Decimo Capítulo - Desenhos

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Os últimos dias têm sido tranquilos. Após treinar bastante em casa, finalmente estava tendo mais controle sobre meu poder e já tinha evoluído para deixar meus braços e pernas invisíveis.

O lado ruim, é que até agora as pedras nãos apareceram, mas não é que eu esteja preocupada, afinal podia me controlar. No domingo, basicamente fiquei no meu quarto treinando, enquanto o Johnny procura pelas pedras no nosso quintal. Algumas vezes fui interrompida pelo Denial que queria falar comigo sobre nosso dom de ver os mortos.

Por várias vezes ele quis conversar sobre como conseguiu seu dom ou como eu consegui. No final não chegamos a nenhuma conclusão, afinal não sabíamos como tínhamos possuído tal habilidade, aliás podiam ter apenas nascido assim.

Ele se sentiu bem à vontade para falar comigo sobre, conclui que é porque assim como ele, posso ver os mortos e isso talvez faça ele se sentir menos estranho, já que eu mesma tinha esse pensamento e saber que outra pessoa podia ver, me deixava mais calma perante as diferenças.

Assim como eu, Johnny percebia que Denial falava bastante comigo. Mesmo estando por perto nas nossas conversas, Denial dificilmente dirigia uma palavra ao Johnny, sempre era eu que o inseria na conversa, mas ele não se importou com essa falta de atenção do Denial, na verdade, ele só observava enquanto falávamos e de vez em quando soltava umas risadas.

Era divertido conversar com o Denial e com o Erick, eles falaram um pouco do passado deles, contando como era as coisas quando Erick estava vivo, mas em nenhum momento um deles abordou como ele morreu.

Erick era divertido e espontâneo, muitas vezes percebi que ele falava a primeira coisa que vinha a cabeça. Ele é sincero, é um ótimo companheiro. Depois que Denial descobriu que eu podia ver o Erick, os dois andavam juntos para todo o lado.

O que seria diferente caso eu não soubesse, já que Denial pedia para Erick ficar a maior parte do tempo no quarto, onde eles poderiam conversar sem ninguém estranhar que ele estivesse falando sozinho.

Outra coisa que aconteceu nesse meio tempo, é que o pássaro trovão saia da biblioteca de vez em quando para comer, mas sempre voltava. O tempo todo ficava perto de mim ou do Johnny, seja no nosso ombro ou num móvel perto. O que me aliviou foi que em nenhum momento ele usou suas capacidades para nos fazer algo e nunca fazia cocô dentro da biblioteca.

Hector estranhou bastante o comportamento do pássaro, às vezes me alertava para não fazer nada que pudesse incomodá-lo, mas não estava mais agindo como antes. Algumas vezes até se aproximava do pássaro e ficava olhando para ele, o que não vou dizer que não faria, afinal, o pássaro trovão era lindo.

— O que será que tem de comida hoje? — Pergunta Fernanda, chamando minha atenção. Estávamos a caminho do refeitório para almoçar.

— Não sei. Você viu o Arthur? — Lembro que ele ainda não tinha aparecido para se encontrar conosco.

— Ele foi na biblioteca entregar um livro, daqui a pouco está aqui.

Entramos na fila para pegar o almoço, o lugar estava começando a encher, já que os alunos estavam voltando das aulas. Peguei uma bandeja para mim, colocando um pouco de tudo para comer, estava com fome, porque me levantei cedo para ir à biblioteca treinar antes das aulas.

Depois que as bandejas estavam cheias com estrogonofe e salada, saímos a procura de uma mesa vazia. Encontramos uma desocupada perto da árvore e nos sentamos.

— Sabe, Emma. — Começa Hector. — As comidas que seu mundo faz são estranhas e atrativas. O que é isso? — Ele aponta pro meu prato.

— Esse estrogonofe parece estar com a cara muito boa. — Respondo sua pergunta de uma maneira que não pareça estranho.

Emma Brook - A Biblioteca EncantadaOnde histórias criam vida. Descubra agora