Oitavo Capítulo - Poderes

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Para a minha infelicidade, estou te ouvindo. — Ouso sua voz na minha cabeça. Ela é seca e grossa. — Sei o que você quer saber, antão vamos logo com isso para acabar rápido. — Ele diz friamente. Não sabia que um livro podia ser tem rude. — A cor que reflete seu poder é anil e você terá que usar seus poderes para a pedra aparecer. E para deixar claro e você não ter que me perguntar, pode me chamar de Ello.

Após responder minha dúvida, o livro volta a ficar em silêncio, o que me deixa de certa forma tranquila, já que a forma que ele falava comigo estava me incomodando. Afinal, qual era o motivo de ser rude comigo quando não fiz nada? Mas o bom é que ele já me tranquilizou ao quanto a forma como chamo ele.

— Ótimo, além de precisar de uma pedra para controlar meus poderes, terei que usa-los para a tal pedra aparecer. — Me viro de lado para Hector. — Tem mais alguma coisa que eu deveria saber?

— Sim. São cinco pedras e elas não aparecem na biblioteca, você só vai encontrá-las no seu mundo ou no meu. — Bufo me encostando no sofá.

— Então, vou ter que usar meu poder fora da biblioteca para as pedras aparecerem. E por falar nele, o que eu posso fazer? Ficar invisível!

— Aparentemente, sim!

Essas coisas acontecendo me faz perguntar. Sara que eu não poderia ser normal? Uma garota de quinze anos preocupada somente em tirar boas notas na escola e escolher uma profissão. Era tão difícil tentar levar a vida normalmente?

Certo, uma pequena parte de mim até que gostou da possibilidade de ficar invisível quando quiser, mas o quando quiser vai exigir treino primeiro e isso me impede de fazer algo normal, porque levarei um tempo precioso para aprender. Olho para minhas mãos que ainda estão invisíveis e tento controlar para voltar ao normal, porém nada acontece e isso me frustra.

— Isso leva tempo. — Ele tenta consolar pela minha falha tentativa.

— Acontece que não tenho tempo. Tenho que voltar para o colégio e isso não vai dar se eu ficar desaparecendo e aparecendo do nada na frente de todo mundo. E a pedra que pode me ajudar, só aparece quando usar meu poder fora daqui, mas usá-lo fora daqui, só quando estiver sobre controle, o que só vai acontecer se eu treinar e treinar leva tempo. É um ciclo. — Dou um longo suspiro. — Como vou fazer isso?

— Simples. Levanta e começa a praticar! — Ele se levanta do sofá e pede que faço o mesmo — Você tem uma noite inteira para treinar. Vamos!

Me levanto e me afasto do sofá, ficando em frente ao altar. Hector atravessa o sofá e fica na minha frente.

— Vamos começar com algo básico. Levante suas mãos e se concentre nos seus dedos. — Coloco minhas mãos em frente ao rosto e espero mais instruções. — Feche os olhos e calmamente imagine sua pele aparecendo vivamente bem devagar, mas só seus dedos.

Com os olhos fechados, imagino lentamente meus dedos voltando como se eles lentamente fossem parecendo. Da ponta da unha até a pele se formando.

— Vamos lá, você consegue. — Ouso ele incentivando baixinho. E sinto um formigamento nos meus dedos — Isso! — Ele exalta e assim que escuto abro meus olhos e vejo meus dedos de volta, porém não dura muito e eles voltam a desaparecer. Bufo insatisfeita com minha pequena vitória. — Vamos! Tenta de novo! — Ele pede. Fecho meus olhos novamente e me concentro em meus dedos.

Ficamos horas treinando e nem fazia ideia que horas eram, até que decidimos fazer uma pausa. Então, decidir usar de meu pequeno tempo para olhar o lado de fora, caminhei até a porta e abri.

Se ainda não acreditava em magia, essa descrença acabou no momento que meus olhos se deparam com a beleza da natureza. Várias árvores estavam pelo local e tanto suas folhas verdes, quanto as plantas, como cogumelos e flores no chão, estavam incandescentes iluminando o caminho com suas cores.

Emma Brook - A Biblioteca EncantadaOnde histórias criam vida. Descubra agora