se cercava no local.

"- É um teatro de rua." _ Aemond, que nunca saiu de trás dela, explicou. "Para contar histórias."

"- Que tipo de histórias?" _ sorriu, a menina amava histórias, as que Daemon contava eram sua favoritas.

"- Hoje é sobre a besta." _ uma das mulheres ao seu lado respondeu.

"- A besta?" _ Athena a encarou.

"- A que Daemon cria."

     O povo tinha mais confiança quando os nobres não sabiam o que eles faziam, Athena sabia de quem era a história, só havia uma besta ao qual Daemon tinha criado... ela.
  Aquilo no palco para todos verem era de uma piada infame, uma piada ao qual viu a garota ver como o povo a olhava, como um ser sem respeito, um monstro.

"- E COMO SE DA UM FIM EM BESTAS?" _ o homem que interpretava Daemon gritou, ele tinha um machado feito de madeira em mãos, enquanto a atriz que fazia Athena ria, ajoelhada no chão.

"- CORTEM A CABEÇA! CORTEM A CABEÇA!" _ o coro ao redor fez os olhos de Athena se arregalarem em pavor.

"- EU TE MATO BESTA!"

"- OH... NÃO!"

     O som estridente de madeira com madeira fez Athena se encolher de modo involuntário, Aemond a encarou.

"- Eu quero ir pra casa." _ a voz de Athena soou como um sussurro, lágrimas pinicando em seus olhos. "Por favor!"

   Aemond lhe abraçou pelos ombros e encarou o povo do teatro que ria, ele sorriu em direção aos mesmos e saiu do local, Athena mordia os lábios para conter as lágrimas.

[ ... ]

      A noite chegou e quando todos do castelo dormiam Athena se viu esgueirando-se para fora do quarto, os pés nus contra o concreto, ela não conhecia a letra, mas com toda certeza reconhecia aquele papel. Ela andou até a árvore que lhe foi dita no papel, só havia uma que era tão conhecida, assim que parou na divisão entre corredor e jardim ela pode ver a figura encapuzada, ela se aproximou lentamente.

"- Pensei que nunca mais iria te ver." _ falou, o riso do mesmo soou pelo local, com calma ele tirou o capuz.

"- Nossa jornada ainda não chegou ao fim, minha querida Athena." _ tirou algo da bolsa que sempre levava consigo, Athena sorriu ao ver o caderno que lhe foi dado por Ceix. "Acho que deixou algo cair."

"- Você é o velho mais louco de todos os tempos." _ riu pegando o caderno das mãos de Dan.

"- Pra te ver sorrir, vale a pena."

     Aemond observava toda a cena de longe, como um predador escondido nas sombras.





























BESTIAL; 13 dezembro 2022
votos e comentários são muito importantes para a continuação da história.
Hoje foi o pior dia da minha vida!
Será que tem como desviver por um tempo e depois voltar como se nada tivesse acontecido?

𝗕𝗘𝗦𝗧𝗜𝗔𝗟 ; daemon t.¹ ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora