Na sala do trono, a rainha está sentada com uma barriga volumosa, enquanto asssina e lê alguns papéis políticos, aparentemente exausta e entediada.
O trono é grandioso e levemente dourado, centralizado no fundo da sala, e em volta, todos os objetos parecem valer mais que a própria cidadela, candelabros, taças e jóias, tudo em contraste com a própria rainha, que está usando apenas um simples vestido e presilhas em seus cabelos escuros e levemente emaranhado. A rainha ja teve dias melhores, mas no momento parece preenchida por dores e responsabilidades.
Ao longe, porém na mesma sala, reside grandes portões avermelhados com maçanetas douradas, parecem ser feito para gigantes, e ao lado, numa grande mesa redonda vazia, onde caberia cerca de 7 homens, ouve-se um cochicho dos conselheiros.
- Como pode um reino ser administrado por uma mulher?
Disse um homem esguio com o rosto fino e uma voz irritante
- Não chame a rainha de mulher! Quer perder a boca?
Respondeu-lhe, a segunda figura sentada.
O homem esguio solta uma pequena risada com a boca fechada e passa a mão nos poucos cabelos que lhe restam e continua a falar.- Não conseguiriam sequer me encostar um dedo, nem mesmo se eu cometesse um crime em praça pública
O homem barrigucho não pareceu convencido.
- Saiba que na primeira oportunidade, eu escolheria ficar vivo
- Parece que só tem inimigo nesse castelo
A grande porta é aberta com violência, todos se assuntam e pousam sua atenção na figura que adentra a sala. O mensageiro real aparece ofegante, caminhando rapidamente pelo tapete vermelho com bordas douradas em direção à rainha.
- Minha rainha! Tenho novidades sobre vosso rei!
Aura meio atrapalhada com a própria barriga e com dores, tenta se ajeitar poupando movimentos.
- Ora, pois diga logo! Não tenho condições para ansiedade, meu homem está bem?
- Melhor do que nunca! Ganhamos a batalha com pouquíssimas baixas
Em meio a dores e papeladas, Aura finalmente sente uma felicidade e tem dificuldades em esconder, deixando escapar uma lágrima
- Isso é ótimo! Ele chegará a tempo para comemorarmos a chegada do bebê!
- Minha senhora... Que os deuses me perdoem por dar uma notícia que não lhe agrada, mas não foram essas as ordens...
A rainha encolhe os ombros e seu sorriso emurchece
- c-como assim?
O mensageiro, mesmo com uma notícia ruim continua com seu jeito pimposo, retira seu chapéu com penas como pedido de desculpas, fazendo reluzir seus cachos dourados e pronuncia:
- EntreUm soldado sem a braçadeira direita, com o pulso enfaixado, entra na sala do trono. Os conselheiros fingem estar discutindo um assunto importante.
- Minha rainha
Disse o soldado, após caminhar pelo longo tapete e se ajoelhar. Tinha uma aparência nobre, cabelos e olhos escuros e um rosto jovem, parecia merecer um cargo mais alto ao qual pertencia.
- Vim a demanda de vosso rei Amids, ele solicitou reforços
- Como assim reforços?! Não tínhamos ganhado a batalha?
- Sim minha rainha, o rei solicitou reforços para dominar a cidadela residida na proximidade do terreno conquistado. Embora ele seja o rei, na ausência dele é a vossa senhoria que comanda o castelo.
A rainha enrubesceu de raiva
- POR ACASO ELE TEM NOÇÃO DE QUE ESTOU PRESTES A DAR A LUZ?! QUE ELE MORRA LÁ MAS NÃO SAIRÁ NENHUM SOLDADO DESSE CASTEL-
Sua frase é interrompida pelos próprios gemidos de dor, causado pelas pontadas na barriga.
A grande sala ecoa de silêncio enquanto os dois conselheiros prontamente correm para direção da rainha.- Minha rainha
Disse o homem enquanto se curvara
O olhar de dor se dissipa e se torna um olhar furioso que se encontram no esguio conselheiro.- Diga, Theo
Tentando esconder o medo, Theo, esguio e desengonçado prossegue
- Embora seja tola a decisão de vossa majestade, nós conhecemos ele o suficiente para saber que não voltará enquanto não conquistar a cidadela inimiga. E de certo modo, isso vai ser muito bom, ganharemos um grandíssimo terreno, escravos, cavalos e comida
Poderemos realizar um grande banquete na volta de nossa majestadeA rainha apenas encara Theo com fevor
- saia.
-m-mas-
-SAIA!
O esguio e o rechonchudo saem às pressas da grande sala.
Após um doloroso silêncio, o soldado se ergue e questiona- Quais são as ordens, rainha?
- Saia
- Com sua licença
O soldado afirma com a cabeça e se retira. Aura desaba em seu trono, abalada, e redireciona suas palavras ao mensageiro.
- Ele está certo
Disse a rainha.
- Odeio as decisões daquele imbecil orgulhoso mas ainda amo ele, infelizmente. E não quero meu rei morra.- Não sou conselheiro, mas creio que nunca estará errada por amar demais.
A rainha sorriu em meio as dores
- Quais são as ordens, vossa graça?
Perguntou o mensageiro, enquanto colocava seu chapéu com pena.
Aura se remexe na cadeira, começando a suar e respirar fundo- Hermus, embora você seja apenas o mensageiro, é a pessoa do castelo ao qual mais confio, peça para enviar a metade dos homens que temos, não quero ficar vulnerável.
A dor da rainha parece agravar mais
- Vossa graça? Está tudo bem?
- Chame as parteiras!

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A Monarquia
FantasiEssa é a história, mito ou lenda do grande rei Amids, o Cobiço, suas primeiras conquistas e derrotas, sua queda ou talvez ascensão, conquistando um grande reino e uma família em um reino sombrio e medieval. Este conto diz como foi a violenta criação...