Me viro para olha-lo, seu rosto parece petrificado e em estado de pânico com o que está vendo. Vou na direção dele calmamente, tomando cuidado, porque parece que a qualquer momento ele vai ter um surto.
— Johnny?! A quanto tempo você está aí? — Pergunto já me preparando para dar uma explicação. — Por que não perguntou se podia entrar?
— Perguntei, mas você não respondeu e como estava vendo uma luz estranha vinda de debaixo da sua porta, resolvi entrar. — Percebo que ele olha para o que tem atrás de mim — O que é aquilo? E quero a verdade. — Droga, como vou contar algo que nem mesmo sei o que é?
— Não sei o que é isso atrás de mim. Acabou de aparecer no meu quarto. — Ele me olha, sei que está analisando minhas palavras.
— E como apareceu? O que eram aquelas luzes no quarto? — Por que não posso simplesmente fazê-lo esquecer o que viu?
— Você não vai acreditar se eu disser. — Digo. — Nem mesmo eu acredito.
— Tenta. Me explica como tudo começou. — Como vou explicar sem falar do espírito? Johnny é umas das pessoas que mais confio no mundo, mas como contar isso? Sei que ele merece a verdade, então não vou tentar enganá-lo.
— Promete me ouvir e apenas ouvir? Sem interromper nenhuma vez? — Ele afirma com a cabeça, então indico que ele se sente para ouvir a história.
Vou até minha cama e me sento olhando para ele. Começo a contar tudo, desde ver espíritos quando pequena, quantos os incidentes que aconteceram, na floresta, no colégio e no meu quarto. Ele me ouve atentamente e como pedido não me interrompe em nenhum momento. Várias vezes percebi que queria falar, mas mudava de ideia na hora.
No momento que disse que poderia ver espíritos, ele ficou espantado, mas percebi que buscou entender, mesmo não tendo um sentido. Quando terminei de contar, ele me olhou, sabia que estava pensando em qual pergunta faria primeiro.
— Desde... Como foi a primeira vez que você viu um espírito? — Fico espantada que essa seja sua primeira pergunta, pensei que fosse perguntar sobre o livro.
— Foi com a vovó. — Comecei. — Ela apareceu para mim numa noite. Fiquei com medo no início, mas ela me acalmou. Eu tinha três anos. Ela me explicou o que estava acontecendo e que não seria a primeira vez.
— Mas você disse que não consegue ouvir o que eles falam. Como ouviu a vovó?
— De verdade, não consigo ouvi-los, mas talvez quando era pequena era mais fácil? Realmente não sei. — Não sei dizer o porquê de não conseguir falar com eles. Quando falei pela primeira vez com minha avó, foi natural. Como se estivesse em uma conversa com alguém que conhecia há anos. O que é totalmente contrário, já que minha vó morreu antes mesmo de eu nascer.
— E como era a vovó? O que ela falou?
— Ela era jovem, devia ter menos de trinta anos. — Lembro da cena como se estivesse há vendo agora. — Cabelos loiros e olhos castanhos. Vestia um conjunto de calças e camiseta verde-claro. Seus cabelos estavam soltos e chegavam até o ombro, seu rosto estava magro e muito cansado. Prova, de que sofreu nas mãos daquelas pessoas. Mas para mim, ela só, sorria.
— Você... á viu recentemente? — Ele pergunta receoso.
— Não. — Penso no que ela disse antes de desaparecer. — Ela disse que eu só a veria de novo se estivesse em uma situação muito ruim e desejou que não chegasse a isso. Ela disse que apareceu para mim, porque queria me ajudar, no dia eu não entendi, mas depois de alguns anos fez sentido. Ela falou que as pessoas que a raptaram não iam descansar até achar o papai e nos achar. Falou para tomarmos o máximo de cuidados.
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Emma Brook - A Biblioteca Encantada
FantasyEmma é uma garota anormal e assim como sua família, ela possui um dom que carrega no sangue, herdado de seu pai. Mas esse dom não é o único que ela possui, com a habilidade de ver os mortos desde pequena, ela tenta seguir a vida como sua família. Em...