Antes mesmo que a moça terminasse de falar, Myko desligou o celular e correu desesperadamente em direção ao hospital, derrubando todos que estivessem em seu caminho, como se estivesse correndo de um fantasma.
Ele corria, chorando e gritando:
─Saaaai! Saaaai! Saiam, por favor! ─ enquanto sinalizava com as mãos para que saíssem da sua frente. Nessa correria, já até havia perdido seus chinelos.
Só que, naquele mesmo momento, soaram disparos vindos da direção a qual ele corria. Uma multidão desesperada vinha correndo na contramão, e desta vez, as pessoas esbarraram nele, o derrubando várias vezes. Um caos se instalou no centro da cidade. Três do grupo dos terroristas fugitivos estavam confrontando o exército: Llock e Dodg, dois canalizadores com bazuca de alta periculosidade, e Anpula, uma mouro de força bruta. Definitivamente, não era aconselhável estar perto daquele confronto.
Myko havia parado em cima de uma fonte na principal, e olhava para todos os cantos, buscando uma nova rota para chegar o mais rápido ao hospital. Desde o telefonema ele só pensava na situação da avó, que estando em situação de emergência, poderia ser o responsável por salvar a vida da única parente viva, sendo ele um dos únicos doadores de sangue possíveis na ilha, devido ao tipo sanguíneo da família.
Não havia jeito. Seguir a principal era o caminho mais curto. Mas, se ele não chegasse vivo ao hospital, de nada adiantaria tanto esforço! Então, se escondeu em um beco, esperando a melhor hora para tentar atravessar aquele confronto agressivo, que contava com explosões, arremesso de veículos, mortes sangrentas que até aquele dia não tinha tido a experiência de presenciar. Viu conhecidos serem mortos bem perto de si.
Sempre que passava alguém perto do beco que se escondia, ele chamava, para que pudessem se salvar também. San Lágus's era uma ilha violenta e oprimida, mas aquele tipo de evento ainda não era comum ali, mas sim algo de capital. E, ao ver tudo aquilo, Myko se sentiu pequeno, com medo, e impotente, apesar de já ter ajudado algumas pessoas a poucos instantes. Estava perdido no seu pensamento, até que ouviu um grito familiar.
─Aaaah! ─Gritou chorando uma garota.
Era uma colega da classe que ele estudava. Estava caída no chão, com a perna sangrando embaixo de um veículo. Seus olhos grudaram nela. Só que, naquele momento, o medo controlava seu corpo, o instinto não deixava que ele se movesse ali. Seria moral e heróico ir ajudar a garota, mas havia tanto em jogo. Ela gritava:
─Eu não quero morrer! Alguém me ajuda! ─ e ainda gritando, ela vira o rosto para o beco em que Myko se esconde, o reconhece. Nela, a feição muda para uma leve esperança, erguendo o braço na sua direção como se dissesse "me segura, me ajuda. ", enquanto ele seguia com os olhos arregalados, dominado pelo medo de morrer, e de nunca mais poder ver sua vó. "Você está destinado a coisas grandes". Era o que pensava. Se morresse ali, não conseguiria cumprir a promessa que havia feito a Nice, nem sequer salvá-la. E seu avô... nunca o perdoaria por isso.
Os barulhos do confronto iam diminuindo, ao passo que mais soldados morriam. Finalmente, um deles apareceu para ajudar a garota, para o alívio de todos no beco que assistiam. Infelizmente, os dois são mortos pela explosão do veículo que foi atingido por disparo da bazuca de Dodg. Myko vomita ao ver aquilo. Se culpa pela morte da colega. O que poderia ter feito?
─A gente vai morrer! ─ Expressou uma das pessoas que estavam escondidas, e todos ali aceitaram o dito dentro de si.
Enquanto isso, os soldados seguiam num combate fervoroso com os terroristas, a cada vez em menor número devido à ferocidade dos mesmos. Ainda observando de longe o evento que poderia acabar com a cidade que crescera, ele vê um soldado ferido no chão, já sem energia para disparar sua arma, desesperado ao ver Anpula indo em sua direção com uma grande rocha para esmagar sua cabeça. Acabara de ver uma pessoa ser morta em meio a um confronto bárbaro , e não queria voltar a ver aquilo. Foi o começo para uma mudança.
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Diamorn: Continentes de Guerra.
Ficción GeneralMyko é um jovem colono que tem rancor contra o exército e os rúbís, causado pela opressão que fazem em sua colônia a séculos e por terem matado seu avô. Após uma tragédia com Nice, sua avó e última familiar, ele recebe uma oportunidade de salvá-la...