Primeiro capítulo - O espírito guiador

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A vida é uma verdadeira aventura, algumas pessoas entram nela já sabendo que está por vir, alguns descobrem pelo caminho e outros percebem só quando ela já acabou ou até mesmo morrem sem jamais ter descoberto. Eu não sei em qual delas acabaria ficando no final e não sei se queria saber, pois não sabia o que a vida tinha reservado para mim.

— Acho que aqui está bom para acamparmos. — disse minha mãe largando sua mochila e pedido a que está com meu pai para montar barraca. Ele a tira de suas costas e coloca no chão pronto para ajudar minha mãe, mas ela se opõe como todas às vezes — Querido, eu já disse que a barraca é minha tarefa e a sua é a lenha para fogueira.

— Sabe que não gosto que faça as coisas sozinha, além disso, é uma forma de ficar perto de você. — Minha mãe ri e se aproxima dele pegando a mochila.

— Boa tentativa querido, mas se esqueceu de uma coisinha. Johnny não está aqui para ajudar Emma dessa vez e mesmo que eu saiba que ela é completamente capaz disso sozinha, já está anoitecendo e precisamos acender a fogueira. — Meu pai ri do argumento dela e após beijá-la vem em minha direção

— Parece que perdi de novo, né Emma? — Estava pronta para respondê-lo quando minha mãe fez isso por mim.

— São raras as que perco querido — Caímos na risada. Era verdade, minha mãe raramente perdia, sempre tinha bons argumentos.

Com as mochilas nas costas entrei na floresta indo para um lado e meu pai pelo outro. Procuro por ela qualquer pedaço de madeira que consigo carregar e vou colocando em um só lugar para levar depois. Terminado de coletar tudo, aproveito que estou sozinha antes de voltar e fecho os olhos para escutar melhor os animais, respiro sentindo a brisa do lugar, como adoro essa sensação.

Então ela muda, sinto uma energia no ambiente, o vento forte nas folhas das árvores e nos arbustos ao meu redor levam-me a lembrar do meu estranho dom de ver espíritos. Olho ao redor a procura dela, é quando vejo, de atrás de uma das árvores, um garoto aparece. Ele vem em minha direção, sua forma transparente recebendo a luz do pôr do sol, sob ela percebo que ele aparenta ter mais de dezesseis anos. Seu cabelo, que um dia foi loiro, caindo sobre os olhos. Suas vestimentas diferem, pelo que parece ser, do pescoço a cintura está uma túnica clara de manga comprida, que ia até um pouco acima dos joelhos com um tipo de colete de pele marrom por cima e um cordão de couro na cintura, calças verdes musgo com alguns rasgos no joelho esquerdo e ele está descalço.

O menino faz um gesto com as mãos para eu segui-lo. Acho muito esquisito o fato de nunca me preocupar com essas situações, vejo espíritos desde pequenininha e nunca nenhum deles chegou a fazer algo para prejudicar-me. Muitos, quando percebem que posso vê-los, vem a mim, pedir ajuda.

— Onde você quer me levar? — Ele não fala nada. Como todos os outros, ele se comunica por gestos. Somente uma única vez um espírito falou comigo, além de ter sido minha primeira vez vendo um, foi a minha avó com quem falei.

Novamente ele faz o gesto, então decido segui-lo. Depois de alguns minutos seguindo o garoto percebo que não faço ideia de onde estou, mas já é tarde demais para voltar a traz, pois, não saberia qual caminho seguir. Continuo andando até que ele para, observo o lugar atentamente, na minha frente há uma clareira e todas as árvores ao redor formam um círculo perfeito.

— Que lugar é este? — pergunto indo para o meio da clareira.

Então olho ao redor e percebo que todas as árvores têm um cogumelo vermelho apontando para a mesma direção, na mira delas duas árvores quase grudadas são as únicas que não tem cogumelos, quando me aproximo olho de relance para o garoto que me incentiva a seguir e depois desaparece, eu poderia dar meia volta e ir embora, mas sou muito curiosa, por isso, sigo adiante e logo deparo-me com um buraco que parece levar a uma caverna, de novo minha curiosidade vence e pego minha lanterna da mochila para entrar na caverna. Começo a olhá-la e vejo várias estalactites e estalagmite, sigo mais adentro, pergunto-me por que aquele espírito me trouce até aqui?

Emma Brook - A Biblioteca EncantadaOnde histórias criam vida. Descubra agora