Quinto Capítulo - A Voz na Cabeça

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Após levantar cedo e tomar café, volto pro colégio. Avisei Fernanda que estava voltando e ela me disse que esperaria com Arthur no pátio da entrada.

Assim que os portões se abrem, Johnny entra com o carro. O lugar está repleto de alunos conversando, muito mais que dá última vez. Percebo Fernanda e Arthur sentados na sombra de uma árvore bem grande, pelo que vejo da Fernanda gesticulando com as mãos, a conversa deve estar muito boa.

Meu irmão para o carro em frente a escada e está prestes a sair quando seguro seu braço.

— Espera. — Digo abruptamente.

— O que aconteceu? — Ele questiona confuso.

— As pessoas vão te reconhecer se sair do carro.

— E qual o problema disso?

— Todo mundo vai aprestar atenção em nós. — Falo. — Assim que você sair por essa porta vai começar os cochichos e sinceramente não quero isso.

— Você tem vergonha de mim? — Ele tenta não demonstrar, mas percebo que está chateado.

— Não tenho vergonha de você Johnny. Só não quero dar mais um motivo para as pessoas falarem. — Relembro nos murmúrios. — Semana passada fiquei ouvindo o que eles falavam. "De quem ela e filha?" "Nossa ela deve vir de uma família rica, para ter entrado no meio do ano." "Quem é ela?" Quanto de dinheiro foi usado para ela entra?" E muitas outras perguntas.

— As pessoas gostam de se meter na vida dos outros, Emma. Isso é um fato do mundo. E você tem que intender que faz parte de uma das famílias mais conhecidas do país e até do mundo, uma hora você vai ser mostrada. Papai tenta nos esconder das mídias, porém, temos que ter em mente que nada é para sempre, em algum momento a verdade vem à tona. E apesar de não gostar muito, você vai ter que se acostumar com essa atenção.

— Sei de tudo isso que está me falando Johnny. Mas não gosto desta atenção e se eu puder, mesmo que seja por um pouco mais de tempo, vou me manter invisível aos olhos dos outros.

— Tudo bem. Se você quer continuar assim. — Olhamos pela janela o pátio na nossa frente e ninguém parece estar interessado em nós, reparo na Fernanda e o Arthur vindo na nossa direção. — Vou abrir o porta-malas para você. — Agradeço a ele e saio do carro.

Do lado de fora, Fernanda e Arthur apertão o passo até mim. O porta-malas se abre e vou até ele pegar minha mala.

— Espera, eu te ajudo. — Arthur aparece do meu lado e me ajuda a tirar minhas coisas do carro.

— Obrigada! E aí, como foi o final de semana de vocês? — Fecho o porta-malas e o Johnny liga o carro indo em bora na mesma hora.

— Foi uma chatice — Fala Fernanda — Quero dizer, sábado até que foi legal. Tivemos o ensaio no auditório, o que levou boa parte do dia. Demos boas gargalhadas também, o Nicolas não parava de fazer piadas, o que deixou a professora uma fera com ele. — Ela riu contando, as lembranças deviam estar invadindo seus pensamentos. — Ela está muito nervosa pela apresentação, toda vez que alguém errava uma coisa, mesmo que seja mínima, ela parava tudo e começava a falar como aquilo era importante e que não podíamos cometer nenhum erro. Ela repetiu e mesma frase por horas durante o dia todo, fiquei até cansada de ouvi-la e...

— Cansada, como nós estamos? — Arthur a interrompe — Você não para de falar. — Fernanda dá um soco no braço dele — Aí! Precisava disso!? — Ele faz uma careta de dor em quanto esfrega o local atingido com a mão.

— Sim! — Ela responde seria e ele levanta as mãos em rendição. Acabo rindo com os dois me olhando. — Que bom que está se divertindo.

— Desculpa! É muito legal a forma como vocês agem juntos. — Os dois se olham e dão de ombros. — Vamos entrar? Tenho que colocar minha mala no meu quarto. — Eles assentem e caminhamos em direção ao prédio.

Emma Brook - A Biblioteca EncantadaOnde histórias criam vida. Descubra agora